Ir ao conteúdo
  • Cadastre-se

Porque somos a favor da criminalização do spam


     21.897 visualizações    Redes    26 comentários
Porque somos a favor da criminalização do spam

Spam é o nome dado a qualquer mensagem de cunho comercial cujo destinatário não tenha autorizado o seu recebimento. No Brasil, criou-se o eufemismo “e-mail marketing” para classificar empresas que enviam spam (nota: existe o e-mail marketing “legítimo”, baseado no princípio de marketing de permissão, como explicaremos melhor). Nós somos radicalmente contra a prática de spam, e nesse editorial expandiremos nossa opinião sobre o assunto.

O fato é o seguinte: se você recebeu um e-mail e não autorizou o remetente a enviar propagandas para você, é spam. Isso inclui, inclusive, empresas que você tenha qualquer tipo de relacionamento. Por exemplo, se você fez compras em uma loja virtual e não autorizou essa loja a te enviar mensagens, qualquer e-mail promocional vindo dessa loja é spam. Se você fez a assinatura de uma revista e a editora fica te enviando e-mails promocionais sem que você tenha expressamente autorizado o envio desses e-mails, esses e-mails são spam. Ou seja, se você receber um e-mail que não pediu para receber, o e-mail é spam. Ponto final.

O pior é o caso de empresas que vendem ou alugam sua lista de clientes a empresas de spam (ganhando para isso, veja bem). Isso, por si só, deveria ser ilegal por ser invasão de privacidade.

Em outros países, é obrigatório, por lei, haver caixas de seleção na hora de qualquer tipo de cadastro online, onde o usuário pode optar por receber tais mensagens (normalmente uma caixa autorizando receber e-mails da empresa e outra autorizando receber e-mails de parceiros da empresa). Essa é uma solução extremamente simples e que resolve o problema. No Brasil, infelizmente não são todos os sites que oferecem essa função, fazendo com que usuários recebam spam.

Vários países já criminalizam o envio de spam, como você pode conferir nesta lista. Só para vocês entenderem como o Brasil está atrasado nessa luta, o envio de spam é crime na Austrália e nos Estados Unidos desde 2003, e em alguns países, como a Áustria, muito antes disso. Nesta outra lista, você pode conferir casos famosos de pessoas que foram presas ou processadas no exterior por causa do envio de spam.

Mas porque odiamos tanto o spam?

O público leigo e os defensores do spam pensam que o “custo” do spam é apenas o trabalho braçal de o usuário final ficar apagando mensagens indesejadas. Só que isso está longe de ser o pior problema.

Apenas para usarmos um exemplo pessoal, em nosso servidor de e-mail, mais de 95% dos e-mails recebidos é spam. Com isso, nós precisamos ter um servidor muito mais “parrudo” que o necessário só para podermos lidar com o spam, fazendo com que a gente gaste mais dinheiro com servidores do que teoricamente seria necessário. Sem contar o tempo e dinheiro gastos com a instalação de técnicas como programa antispam, listas negras, etc.

Agora, quando você multiplica isso pelo número de servidores de e-mail existentes no mundo, você pode ver facilmente que o prejuízo para empresas que mantêm servidores de e-mail é colossal. Basta imaginar o quanto uma empresa que mantém um parque gigantesco de servidores, como o Google, poderia economizar se pudesse ter bem menos servidores de e-mail.

Uma questão que piora o problema é que o retorno de spams é extremamente baixo e, com isso, o número de spams enviados tem de ser extremamente alto para gerar algum retorno.

Para que você consiga visualizar o problema, basta lembrar o caso do “rei do spam” Ryan Pitylak, que enviava 25 milhões de e-mails por dia em 2004 (ele acabou tendo de pagar mais de US$ 1 milhão em um processo contra ele movido pela Microsoft e pelo estado do Texas). Imagine o poder de processamento adicional necessário só para poder atender o volume de spam criado por esse único indivíduo.

Há também o tráfego adicional criado na internet em si, o que faz com que links e roteadores com maior capacidade de tráfego precisem ser usados na internet, aumentando o custo das empresas que mantêm a internet no ar. De acordo com a empresa de antivírus Kaspersky Labs, que mede o tráfego de spam ao redor do mundo através de seus produtos, atualmente cerca de 70% do tráfego total de e-mails no mundo é spam.

