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A irrelevância do CREA para os técnicos em manutenção


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A irrelevância do CREA para os técnicos em manutenção

Muita gente comenta que a profissão de técnico em manutenção deveria ser regulamentada, e que deveríamos ter um conselho regional, para evitar a prostituição generalizada que se tornou a profissão. Porém, o que a maioria desconhece é que essa profissão não só é regulamentada como existe conselho de classe: o sistema CREA/CONFEA.

Por lei, no Brasil, todas as profissões relacionadas às áreas de elétrica e eletrônica, o que inclui aí técnicos de manutenção de computadores, são da alçada do sistema CREA/CONFEA. Ou seja, profissões relacionadas a “hardware” são responsabilidade do CREA/CONFEA. Inclusive, há 14 anos, eu publiquei uma série de editoriais sobre a (suposta) importância do CREA para os técnicos em manutenção. Também falei sobre o projeto de lei que criaria um conselho federal e regional de informática, o qual nunca saiu do papel (este conselho regional seria para profissionais relacionados a “software” ou tecnologia da informação, tais como analistas, programadores, desenvolvedores, etc.).

Na minha inocência da época, eu achava que um órgão de classe melhoraria nosso mercado de trabalho, separando os técnicos “de verdade” dos “curiosos” (os famosos “sobrinhos” e “primos” da vida). Minha ideia era que o registro de classe seria dado àqueles que frequentaram um curso certificado ou então passassem em uma prova. Com isso, o órgão impediria que pessoas sem o registro profissional trabalhassem e, ainda, fiscalizaria o mercado multando aqueles sem registro por exercício ilegal da profissão. E o consumidor teria um local para denunciar técnicos antiéticos ou que trabalham ilegalmente. Com isso, no longo prazo, evitaríamos a prostituição do mercado. Na época, inclusive, o diretor de comunicação do CREA-RJ me ligou parabenizando pelos editoriais e concordando com as minhas ideias e críticas construtivas.

Só que eu me esqueci de um pequeno detalhe: estamos no Brasil.

O que o CREA/CONFEA já fez até hoje pelo o nosso mercado? Nada. Absolutamente nada. A única coisa que eles sabem fazer é arrecadar anuidade  e gastá-las com sabe-se lá o que. E o mercado está cada vez mais prostituído.

Qualquer um pode se chamar de técnico, pois apesar de teoricamente haver necessidade de registro profissional para a pessoa poder trabalhar na área, na prática não há qualquer fiscalização ou qualquer divulgação sobre a necessidade de um registro profissional.

A cereja no bolo é que o CREA só investiga pessoas por exercício ilegal da profissão se houver alguma denúncia formal. Chega a ser cômico como no Brasil é tudo invertido: o conselho de classe passa para a população a tarefa que deveria ser sua (fiscalização).

Eu gostaria de deixar aqui o meu testemunho pessoal.

Eu tive meu registro no CREA como técnico em eletrônica de 1993 a 2007, portanto por 14 anos. Eu o cancelei quando me mudei para os Estados Unidos, pois, afinal, não precisaria mais do registro. Nesses 14 anos em que tive o meu registro no CREA, eles não fizeram absolutamente nada por mim ou por nossa classe. Minto. Cobraram anuidade e trocaram o modelo da carteira de identidade profissional por um com validade de cinco anos (o modelo anterior não tinha validade). Assim, se você parasse de pagar a anuidade, sua carteira em algum momento expiraria.

Além de não fazer nada por nós, o CREA do Rio de Janeiro ainda resolveu jogar duro com o Clube do Hardware. Quando eu comecei o Clube do Hardware, em 1996, ainda trabalhava com manutenção de computadores. Sendo assim, esta atividade constava no contrato social da empresa e, portanto, a empresa precisava do registro no CREA e eu assinava como responsável técnico. Inclusive a Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, pelo menos na época, não emitia alvará sem esse registro e sem um responsável técnico.

Em 2011, em uma alteração contratual da nossa empresa, resolvemos remover a atividade de manutenção de computadores. Afinal, não atuamos mais nessa área e poderíamos pedir baixa do CREA para que a nossa empresa parasse de pagar anuidade, de forma a economizarmos cerca de R$ 300 por ano.

