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Minha história profissional – parte 10


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Minha história profissional – parte 10

Estou contando a minha história em ordem cronológica, e na parte 9 eu havia parado no ano de 2003.

Este ano foi decisivo, pois foi quando eu decidi romper com a editora que publicava os meus livros. Eles me enrolavam para pagar os meus royalties, fora a suspeita de venderem “por fora”.

Quando um autor publica um livro através de uma editora, normalmente recebe royalties (frequentemente chamado, incorretamente, de “direitos autorais”), que é um percentual sobre as vendas ou sobre o preço de capa (preço de tabela) do livro.

O que acontecia era o seguinte. Vou usar números hipotéticos apenas para ilustrar. Digamos que eu tivesse R$ 10.000 a receber em janeiro. Chegava janeiro, eles diziam que a situação estava ruim, e me pagavam apenas R$ 5.000 e ficavam devendo os demais R$ 5.000. Aí em fevereiro, havia mais, digamos, R$ 10.000 de royalties a receber. Mesma história, pagavam só uma parte e ficavam devendo a outra. Só que este saldo devedor nunca era acertado, e crescia em uma bola de neve.

Ao mesmo tempo em que reclamavam da suposta “situação ruim”, os sócios compravam carros importados, apartamento de frente para a praia, viagens e, para vocês verem a “falta de noção”, ainda ficavam contando sobre o sistema de iluminação computadorizado que haviam instalado no apartamento.

Eu ia levando essa situação pois dependia desse dinheiro para pagar as minhas contas e, em particular, as prestações do apartamento onde estava morando. E sabia que a partir do momento em que os acionassem judicialmente, eles parariam de pagar imediatamente qualquer coisa, dado à desonestidade dos sócios da editora.

Em 2003, eu finalmente estava em uma posição financeira que me permitia questionar a situação judicialmente. Para compor o problema, os meus contratos eram leoninos e tinham cláusula que me impediam de trocar de editora por quatro anos. Por conta disso, fiquei sem publicar livros entre 2003 e 2009.

A perícia judicial confirmou uma dívida milionária e, quando viram que iam perder a ação, levantaram dinheiro pedindo empréstimos fraudulentos em bancos e familiares e fugiram do Brasil. O processo perdura até hoje, quase 20 anos depois, visto estarem vivendo escondidos, possivelmente utilizando identidades falsas.

Existem muito mais detalhes sobre esta história, que eu já contei nos links abaixo e, por isto, só dei uma visão geral da história no artigo de hoje. Acesse caso você queira entender melhor toda a história:

A minha volta ao mercado editorial em 2009 foi pela editora NovaTerra, criada pelos ex-funcionários da editora anterior, que também foram prejudicados: tiveram de entrar com um processo para decretar que a empresa não existia mais, para poderem dar baixa em suas carteiras de trabalho e sacar o FGTS – quando descobriram que os valores descontados dos salários nunca foram depositados.

É por isso que os meus livros, até hoje, têm a mesma identidade visual e qualidade, pois são produzidos pela mesma equipe.

Eu publiquei sete livros pela NovaTerra, com o primeiro sendo o livro de redes que saiu com o meu rosto na capa. A equipe da editora achou que eu estava parecendo o Yul Brynner, ator de filmes clássicos como O Rei e Eu e Os 10 Mandamentos. Outras pessoas acharam que eu estava parecido com o Nikola Tesla ou então com o Dr. Evil, personagem de Mike Myers nos filmes do Austin Powers. O fato é que a capa ficou bastante chamativa, atingindo o seu objetivo. Também é um contraponto ao último livro publicado pela editora anterior, em que eu aparecia na capa com cabelo azul. Certamente um enorme contraste!

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Figura 1: capa do livro Redes de Computadores – Versão Revisada e Atualizada (2009)

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Figura 2: Yul Brynner, a suposta inspiração

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Figura 3: capa do livro Montagem de Micros Curso Básico & Rápido - 4ª Edição (2002)

Os livros que publiquei pela NovaTerra foram os seguintes:

Em 2017 a NovaTerra fechou as portas, desta vez por que era uma empresa pequena sem capital de giro e um problema crônico de grandes varejistas como a antiga B2W (Submarino e Americanas.com) que simplesmente compravam livros e não pagavam, ao mesmo tempo em que se gabavam de “maior e-commerce do Brasil”. Com isto, voltamos a ter o problema de dívida que não dava para ser paga.

Com isto, passei a publicar meus livros por conta própria a partir de 2018, somente através do formato ebook. Infelizmente, para ter os livros em versão física, teria de criar toda uma estrutura, incluindo o espaço físico para armazenar tantos livros, e ter muita dor de cabeça. Fazendo a conta na ponta do lápis, vi que não valia a pena, principalmente por conta do valor final que os livros teriam de ter, fora da realidade do brasileiro médio.

Por isso, preferi focar apenas em versão eletrônica: o leitor recebe o livro na hora e por um preço muito inferior ao de um livro impresso. Por outro lado, fiz questão de meus e-books estarem no formato vetorial, significando que, se o leitor os imprimir (recomendo que isto seja feito em uma gráfica rápida, onde poderá ser também encadernado), terá a mesma qualidade de um livro físico.

No final das contas, por conta da realidade do mercado atual (pessoas leem menos), vendo bem menos livros do que na minha “época de ouro” dos anos 1990. Por outro lado, pelo menos agora recebo totalmente os valores aos quais tenho direito.

No momento em que escrevi este artigo, eu publiquei os seguintes novos livros de forma independente:

Além de republicar os livros Redes de Computadores – Versão Revisada e Atualizada - 2ª Edição (2014) e Os Mitos do Dinheiro (2016).

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