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Clube do Hardware Entrevista a Arctic


     6.760 visualizações    Refrigeração    4 comentários
Clube do Hardware Entrevista a Arctic

Veja nossa entrevista com Magnus Huber, diretor da Arctic.

Seu foco original era produtos de refrigeração, mas, nos últimos anos, a Arctic expandiu para outras áreas. O que fez vocês irem nessa direção?

Nosso departamento de refrigeração não mudou nos últimos anos. Nós ainda temos uma equipe de desenvolvimento focada em descobrir tecnologias e desenvolver produtos com uma boa relação entre eficiência e preço. Com nossos produtos de refrigeração, nós apresentamos o mesmo objetivo que sempre tivemos: qualidade para nossos consumidores.

Produtos eletrônicos voltados ao consumidor sempre foram de nosso interesse. Quando entretenimento e informática começaram a se unir em larga escala, novas opções foram abertas. Neste segundo mercado, nós temos uma equipe independente de desenvolvimento que foi criada do zero.

Você poderia nos dar uma ideia da receita, em percentagem, para cada segmento de produto?

65% refrigeração, 30% produtos eletrônicos e 5% hobby.

Mas por que o segmento de “hobby”, que não tem nada a ver com computadores?

Este segmento é uma jogada de negócios, não sendo tão importante para nós como o de produtos eletrônicos ou o de refrigeração. Este mercado deu aos nossos engenheiros e marqueteiros a chance de mergulhar, de vez em quando, em um novo mundo, tirando-os um pouco da sua rotina de trabalho.

Com tanta concorrência no mercado de refrigeração de processadores e placas de vídeo, como a Arctic consegue sobreviver? O que torna seus produtos melhores ou mais especiais? Como vocês se posicionam no mercado?

Nossos consumidores estão à procura de uma boa relação entre o custo do produto e sua eficiência; produtos práticos que atendam suas necessidades diárias. Nós botamos todo nosso foco em desenvolvimento, de modo a fazer com que inovações tecnológicas se tornem mais acessíveis. Nossos consumidores não estão esperando campanhas de marketing fabulosas ou modelos de negócio extraordinários. Nós sempre nos esforçamos para garantir boa relação custo/benefício, e nossos consumidores tem nos apoiado por mais de uma década.

Vocês desenvolvem seus próprios produtos ou compram projetos desenvolvidos por outras empresas, apenas adicionando sua etiqueta?

Sendo eu mesmo engenheiro, é muito difícil ficar satisfeito com as peças pré-projetadas importadas da China, quem dirá com produtos prontos. Nós não somos uma empresa de marketing; nós somos criadores. O desenvolvimento individual de cada peça torna o lançamento de produto muito demorado. Então, nós usamos heatpipes e pequenas peças, como parafusos e porcas, de prateleira. Todos os outros componentes dos nossos coolers, incluindo o motor, são desenvolvidos do zero pela nossa equipe e fabricados com equipamentos próprios. Em nosso mais recente fone de ouvido, o ultra leve P402, a armação é de prateleira, mas as demais partes mecânicas são projetas pela Arctic e fabricadas com as nossas próprias ferramentas. O alto-falante é uma peça pré-existente que foi adaptada de modo a respeitar os nossos requisitos. Nosso “media center” MC101 foi completamente desenvolvido por nós, incluindo uma placa-mãe personalizada, o gabinete e, é claro, cada componente do sistema de refrigeração dupla.

Vocês têm tanto coolers de processador de entrada como produtos topo de linha. Você poderia nos dizer, em percentagem, a receita de cada segmento?

Cerca de 20% da nossa receita vêm de produtos de entrada, 50% vêm de produtos de preço médio e 30% de produtos topo de linha.

No futuro, vocês estariam interessados em criar duas linhas distintas de coolers de processador (uma direcionada a produtos topo de linha e outra direcionada a produtos silenciosos) ou vocês estão tentando criar produtos que combinem os dois conceitos?