Demos entrada com o pedido de baixa e ele foi negado. De acordo com o CREA, não poderíamos dar baixa em nosso registro porque nossa atividade seria regulamentada por eles. O que simplesmente não é o caso. E mesmo que fosse, é direito nosso se quisermos nos desvincular do CREA. Recorremos e o nosso pedido foi negado novamente. Você pode ler aqui a decisão do CREA e ver como eles são completamente desinformados e arbitrários (implicaram com a atividade de “produção sonora”, que tivemos que colocar no contrato social por conta dos podcasts que gravamos).

Com isso, tivemos de recorrer ao CONFEA, que não só votou a nosso favor, como ainda ficou claramente irritado com a postura do CREA-RJ, que estava agindo de forma claramente ilegal ao indeferir nosso pedido de baixa. Você pode ler a decisão do CONFEA ao nosso favor na íntegra aqui. Cópia dessa decisão pode ser livremente usada por todas as empresas na mesma situação, isto é, o CREA negando-se a aceitar o pedido de baixa da empresa. Esperamos, dessa forma, estarmos ajudando empresas na mesma situação.

Nessa brincadeira, foram dois anos perdidos, sendo que tivemos de pagar as anuidades entre o pedido de baixa e a decisão do CONFEA.

Em resumo, aparentemente o único objetivo do CREA é arracadar anuidades para sustentar sabe-se lá o que. E o mercado que se exploda.

  • Obrigado 1

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Comentários de usuários

Respostas recomendadas



  • Administrador

@GirafaFeroz

É exatamente isso. Por causa do alto custo de importação no Brasil, um computador popular em geral é ruim. Nos EUA, um computador popular é barato e não chega a ser um "lixo total". Sem contar essas picaretagens que você menciona, nos EUA dá cadeia. E o pessoal é preso. Aliás, os EUA são o país onde mais se prende. Mas isso aí já é papo para um chopinho.

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por enquanto, com muitissima honra deixei este ano de pagar essa propina ao CREA e claro com certeza até que este orgão demonstre alguma justificativa pela qual eu deveria continuar pagando-lhe anualmente , eu não vou mais gastar dinheiro ,chega a palhaçada que foi fazer o cadastro e esperar a carteira do CREA , como se fosse uma grande conquista, nunca me serviu para nada.

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  • Membro VIP

Não se pode dizer que o CREA nada faz pelos técnicos. Ele faz sim... RESTRIÇÕES.

 

De fato, o CREA é tão irrelevante que muitos leigos que atuam irregularmente na área de manutenção, especialmente de equipamentos de informática, juram de pés juntos que nada é regulamentado e, pasmem-se, exigem a regulamentação da profissão!

 

Atualmente parece haver um grupo de trabalho no Ministério do Trabalho estudando uma proposta de desvincular os técnicos industriais do CREA, colocando-os em um conselho próprio. Isso poderia ser bom se não fosse no Brasil, onde não há garantias de que o novo conselho não se transformará em mais uma autarquia restritiva, burocrática e cobradora de anuidades, além de um cabide de empregos. 

 

Referência:

 

sintargs.com.br/noticias2014/002.html

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Gabriel, infelizmente isso não acontece só no Rio de Janeiro não, no estado de São Paulo o descaso do CREA é o mesmo, eles só sabem cobrar a anuidade.

Um fato ocorrido que me incomodou demais, foi que anos atras ao conversar com o diretor regional sobre a cobrança da anuidade, pois não via atuação do CREA na fiscalização das "assistencia técinicas" existentes na minha região, a resposta "medíocre" que recebi era de que eu deveria identificar as tais "assistencias" e fazer uma denuncia formal ao CREA para que fosse investigado.

Ou seja, alem de eu possuir o CREA, estar devidamente legalizado, eu tambem teria que ser "fiscal" do CREA? Então para que pagar a anuidade se não existe nenhuma vantagem em ter tal registro, pois ter ou não ter registro no CREA, não me traz benificio algum, ao contrário, como você mesmo relatou, cobram a anuidade para que? Onde vai este dinheiro? Qual a vantagem de ter um registro legal, se todos os "primos" ou "sobrinhos" ( como você se referiu ) tomam nosso lugar que tería-mos por direito?

