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Transformador de 1kva drenando 11a em vazio?


TcheRenato
Ir à solução Resolvido por albert_emule,

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Salve pessoal! Há anos tenho corujado este forum, mas, só agora me registrei para tentar resolver um problema...

Esses tempos canibalizei um Nobreak, salvo engano da marca Senoide, bem antigo e, devido as dimensões do transformador, me pareceu justo encontrar alguma utilidade mais honrosa do que mera sucata. Este é o dito cujo:

http://tcherenato.tk/tmp/fotos/2016-09-15 13.57.31.jpg

Pensei em fazer mais uma fonte parruda para a bancada, com várias saídas fixas reguladas, tensão variável, 220V/127V, 220V/220V (trafo isolador 1:1), emfim, mil e uma utilidades... Acontece que esbarrei em um problemão: minha área é mais a digital, transformadores não são o meu forte. E este está me tirando o sono! Após identificar as bobinas e testar tudo com uma lâmpada série, pluguei o monstrinho na tomada. Já de cara vi que algo não estava certo, o danado estava drenando 11A em 220V com o secundário aberto!

http://tcherenato.tk/tmp/fotos/2016-09-15 13.31.42.jpg

Reparem que nas bobinas da parte de baixo, onde originalmente era a saída 110/220 volts do NB, estou entrando com 202V da rede, e verifico uma tensão de 37,1V na parte de trás do trafo (cabos grossos - bobinas na parte superior), onde originalmente era entrada (primário) do NB. Existe ainda enrolada junto nesta mesma bobina da parte superior uma segunda bobina, onde imagino que originalmente seria a entrada 110/220V do NB e onde eu verifico uma tensão de 232,8V, conforme a foto.

Como este trafo era de uma Nobreak, que sem bem me recordo usava duas baterias automotivas 13,7V em śerie eu acho que 37,1V está dentro do esperado (bobinas em série - tem center tap).

 

Ainda outro teste que fiz foi jogar 220V da rede na bobina menor (220V na parte superior). O resultado que obtive foi este:

http://tcherenato.tk/tmp/fotos/2016-09-15 13.43.06.jpg

 

Consumo de 3,3A em vazio. Saindo 17,6V em apenas uma bobina, usando o center tap. Vista desta bobina:

http://tcherenato.tk/tmp/fotos/2016-09-15 13.49.34.jpg

 

Conexões em mais detalhes:

http://tcherenato.tk/tmp/fotos/2016-09-15 13.57.18.jpg

 

Supondo-se que não haja nenhum curto interno nas bobinas, qual explicação para este consumo de corrente tão alto?

 

[]'s

Renato

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1 hora atrás, TcheRenato disse:

11A em 220V

Com isso ele deve estar ardendo fogo né? Deixe ligado 1 ou 2 minutos e confirme. Se você não fez nenhuma cagadinha básica há uma chance de ele estar pifado mesmo. Também existe a possibilidade que ele trabalha(va) com frequência mais alta tipo 440Hz ou +. Neste caso não combina com 60Hz mesmo.

Aguarde algum comentário menos chutado

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32 minutos atrás, Isadora Ferraz disse:

Com isso ele deve estar ardendo fogo né? Deixe ligado 1 ou 2 minutos e confirme.

 

Até que não, mas acho que porque não deixei mais que 2 minutos ligado, e é muita massa pra esquentar!!! O bicho pesa uns 20Kg! Mas a julgar pelo barulho da vibração que estava fazendo, ia acabar derretendo mesmo...

 

Acho que talvez tenha resolvido: Liguei todas as 3 bobinas 220V em série, conforme esquema:

http://tcherenato.tk/tmp/fotos/2016-09-15 15.46.36.jpg

 

Com isso consegui 11+11 volts no secundário, com um consumo de 1,1A no primário, parece que está compatível o esperado. Primeiro imaginei que teria uma corrente diminuta na saída, então catei o primeiro pedaço de fio que encontrei (2,5mm) e taquei um curto no secundário. Derreteu o fio na hora!

Acho que a ligação é que estava errada. Vou fazer mais alguns teste com carga, mas parece que agora está funcionando a contento.