E com o aumento do porte dos equipamentos como servidores e roteadores, normalmente temos um aumento no custo da energia elétrica pelos seguintes fatores. Primeiro, e mais óbvio, é um maior consumo elétrico do equipamento em si, visto que equipamentos mais possantes geralmente consomem mais energia elétrica do que equipamentos mais simples. Em segundo lugar, temos um aumento no consumo elétrico pela necessidade de se haver mais equipamentos para poder aumentar o poder computacional necessário, por causa do tráfego adicional desnecessário. E, em terceiro lugar, temos o aumento da geração de calor pelo uso de mais equipamentos e, consequentemente, um aumento na quantidade de aparelhos condicionadores de ar usados em data centers.

De acordo com um estudo feito pela MacAfee em 2009, cerca de 62 trilhões de spams são enviados por ano, o que gera um consumo desnecessário de 33 bilhões de kWh de eletricidade. Isso daria para alimentar a região Norte do Brasil por um ano.

Como consequência, temos ainda um aumento da poluição, visto que a maior parte da eletricidade gerada no mundo é oriunda de usinas termoelétricas. De acordo com o mesmo estudo, o spam é responsável pela a emissão de 20 milhões de toneladas de CO2 na atmosfera.

Dessa forma, a premissa de alguns defensores de spam que o spam é melhor do que mala direta tradicional por correio porque “preserva árvores” é pura balela, visto que as consequências do spam são muito mais sérias (as árvores usadas na produção de papel são plantadas com esse objetivo, não é como se a indústria do papel estivesse desmatando florestas; e quem envia mala direta está efetivamente pagando para alguém entregar a propaganda, diferentemente do que ocorre no spam, onde quem envia o spam está empurrando o custo do envio a todas as empresas envolvidas, sem pagar por isso).

Em resumo, só há pontos negativos com o spam. Os usuários ficam furiosos, criando uma imagem negativa da empresa fazendo o spam; a taxa de retorno é extremamente baixa; há um aumento de custos para as empresas conectadas à internet; há um aumento de custos para as empresa que mantêm a internet no ar; há um aumento no consumo elétrico global; e há um impacto ambiental que normalmente é ignorado.

Contudo, o e-mail marketing “legítimo” não só funciona como é desejável, e é a base do princípio de marketing para o século XXI, chamado marketing de permissão. Afinal, o usuário expressou seu interesse em receber mais informações da empresa e/ou de empresas parceiras. Se você trabalha com marketing digital, o livro “Marketing de Permissão” de Seth Godin explora esse assunto em muito mais profundidade, sendo leitura indispensável.


Artigos similares


Comentários de usuários

Respostas recomendadas



Olá a todos.

 

Revendo outro email que tenho, eis o que respondi a um "SPAM" da m e o (m e o.pt). Foi remédio santo!... :D

 

«

Only if you still are a fag you'll keep sending me fucking spam like yours.
 
I'll happily use my avalanche email progs to keep you happilly occupied too. 
 
Sincerely,
»
 
Abraços a todos.
 
PS: Eu tenho muitas queixas para com a m e o, mas o que o Clube do Hardware tem contra ela?! Isto passa sempre para meu! :zoio:  :D
 
PS 2: E a propósito, encontrei o tal m e o.de porque decidi "googlear" por
m e o
a ver se dava com algo pra "lixar" a m e o ;)  Encontrei logo, logo, uma das melhores formas :D LOL ^_^
  • Curtir 1
Link para o comentário
Compartilhar em outros sites




Crie uma conta ou entre para comentar

Você precisa ser um usuário para fazer um comentário

Criar uma conta

Crie uma nova conta em nossa comunidade. É fácil!

Crie uma nova conta

Entrar

Já tem uma conta? Faça o login.

Entrar agora

Sobre o Clube do Hardware

No ar desde 1996, o Clube do Hardware é uma das maiores, mais antigas e mais respeitadas comunidades sobre tecnologia do Brasil. Leia mais

Direitos autorais

Não permitimos a cópia ou reprodução do conteúdo do nosso site, fórum, newsletters e redes sociais, mesmo citando-se a fonte. Leia mais

×
×
  • Criar novo...