Estou cansado de "fuçadores de fins de semana"  tomarem meu direito de trabalho, sendo que em sua grande maioria (infelizmente) só conhecem informática de montar um micro, sem sequer saber fazer uma formatação descente ou um trabalho de manutenção correto, onde muitas vezes vi (relatado por clientes e alguns conhecidos) técnicos trocando peças boas sem nescessidade ou mesmo por peças inferiores, o que demonstra total despreparo destes "técnicos", pois muitos nem sabem identificar problemas de configuração.

Devido a estes argumentos que tenho "ENGASGADO" a anos, não vi finalidade mais em pagar a anuidade do CREA.

 

Fica ai registrada a minha indignação e solidariedade contigo e o Clube do Hardware, que acompanho desde o primeiro boletim.

 

Homero

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A ineficiência de um órgão público é sempre revoltante, mas tratá-lo, mais uma vez, com essa euforia pessimista e essa revolta apática de ficar proferindo jargões como "esse país não tem jeito", "mas aqui é Brasil", se fosse em outro lugar daria certo", não parece ter ajudado muito até agora.

 

Outra coisa que me incomoda bastante são os "segregacionistas de canudo", que nesse momento reclamam de um órgão regulador mas são incapazes de questionar a relevância de seus diplomas. Particularmente, me preocupo muito mais com entidades de ensino incompetentes distribuindo carteirinhas de "técnico de informática" do que a capacidade de um profissional autodidata. Ao contrário de muitas profissões, o conhecimento necessário para essa é bastante acessível a quem por ele se interessa. E, pessoalmente, já vi e conheci ótimos e péssimos técnicos dos dois lados dessa moeda. 

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Bom dia,Amigos!

 

Concordo.O pior é que muitos se valem do Registro para se mostrar competente,o que não tem nada a ver.

 

Temos que buscar algum político que,apoie nossa causa.

 

Forte abraço,

 

CARLOSpost-719857-0-60430100-1397045667_thumb.

 

 


Manutenção de computadores. Seria bem mais seguro para os clientes se os profissionais dessa área fossem cadastrados em algum órgão regulador, no caso o CREA. Ver esta questão somente pela ótica do profissional de informática pode fazer com que a segurança do cliente seja esquecida.

 

Vamos imaginar o seguinte: Maria não consegue dar "boot" em seu notebook. Procura um técnico que anuncia em jornal ou internet e o chama para consertar o notebook. Chegando lá o técnico ao ligar o notebook carregando o S.O em modo de segurança (lembrem-se, é uma hipótese) consegue entrar no ambiente Windows e descobre algumas fotos da Maria em uma situação um tanto íntima. O técnico pede um copo de água para Maria e enquanto ela vai à cozinha ele copia as fotos em um pendrive. No dia seguinte as fotos aparecem na internet e Maria não tem mais como identificar o técnico.

 

Se o técnico estivesse regularmente inscrito no CREA ou em qualquer outra entidade de regulamentação de classe, através de seu nome ou número de inscrição Maria poderia tentar localizá-lo, coisa que não poderá fazer diante de um mero e desconhecido técnico que anuncia seus serviços de forma quase anônima.

 

O que vale para a Maria também vale para a lista de clientes da empresa "X" sorrateiramente surrupiada por algum técnico mal-intencionado e vendida como mailing list no mercado.

 

Desse modo tanto a pessoa física quanto jurídica estariam mais protegidas se atendidas por profissionais habilitados e registrados no respectivo Conselho.

 

Então do ponto de vista do cliente a regulamentação da profissão de técnico (manutenção de hardware) se mostra bastante indicada.

 

Lembro que a desídia em promover os inscritos não é prerrogativa somente do CREA como entidade regulamentadora e fiscalizadora de classe. Outros Conselhos bem mais famosos e que cobram mais de 600,00 reais por ano de anuidade também pouco fazem pelos inscritos, a não ser mandar um jornalzinho de vez em quando, a assinatura mais cara e inútil de suas vidas!  :lol:

 

Bom dia!

 

O ideal seria haver um cadastro na Prefeitura,já que estamos falando de prestação de serviço.