Se alguém tiver alguma dica sobre este tipo de trafo,  agradeço o comentário. Eu mesmo nunca tinha visto nada parecido com este, muito menos essa forma de ligação...

 

[]'s

Renato

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Provavelmente esse trafo tem duas bobinas 127v, ligadas em serie para rede de 220v e ligadas em paralelo para rede 127V.

Se você liga-las separadamente em 220v ele terá exatamente esse sintoma.

EDIT: Ou é o que a Izadora disse, ele foi bobinado para uma frequencia mais alta para usar como uma solda ponto por exemplo, aí ele trabalha quase em curto mas somente por alguns segundos.

Mas se ele era de um nobreak então não é esse o caso.

 

Esse é um transformador tipo i (de chapas em i) ou tipo U

Essas chapas na horizontal entre as bobinas são para barrar um pouco da corrente induzida.

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1 hora atrás, cesardelta1 disse:

Provavelmente esse trafo tem duas bobinas 127v, ligadas em serie para rede de 220v e ligadas em paralelo para rede 127V.

Se você liga-las separadamente em 220v ele terá exatamente esse sintoma.

 

As bobinas seguem o esquema que fiz abaixo:

http://tcherenato.tk/tmp/fotos/1.jpg

 

As bobinas "C" e "D", as de baixo, são ligadas em série. As bobinas "A" e "B" são ligadas em paralelo. As bobinas "A" e "B" são galvanicamente isoladas das bobinas "C" e "D".

Minha rede é 220V. Não usei nenhuma ligação 110V do trafo. Estas são apenas derivações centrais em todas as 4 bobinas - metade da resistência ohmica.

 

A ligação elétrica que fiz, e ao que parece deu certo, é a seguinte:

http://tcherenato.tk/tmp/fotos/2.jpg

 

Ou seja, liguei os dois conjuntos de bobinas em série.

 

***Note que o secundário é enrolado junto às bobinas "A" e "B", com fio muito grosso. Os conectores estão soldados em cabos de 10mm.

 

Já passei horas olhando essa ligação, que aparentemente deu certo e só chego a uma conclusão: nunca vi coisa mais bizarra... Um par em série e outro em paralelo?

 

Aparentemente a ligação deve ser esta mesma, pois já está ligado há horas e está levemente morno, silencioso, com 130 Watts de carga na saída do secundário.

 

Espero que apareça alguém que já tenha visto este tipo de ligação em transformador para dar-nos uma ideia do que seja.

 

PS.: tenho certeza de esse trafo é para 60Hz.

 

[]'s

Renato

1.jpg

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Algumas observações e dúvidas:

1 - Me parece que o núcleo deste trafo é um retângulo com as laterais e as horizontais inferior e superior mais largas e que há duas horizontais menos largas entre as bobinas. É isso? 

2 - Outro detalhe. Você está ciente do fato das bobinas, quando ligadas em série e no mesmo circuito magnético possuem polaridade, ou algo parecido? Se você ligar duas bobinas em série, de modo a que as duas gerações de fluxo magnético se somem, você terá a soma das tensões de cada enrolamento. Mas se você ligar os dois enrolamentos de modo a que seus fluxos magnéticos fiquem em sentidos opostos, a tensão nas bobinas serão subtraídas. Isso fará com que você aplique tensão, mas as bobinas, se possuírem o mesmo número de espiras, colocará a tensão aplicada em um curto circuito. A corrente que passará ficará limitada apenas pelas resistências dos fios. Ao ligar bobinas em série você tem que atentar para este detalhe. Siga o ferro que passa pelas duas bobinas. Para soma-las você tem que garantir que os sentidos dos enrolamentos sejam iguais. Use a regra da mão direita, por exemplo. O polegar percorre o núcleo e os outros quatro dedos coincidem com o sentido do enrolamento de um dos enrolamentos, siga com o núcleo que segue até a outra bobina. A ligação deve ser tal, que seria como você continuasse a enrolar a outra bobina no mesmo sentido. 

Se você dispuser de uma tensão menor, por exemplo de um outro trafo, que te forneça 6v, ou outra tensão pequena apenas para usar como teste, mas que suporte a corrente consumida pelas bobinas. Uma tensão pequena fará com que a bobina consuma menor corrente.