Nós estamos completamente comprometidos em fornecer eficiência. O consumidor é que decide, através do controlador da ventoinha, quanto ruído e refrigeração ele prefere. Todos os nossos coolers devem funcionar com o menor nível de ruído possível. Coolers barulhentos não são necessários e raramente são aceitos. Até mesmo overclock é possível com níveis de ruído relativamente baixos.

Vocês acabaram de lançar uma solução de refrigeração líquida para placas de vídeo. Vocês têm planos de lançar uma solução de refrigeração líquida para processadores?

Até o momento, não verificamos uma vantagem significante, em termos de eficiência, na refrigeração líquida para processadores. Portanto, nós não vemos benefício suficiente para nossos consumidores.

Por falar em refrigeração para placas de vídeo, vocês foram os primeiros no mercado a criar soluções de refrigeração para placas de vídeo, em 2002. Vocês ficaram ressentidos que outras empresas começaram a copiar as suas ideias ou vocês acreditam que cópia é a mais alta forma de elogio?

Cópias não me deixam nem ressentido ou agradecido. Quando a ATI e a NVIDIA adotaram nosso Sistema de Exaustão Direta de Calor (Direct Heat Exhaust System, DHES) e passaram a empurrar ar quente para fora do computador com ajuda de uma ventoinha, ficou evidente que nós não tínhamos feito tudo errado. Normalmente, uma confirmação de um outro fabricante não é necessária, já que nossas vendas apontam o sucesso, como foi o caso. Apesar da popularidade do nosso sistema DHES, nós acabamos descobrindo que existiam limitações para a eficiência de refrigeração e que esta arquitetura não permitiria alto desempenho com baixo nível de ruído, um problema que a AMD e a NVIDIA ainda estão encarando.

Os novos Freezer i30 e Freezer A30 têm heatpipes de contato direto sem espaço entre eles. Por que a mudança, e devemos esperar um desempenho mais alto devido a esta nova configuração?

A configuração de contato direto elimina a interface térmica entre a base do cooler e o heatpipe. No entanto, ela não é adequada para processadores com pastilhas de silício pequenas devido à ausência da base de cobre e da distância entre os heatpipes. A chapa metálica presente na parte superior da pastilha de silício do processador só ajuda um pouco. A resistência térmica em direção das bordas aumenta significativamente. Nossa configuração de contato direto sem espaço elimina uma interface térmica e ao mesmo tempo funciona bem com pastilhas de silício pequenas.

Vocês estão planejando incorporar a tecnologia de câmara de vapor ou outra nova tecnologia em seus produtos?

Nós testamos dissipadores de calor com câmara de vapor seis anos atrás, e nós não pudemos comprovar que eles tivessem alguma vantagem sobre dissipadores bem projetados com heatpipe. Como você deve entender, eu não posso falar sobre novas tecnologias. Mas digamos que o próximo ano certamente será um ano interessante do ponto de vista dos produtos da Arctic.

Você gostaria de adicionar algum comentário final para os nossos leitores?

Gostaria de usar esta oportunidade para agradecer aos nossos consumidores pelo seu apoio por mais de uma década. Vocês permitiram que nós explorássemos novos caminhos e quebrássemos convenções. Todos nós da Arctic nos esforçamos para continuar oferecendo produtos excitantes no futuro.


Comentários de usuários

Respostas recomendadas

Bela entrevista, gostei da parte em que ele falou que não são uma empresa de marketing, são sim criadores. Achei bacana também que mencionaram a questão do custo/benefício, é importante que existam empresas que se preocupam com isso. Parabéns mais uma vez CdH.

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Legal a entrevista, vou tentar prestar mais atenção aos produtos da Artic (mas fica difícil fazer isso aqui no Brasil... ¬¬). Acho que faltou só fazer uma pergunta ou duas para saber se eles tem algum plano para o mercado brasileiro e tal, se desperta o interesse, se eles vêem oportunidade e tal.

Mas eu falo isso mesmo achando que eles não tem algo assim para o Brasil, muito pequeno o mercado e não tem lá muito da cultura "DIY/MOD" que os produtos da Artic naturalmente requerem.

Fica o abraço!

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