 

Abraço,

 

CARLOS

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Não somente para técnicos, para engenheiros também não presta. O lixo do CREA só sabe arrecadar anuidade.

O sindicato dos engenheiros é outra M* que não faz nada! :angry:

 

 

Obs: sou engenheiro de materiais e hobista de informática e eletrônica ^_^

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  • Administrador

Isso é algo que eu não entendo. Porque no Brasil conselhos de classe e sindicatos são obrigatórios? Não vivemos mais na Revolução Industrial...

 

Nos países desenvolvidos, eles são opcionais. Assim eles têm o estímulo necessário para "mostrar serviço". Sendo obrigatório, se eles não trabalham recebem dinheiro do mesmo jeito...

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Eu faço Engenharia de Sistemas (qualquer tipo de sistema, não apenas de informática), e em uma aula de Engenharia de Software a professora levantou a questão a respeito dos Conselhos Regionais (Conselho Regional não é Sindicato). O que ela disse é que Conselho Regional não serve para proteger o profissional, o objetivo deles seriam proteger a sociedade de maus atos, ou trabalhos abaixo do esperado colocando em riscos seus usuários. Com isso ela questionou a necessidade de CR para a área de informática, pois seria apenas mais uma burocracia. Outras profissões precisam realmente de CR pois o profissional que cometer uma falha grave desse ser impedido de continuar trabalhando vide um Médico ou Engenheiro Civil. 

 

Sabermos o objetivo dos órgãos nos ajudam a saber o que esperar deles e não criar ilusões de que ele vai mudar algo que você ache que está errado.

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  • Administrador

@paulomec o problema é que os conselhos regionais, em particular o CREA, não desempenham bem esse papel. Basta ler os diversos testemunhos postados nesse tópico de comentários. Eles não fiscalizam e só entram em ação depois que a "m" acontece ou se o cidadão fizer uma denúncia. Eles invertem tudo, passando a fazer com que o cidadão é que tenha que desempenhar o papel de fiscalizador. Isto está errado.

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O Conselho dos corretores de imóveis é assim também... Na verdade Sindicatos e conselhos, só servem para arrecar dinheiro... Essa é minha opinião...

Eu só faço manutenção em computadores dos meus amigos... Já que tem nego fazendo manutenção por 10 reais e fiado ainda por cima... Na verdade conheço um que faz manutenção no meu bairro e recebe cerveja, garrafa de vinho e os diabo...

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De um lado, a necessidade e a importância da proteção dos clientes a respeito dos serviços prestados pelos profissionais registrados em um órgão regulamentador. Do outro, estes mesmos profissionais que pagam anuidade e não veem nenhum benefício palpável na ação alegam que o órgão não fiscaliza o mercado, deixando-o, assim, ainda mais “prostituído”.

            Ao analisar as opiniões dos “contribuintes” ou “colaboradores” a respeito do CREA para com as áreas afins das Engenharias da Computação (Software, hardware, programação, etc.), várias realidades se mostram desfavoráveis à estes mesmos profissionais que esperam uma intervenção eficaz na  regulamentação de suas profissões. Entre a necessidade e a revolta, reside uma infindável burocracia provocada pela muito bem reconhecida lentidão da máquina estatal brasileira.

            Poucos são os órgãos que, eficazmente, coíbem o exercício da profissão ilegal. Geralmente, estes estão vinculados às coisas ditas “essenciais” para o equilíbrio de uma sociedade. Bons exemplos são a Medicina (pois médicos não podem sair “matando” seus pacientes), a Engenharia Civil (já que prédios e casas não podem desabar sobre as cabeças dos seus moradores), OAB (uma vez que ninguém que ter seus direitos violados pela incompetência legislativa do país), etc. Daí surge um pressuposto: o pensamento proveniente do senso comum de que “computadores quebrando” não colocam vidas, prédios, casas e outros direitos humanos em risco. Quebrou? Compra outro! Um mau reflexo da chamada liquidez das coisas da pós-modernidade “baumaniana”, que não é totalmente aceito, mas em parte o conceito de liquidez ganha certa atenção. As profissões que envolvem as áreas da tecnologia encontram-se neste paradoxo contemporâneo criado e alimentado por quem compõem elas mesmas: as pessoas os profissionais(que também são pessoas) e as empresas(pessoas jurídicas), representantes do capital organizado. O descaso vem da “facilidade” e da “simplicidade” em que se fazem ser vistas as coisas ao seu redor (geralmente as pessoas que estão a frente dos setores de Marketing, Publicidade e Propaganda e Design Gráfico). Entra aí o jargão da “praticidade da tecnologia”, o jeito rápido, sem burocracia, freeware, opensource, etc. Seja um equipamento, seja um profissional, seja um órgão regulamentador ou o próprio consumidor. Em todas as dimensões, não há muita preocupação com o trabalho ou com o esforço do outro, pois é tudo “fácil” e “prático” aos olhos de uns para com os outros.