Então faça o seguinte teste. Una as duas bobinas em série, mas aplique APENAS a tensão do trafinho em uma delas. Meça a tensão ente as duas extremidades das bobinas (as extremidades que não contém a união das duas bobinas). Se a tensão for o dobro da tensão aplicada pelo trafinho, então as bobinas estão ligadas corretamente, caso contrário a tensão tenderá para um curto no trafinho. Neste caso as bobinas estarão subtraindo, estando ligadas erradas. Faça a medição rapidamente, para não causar nenhum acidente. Aliás, coloque um fusível em série para proteger a rede. 

Estude a figura em anexo.

3 - Uma pergunta. Esse trafão possuía um ou mais capacitores, aqueles parecendo uns cilindros avantajados e para alta tensão, como uns 500V, ligados nele?

MOR_AL

Trafo.jpg

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@TcheRenato Você tirou este trafo de onde? 

Me parece um trafo de no-break do tipo ferro-ressonante. 

Parece ser da marca Engetron. 

 

Este transformador trabalha junto com um banco de capacitores que fazem o circuito ressonante. 

 

Um fato curioso deste trafo aí é que a saída é estabilizada. 

Cuidado! se for mesmo um da marca Engetron, tem uma bobina nele aí que dá uns 650Vac. É a bobina dos capacitores. 

 

 

adicionado 3 minutos depois

O normal deste trafo é fazer um barulho feio e consumir corrente alta a vazio, pois este aí possui muitos reativos e fator de potência baixo. 

 

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12 horas atrás, MOR disse:

Algumas observações e dúvidas:

1 - Me parece que o núcleo deste trafo é um retângulo com as laterais e as horizontais inferior e superior mais largas e que há duas horizontais menos largas entre as bobinas. É isso? 

 

Sim, isso mesmo, um retângulo dividido ao meio, formando dois quadrados.

 

12 horas atrás, MOR disse:

2 - Outro detalhe. Você está ciente do fato das bobinas, quando ligadas em série e no mesmo circuito magnético possuem polaridade, ou algo parecido? Se você ligar duas bobinas em série, de modo a que as duas gerações de fluxo magnético se somem, você terá a soma das tensões de cada enrolamento. Mas se você ligar os dois enrolamentos de modo a que seus fluxos magnéticos fiquem em sentidos opostos, a tensão nas bobinas serão subtraídas. Isso fará com que você aplique tensão, mas as bobinas, se possuírem o mesmo número de espiras, colocará a tensão aplicada em um curto circuito. A corrente que passará ficará limitada apenas pelas resistências dos fios. Ao ligar bobinas em série você tem que atentar para este detalhe. Siga o ferro que passa pelas duas bobinas. Para soma-las você tem que garantir que os sentidos dos enrolamentos sejam iguais. Use a regra da mão direita, por exemplo. O polegar percorre o núcleo e os outros quatro dedos coincidem com o sentido do enrolamento de um dos enrolamentos, siga com o núcleo que segue até a outra bobina. A ligação deve ser tal, que seria como você continuasse a enrolar a outra bobina no mesmo sentido. 

Se você dispuser de uma tensão menor, por exemplo de um outro trafo, que te forneça 6v, ou outra tensão pequena apenas para usar como teste, mas que suporte a corrente consumida pelas bobinas. Uma tensão pequena fará com que a bobina consuma menor corrente.

Então faça o seguinte teste. Una as duas bobinas em série, mas aplique APENAS a tensão do trafinho em uma delas. Meça a tensão ente as duas extremidades das bobinas (as extremidades que não contém a união das duas bobinas). Se a tensão for o dobro da tensão aplicada pelo trafinho, então as bobinas estão ligadas corretamente, caso contrário a tensão tenderá para um curto no trafinho. Neste caso as bobinas estarão subtraindo, estando ligadas erradas. Faça a medição rapidamente, para não causar nenhum acidente. Aliás, coloque um fusível em série para proteger a rede. 

Estude a figura em anexo.

 

Sim, estive atento a este detalhe. Antes de ligar coloquei lâmpada em série com o circuito. Se estiver em contra fase fecha um curto bem feio!

 

12 horas atrás, MOR disse:

3 - Uma pergunta. Esse trafão possuía um ou mais capacitores, aqueles parecendo uns cilindros avantajados e para alta tensão, como uns 500V, ligados nele?

