Introdução
Normalmente não fazemos testes com fontes de alimentação por um motivo muito simples: não temos uma metodologia adequada para este tipo de testes. A maneira correta de avaliarmos uma fonte de alimentação é criando uma carga de potência no mínimo igual à da fonte, deixando a fonte ligada durante um número determinado de horas para ver se ela "aguenta o tranco", além de durante o período de testes monitorarmos as tensões de saída para vermos se houve alguma variação. Como a fonte ficará ligada durante horas com esta carga, as tensões de saída precisam ser medidas através de um coletor de dados e gravadas em um PC. Um simples voltímetro (ou multímetro) não é capaz de efetuar esta tarefa.
Em nosso laboratório infelizmente não temos como criar uma carga de 520 W para o teste desta fonte, nem tampouco temos um coletor de dados (no caso específico desta fonte da OCZ o caso é ainda mais complicado, pois 520 W é a sua potência combinada: teríamos de ter uma carga de 92 W na linha de 3,3 V, 200W na linha de 5 V e 400 W na linha de 12 V; leia nosso tutorial sobre fontes de alimentação para saber o que é potência combinada).
Vários sites e publicações ditas "especializadas" efetuam testes de fontes usando uma metodologia completamente equivocada, ligando a fonte a um PC e medindo através de um voltímetro (ou multímetro) se há variações de tensão em suas saídas. Há vários problemas com esta metodologia. Primeiro, um PC típico não vai consumir a potência máxima da fonte, em especial das fontes de alta potência, como é o caso deste modelo da OCZ, então não há como avaliar se a fonte realmente consegue fornecer a potência máxima que está rotulada; Segundo, com um voltímetro simples você não consegue coletar dados como, por exemplo, o pico de tensão e corrente que ocorre quando a fonte é ligada; isto só é possível com um osciloscópio digital (ver Figura 2). Terceiro, se você quiser verificar se há variação nas tensões de saída ao longo do tempo, você terá de anotar os valores manualmente. Como a fonte de alimentação tem seis saídas de tensão, há dois problemas: você teria de ter seis voltímetros ligados, um em cada saída (o pessoal normalmente só usa um) e mesmo que você tivesse seis voltímetros ligados ao mesmo tempo, a coleta de dados não seria feita de forma precisa (você não consegue ler e anotar os valores de seis instrumentos exatamente ao mesmo tempo e não há como fazer essa leitura a intervalos regulares). Uma alternativa a este problema seria o uso dos sensores da placa-mãe, usando um software para ler as tensões da fonte ao longo do tempo. Sinceramente nós não confiamos nos sensores da placa-mãe para um teste sério de fontes de alimentação. Quarto, o maior problema das fontes de alimentação não é a existência de variação em suas tensões de saída, mas sim a incapacidade dela fornecer corrente no momento em que o micro precisa. Todo técnico que tem experiência com fontes defeituosas sabe disso: uma fonte defeituosa pode apresentar os valores de tensão certinhos, mas ela pode não estar fornecendo corrente suficiente e, com isso, o micro trava ou reinicia sozinho. A única maneira de medirmos este parâmetro é justamente colocando a fonte para operar em sua carga máxima, onde forçamos a fonte a fornecer suas correntes/potências máximas (lembramos que corrente, tensão e potência estão relacionadas pela fórmula P = V x I, onde P é potência em watts, V é tensão em volts e I é corrente em ampères).
Então temos o dilema: ou criamos uma metodologia de testes para não cometermos os erros que acabamos de descrever, ou testamos fontes de maneira errada como todo mundo faz (sinceramente, tais testes e nada é quase a mesma coisa) ou simplesmente não testamos e não corremos o risco de efetuarmos um teste tecnicamente errôneo.
Pela nossa formação técnica e pelo quilate do nosso site, a hipótese de testarmos fontes de maneira "errada" está fora de cogitação. Preferimos não testar fontes a testá-las de forma equivocada. É por este motivo que nunca testamos fontes aqui. A hipótese de criarmos uma metodologia de testes "correta" é complicada. Criar uma carga real de mais de 500 W é uma tarefa complicada e ter acesso a equipamentos tais como coletor de dados digital, voltímetro digital de vários canais e osciloscópio digital de vários canais está bem fora da nossa realidade. Para você ter uma ideia do que precisamos, veja a Figura 1.
Figura 1: Equipamentos necessários para um correto teste de fontes de alimentação. Coletor de dados, voltímetro digital de múltiplos canais e osciloscópio digital de oito canais.
Para dar um pouco mais de água na boca, na Figura 2 nós mostramos o que acontece quando ligamos o micro e cujo dado é impossível de ser medido com um voltímetro, só mesmo com o aparato mostrado na Figura 1.
Figura 2: Pico que é dado quando a fonte é ligada. Como você pode ver, o pico chega a 15 A!
Tá, só que nós não temos o equipamento mostrado. As fotos nós tiramos no laboratório de testes de fontes de alimentação da Intel nos Estados Unidos, durante o IDF Spring 2004 (fevereiro de 2004). Replicar este laboratório aqui, por conta do alto custo dos equipamentos envolvidos, é complicado.
Existem maneiras de efetuarmos uma metodologia correta gastando menos dinheiro. Uma delas é criarmos apenas uma carga real da potência máxima da fonte, deixar ela ligada por algumas horas e ver se ela "aguenta o tranco", sem a necessidade de monitoramos as tensões com tanta precisão usando os equipamentos da Figura 1. Estamos estudando esta possibilidade e tão logo a gente tenha criado esta metodologia, nós iremos começar a realizar testes "de verdade" com fontes de alimentação. Pedimos somente um pouco de paciência, pois criar uma carga real de mais de 500 W sem risco do nosso laboratório pegar fogo não é tão simples assim.
Desta forma, resolvemos não testar a fonte da OCZ, mas sim apresentarmos somente uma análise do tipo "primeiras impressões". Mas, por conta do nosso conhecimento avançado em eletrônica, resolvemos ir além e desmontamos a fonte e mostramos quais são as diferenças entre este modelo topo de linha da OCZ e modelos mais simples. Como você verá, o projeto de fontes de alimentação é praticamente o mesmo para todas as fontes do mercado. O que muda é a qualidade dos componentes usados e o esmero em determinados detalhes que estaremos enfatizando. Desta forma, nossa análise será uma grande aula sobre como identificar determinadas características presentes somente em fontes de alta qualidade.
Antes de você continuar, é imperativo que você leia nosso tutorial sobre fontes de alimentação, mesmo que você seja um usuário avançado e ache que sabe tudo sobre o assunto, pois lá apresentamos conceitos que poucos usuários conhecem, tais como potência combinada, eficiência e fator de correção de potência.
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