            Pensemos o mercado brasileiro (pois não é igual ao estadunidense ou o indiano [risos]). O trabalhador em TI vende sua força de trabalho para uma empresa ou diretamente ao cliente. Estes últimos, por sua vez, querem ter garantias de que o trabalho saia bem feito. A garantia “deveria” ser dada pelos órgãos regulamentadores. Mas, se tudo é visto como algo não tão importante como num outro procedimento de outras profissões ditas “essenciais”, é, como consequência desta visão míope, montado o circo do faz de conta: eles (os órgãos) fingem que se preocupam com nós trabalhadores e clientes, nós (trabalhadores) fingimos que nos preocupamos com nós mesmos (que já somos competitivos o suficiente para disputarmos uma vaga numa multinacional com um afinco quase espartano) e com os clientes. Estes últimos fingem que se importam e valorizam o nosso serviço, mas nem sabem da existência dos órgãos regulamentadores para a nossa profissão. Pois é! Existe muito descaso de todos os lados. Criou-se um ciclo, uma cadeia que não será quebrada enquanto o agente principal nada fizer mudar a sua realidade (e a dos outros envolvidos). Falo, aqui, do profissional inteligente.

            Para exemplificar melhor a ideia do profissional inteligente como solução para o problema, poderia muito bem alterar este substantivo + adjetivo para “pessoa inteligente”. Mas, o que é, pois, a inteligência? É o pensamento organizado que precede a ação (Piaget, 1896). Sinônimo de Profissionais organizados, num país democrático para os sonhos (e não para os meios e condições) em que se deve lutar para não ser esmagado pelo poder capital (que é extremamente organizado pela burocracia [uma a liga que cola e une tudo em torno dele]) são SINDICATOS, ASSOCIAÇÕES e demais agrupamentos de trabalhadores. Não se deve esquecer a voz marxista que reverbera até hoje: “Ó único poder social do trabalhador perante o capital é o seu poder numérico.” Quando há desunião dos profissionais de uma área, este poder, ou força, é diluído. Então lembrem-se: “O poder é de vocês” (Capitão Planeta, 1995) enquanto estiverem unidos. E a melhor opção, atualmente, são os sindicatos e associações. Seguem algumas: Associação Brasileira de Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação – BRASSCOM, Associação dos Profissionais e Empresas de Tecnologia da Informação – Apeti, Associação Brasileira de Direito da Tecnologia da Informação e das Comunicações – ABDTIC.

            Acreditar que o CREA é um órgão sindical é pura ilusão. Ele nunca será um sindicato ou associação e não fará algo muito estrondoso pelos profissionais. Seu papel é justamente outro: vigiar (quando o faz) e punir. A “polícia” dos profissionais. Mas, perceba como isto pode ser uma desvantagem vantajosa. As associações e os Sindicatos podem (e devem) suprir esta deficiência de informação por parte dos profissionais e INCLUSIVE dos “sobrinhos” (que nada tem culpa de não terem ainda um diploma, afinal, quem não já foi sobrinho ao menos uma vez, que atire a primeira pedra. Consequência da falta de experiência e desinformação em que todo profissional de primeira viagem se encontra no início da sua carreira). Os profissionais são forçados a organizar-se em torno de objetivos consonantes devido aos “descasos” enxergados pela categoria.

            Retornando aos “sobrinhos”, comparados ironicamente com prostitutas... Digo: nem toda “prostituta” está na rua por que quer, às vezes, é por que precisa ou por que não sabe fazer outra coisa senão... Enfim, “sobrinhos” precisam de experiência, formação e informação. E o que os outros profissionais fazem para ajudar e orientar? Irritam-se e fadigam um discurso ultrapassado que nada adianta e nada faz para mudar a situação da categoria no país, estado ou bairro onde vive. É mais fácil punir e criticar do que aconselhar, orientar e guiar os sobrinhos que “nos tomam toda a clientela”.

            Vamos nos unir para que, num futuro (não muito distante), não precisemos culpar uns aos outros pela “queda” do prestígio da nossa profissão. Já estamos culpando órgãos regulamentadores e sobrinhos. Daqui a pouco, culparemos os clientes ou os próprios computadores. Informação, inteligência, organização e união são vitais em qualquer profissão/profissional. Sobrinhos não existem em todas as profissões, as vezes são chamados de “Estagiários” justamente pelo fenômeno da liquidez, já explicado ou pela característica do  mercado de uma área (quando existem menos número formados do que o mercado requer, pro exemplo). Este caminho, de união, holístico, é um possível recurso para potencializar o ser profissional das áreas ligadas ao TIC/TI. Um verdadeiro planejamento geral de marketing de profissão/profissional.  

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

Tabela de Pretensão Salarial. Disponível em <http://www.ceviu.com.br/salario/tabela-pretensao-salarial-aracaju-se>

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EMPRESAS DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO. Disponível em <http://www.brasscom.org.br/brasscom/Portugues/index.php>

MUDANÇA DE ESTADO É OPORTUNIDADE PARA PROFISSIONAIS DE TI. BRASCOM.<http://www.brasscom.org.br/brasscom/Portugues/detNoticia.php?codArea=2&codCategoria=51&codNoticia=675>

O MERCADO DE PROFISSIONAIS DE TI NO BRASIL. BRASSCOM.  Disponível em http://www.brasscom.org.br/brasscom/Portugues/detInstitucional.php?codArea=3&codCategoria=48#collapse60

Tabela – Sergipe - Unidades locais, pessoal ocupado total e assalariado em 31.12.2012, salários e outras remunerações e salário médio mensal e as seções da classificação de atividades. In. NASCIMENTO, Saumíneo da Silva.  CADASTRO CENTRAL DE EMPRESAS EM SERGIPE EM 2012, Publicado em < http://www.sedetec.se.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=2879:artigo-cadastro-central-de-empresas-em-sergipe-em-2012&catid=9&Itemid=104>Segunda-Feira, 02 Junho 2014 às 09:26.

MÉSZÁROS, István. A educação para além do capital. São Paulo: Boitempo Editorial, 2005.

PIAGET, Jean. A epistemologia genética: Sabedoria e Ilusões da filosofia; Problemas de Psicologia genética/ Jean Piaget. Traduções de Nathanael C.Caixeiro, Zilda Abujamra Daeir, Cpelia E.A. Di Piero. - São Paulo: Abril Cultural, 1978.

MARX, KARL.  Gewerksgenossenschaften. Ihre Vergangenheit, Gegenwart und Zukunft. Beschluss des Genfer Kongresses über die Gewerkschaften (Associações Sindicais: Seu Passado, Presente e Futuro. Resolução sobre os Sindicatos do Congresso de Geneva (06.09.1866), in: Die Internationale in Deutschland (1864-1872). Dokumente und Materialien (A Internacional na Alemanha « 1864-1872 ». Documentos e Materiais), Berlim: Dietz Verlag, 1964, pp. 142 s.; IDEM. Instruktionen für die Delegierten des provisorischen Zentralrats zu den einzelnen Fragen (Instruções para os Delegados do Conselho Central Provisório acerca de Questões Específicas)(08.1866), 6.: Gewerksgenossenschaften. Ihre Vergangenheit, Gegenwart und Zukunft (Associações Sindicais: Seu Passado, Presente e Futuro), in: Marx und Engels – Werke (Marx e Engels – Obras Completas), Vol. 16, 1962, pp. 196 e s.

CAPITÃO PLANETA - EPISÓDIO 01 - UM HERÓI PARA O PLANETA TERRA <https://www.youtube.com/watch?v=qMlEshY70XI>.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE DIREITO DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E DAS COMUNICAÇÕES. Disponível em:  <http://www.abdtic.org.br/>.

ASSOCIAÇÃO DOS PROFISSIONAIS E EMPRESAS DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO. Disponível em <http://apeti.org.br/>.

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George li sua explanação e venho respeitosamente divergir no que tange aos órgão tipo CREA, CRECI, CRM, OAB e outras mais e digo porque:

-Isso são associações instituídas apenas para alguém ganhar dinheiro aqui no Brasil, porque estar vinculando a uma categoria dessas citadas, não faz o  elemento, capaz e honesto nas suas atribuições;

-Elas não existem para proteger a sociedade, muito pelo contrário, proteger seus associados, você já viu o CREA, o CRM punir algum afiliado por mais escabroso que seja seu ato?

-O senhor Sérgio Naya não tinha CREA, o senhor Roger Abdelmassih não tem CRM, um matou pessoas com obras mal feitas e outro matou em vida muitas mulheres; o doutor Eugênio Chipkevitch também não tinha CRM?

-Não estou radicalizando, a lista de profissionais que "estão dentro da lei" porque se filiam a essas imundícies, por acaso sofrem punições por seus atos, acho que só quando a coisa está muito visível, do contrário prevalece o corporativismo, já que se expulsar um membro, é um pagante a menos.

Quem tem que fiscalizar os profissionais é o poder público, mas este é corrupto e omisso, dai casos como dos da Boate do Rio Grande do Sul, assim como muita outras, o caso barco Bateau Mouche IV, a lista é imensa, se for escrever aqui ficará um post gigantesco.

Esses órgãos só pensam em angariar associados para receberem as mensalidades, protege a si, seus filiados e o povo que se exploda.

E fica a pergunta para quem sabe responder: qual o destino dessa  mensalidades

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  • Administrador

@misterjohn tirou as palavras da minha boca... O CREA só "atuou" no caso do Palace II depois que o prédio já havia desabado. Ao contrário do que disse o @George Araújo o CREA não fiscaliza nada. São vários os relatos nesse tópico explicando que o CREA só fiscaliza em caso de denúncia. Não há qualquer tipo de ação preventiva ou fiscalização obrigatória.

 

De qualquer forma, obrigado George Araújo por se cadastrar apenas para dar sua opinião, ela é muito bem-vinda. Espero que você goste do nosso fórum e continue participando. Abraços!

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É isso aí misterjohn. Faltaram na sua lista esses estádios da Copa, o viaduto que caiu em Belo Horizonte, Ferrovia Norte-Sul, essas obras da Petrobras... Todas registradas no CREA. É uma inutilidade completa e absurda. Em novembro teve eleições no CREA e CONFEA, uma baixaria, os candidatos fazendo acusações mútuas, muitos com liminares para poder participar, UMA VERGONHA! E temos que pagar pra manter essa estrutura podre.

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Filiei-me ao Crea em 1982, cheguei a pagar, mas como era funcionário não precisava dele, não paguei mais, mas os boletos eram enviados, como diria o  Marcio (Cunhdao do Carlos Alberto de Nóbrega) "vai que cola???".

Fora isso nunca me enviaram nada além de boletos, sequer uma publicação ou algum convite para qualquer evento.

Perguntei se alguém sabe para onde vai os recursos dessas associações e acrescento outra pergunta:

Porque tem que pagar anuidade?

Falo com propriedade, conhecimento e causa própria, essa coisa chamada CREA ou qualquer outro similar, não passa de "caça-níqueis" em grande escala já que a mordida anual é grande, mas esse negócio de chamar de "técnico de computador" o popular "sobrinho" porque ninguém fez curso, se alguns poucos fizeram, demorou mais e aprendeu menos do que um auto didáta.

Comparo essa atividade a de "pintor" ou "encanador", o cidadão na necessidade financeira se envolve nessas duas atividades porque no caso da primeira, depois que inventaram  o tubo de pvc e a cola tigre, qualquer um pode ser encanador, diferente dos antigos que tinha que fazer tudo na marra, dobrar, abrir rosca, fazer um reparo interno com rosca corrida e outras coisas mais, em tubulações de ferro galvanizado e ferro fundido,  o camarada que tiver habilidade com ferramentas vira encanador da noite para o dia, para fazer uma instalação basta ir cortando o tubo e ir colando as conexões, cansei de fazer isso.

Quanto o caso do pintor a mesma coisa, depois que inventaram a "Suvinil" (produto é látex, mas o fabricante virou o nome popularmente) qualquer um é pintor, quando mudo de um imóvel, são poucas vezes porque não é locação, sempre compra e venda pinto eu mesmo, e vou te contar, faço melhor do que muito "profissional porque tiro os espelhos das tomadas, protejo as mesmas com papel, forro o chão, inclusive faço os recortes de teto com cor diferenciada da parede sem invadir a mesma.

Essas atividades, incluída os "sobrinhos" aprende-se com uma facilidade imensa, claro que quem tem capricho e habilidade sempre apresentará um serviço melhor, agora querer criar um sindicato ou outra coisa para isso é temerário porque não existe um "diploma" ou qualquer outra coisa para habilitação.

Considero o trabalho de pedreiro, aquele que constrói a parede, reboca, reveste, etc, muito mais difícil do que essas citadas e sem querer desmerecer ninguém ou nenhuma região do país, mas são exercidas pela imensa maioria de nordestinos com pouca ou nenhuma instrução, fugidos da sua região por causa da falta de emprego, seca ou aventura mesmo e nem por isso são reconhecidos ou tem alguma associação para lhe dar amparo e proteção legal.

Aqui em casa já troquei as placas da máquina de lavar, os reparos de válvula hidra, manutenção no fogão quando necessário, monto a rede, faço modificações quando necessário, desmonto e monto os móveis quando mudo, as partes de uma guarda roupas vão amarradas para facilitar a empresa, até geladeira Brastemp frost free já consertei (troquei o rele de partida).

Nem por isso me considero técnico em nada, apenas alguém que cansou de pagar para ter serviços mal feitos, pratidados por "técnicos" que já entram na sua casa pensando em ir embora para ganhar mais dinheiro.

 

Veja como é fácil trabalhar com tubos pvc, apenas com uma lámina de serra (nem arco precisa) você vai cortando e colando as conexões, o segredo é capricho + habilidade, já que tem cara que paga até para trocar uma  lâmpada:

 

http://www.renatomassano.com.br/dicas/residencial/dimensionamento_das_instalacoes/instalacao_hidraulica.jpg

Imagem da minha sala, pintada por mim, em 2004 quando adquiri o apto, parede cor palha, gesso cor branco neve

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O melhor regulador se chama Mercado. Leva tempo, mas funciona....

 

 

Tirando trabalhos críticos, como profissões de saúde e algumas engenharias, isso é verdade sim. E não impede ninguém de tentar ganhar seu sustento honestamente pela falta de um pedaço de papel.

 

Aliás, é bom notar, não é só pelos impostos escorchantes e burocracia infernal pelo que o Brasil é conhecido. Sempre usando o argumento de "proteger a sociedade" abusa-se também da regulamentação profissional, unicamente para se criar reservas de mercados, garantir rendimentos para uma pequena minoria, criar cabides de emprego em conselhos de classe e só o diabo sabe o que mais. Vejam este exemplo:

 

http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/TRABALHO-E-PREVIDENCIA/148766-TRABALHO-APROVA-REGULAMENTACAO-DE-CATADOR-E-RECICLADOR-DE-PAPEL.html

 

Adianto que esse lixo felizmente foi vetado pela presidente da república. Mas vejam as condições estabelecidas pelo projeto aprovado no congresso para o "exercício da profissão":

"Segundo o projeto, para atuar como catador ou reciclador, o profissional deverá registrar-se na Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de sua cidade. Esse registro será feito por meio da apresentação do documento de identidade, do título de eleitor com os comprovantes de votação e do certificado de reservista militar."

Ora, quem mora, por exemplo, em São Paulo, sabe que grande parte desses coitadinhos não tem nem mesmo a certidão de nascimento! E quem faz isso não faz por amor à profissão, mas por uma questão de sobrevivência.

 

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