MOR_AL

 

 

Exato! Dois de 15uF cada, 660VAC.

 

adicionado 30 minutos depois
3 horas atrás, albert_emule disse:

@TcheRenato Você tirou este trafo de onde? 

Me parece um trafo de no-break do tipo ferro-ressonante. 

Parece ser da marca Engetron. 

 

Isso mesmo!!!!!!!!!!!!!!! Marca Engetron, modelo Senoidal.

 

3 horas atrás, albert_emule disse:

 

Este transformador trabalha junto com um banco de capacitores que fazem o circuito ressonante. 

 

Sim, 2 capacitores de 15uF cada, 660VAC.

 

3 horas atrás, albert_emule disse:

 

Um fato curioso deste trafo aí é que a saída é estabilizada. 

Cuidado! se for mesmo um da marca Engetron, tem uma bobina nele aí que dá uns 650Vac. É a bobina dos capacitores. 

 

 

adicionado 3 minutos depois

O normal deste trafo é fazer um barulho feio e consumir corrente alta a vazio, pois este aí possui muitos reativos e fator de potência baixo. 

 

 

Então, se é este o caso, minha primeira ligação estava correta, pois consegui medir mais de 500V (não lembro exatamente quanto) em uma bobina que fica apartada das demais, na parte de baixo, do lado de onde saem os fios mais grossos - onde ia o banco de baterias, conforme marcado na foto:

3.jpg

 

Minha primeira ligação foi ligar em 220V as bobinas "C" e "D". Só que para uso constante como fonte, um consumo de 11A é simplesmente inaceitável!

 

Imagino que as bobinas "A" e "B" (as da parte superior) seriam para quando o NB estivesse operando em modo "rede elétrica" (baterias carregando).

 

O engraçado é que se é assim o esquema de ligação original, a ligação que fiz colocando todas as 4 bobinas sem série com os 220V da rede me deu 12V em cada bobina do secundário, com um consumo em vazio da ordem de 1A no primário. Até seria aceitável... e já são 220W de perdas. Mas não sei quanto seria a capacidade de carga no secundário, teria que fazer mais testes. No improviso fui capaz de derreter um fio de 2,5mm só encostando no secundário.

 

Então, meu caro Albert, podemos concluir que este trafo (com seu enrolamento original), com seus altos reativos, é inútil para servir como fonte de bancada? O destino dele está selado? Ou talvez tenha alguma outra serventia? Rebobinar serviria para alguma coisa?

 

[]'s

Renato

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Ele dá corrente alta mesmo. Mas são reativos. 

Tente corrigir com bancos de capacitores AC em paralelo com a rede elétrica 220Vac.

Meça a corrente antes dos capacitores corretores de fator de potência e depois dos capacitores. 

Vá colocando capacitor em paralelo com a rede e vá vendo se a corrente de consumo vai diminuindo. 

 

A corrente do trafo não vai mudar, mas a corrente antes dos capacitores vão começando a diminuir conforme for adicionando capacitores. 

 

Este é de um modelo de no-break chamado Servitron. É tão antigo que nem tem imagens na internet kkk.

 

Ao que me lembro, sem aqueles capacitores da bobina ressonante, a tensão de saída ficava bem baixa. 

Tinha uns de 15Kva. quando os capacitores ficavam ruins, a tensão de saída abaixava de 115Vac para uns 70Vac.

 

Acho que sem capacitor ele não trabalhar corretamente

@MOR conhece bem esta tecnologia. 

 

Dá um estabilizador de tensão AC dos bons.

Aceita variações de +15% da tensão nominal da rede e -15% da tensão da rede e a saída não varia mais que 2V. 

Li em algum lugar que o rendimento energético fica em torno de 70%.

 

Dá um bom inversor senoidal: 

Basta injetar 60Hz em onda quadrada na tensão correta da bobina que na saída deste trafo você obtêm a mais pura senoide.

Mas é aquela coisa: O rendimento fica nos 70%.

 

É um trafo que esquenta e faz barulho. 

 

Se não me engano, ele também dá mais rendimento energético quando está com cargas acima de 50% de sua capacidade na saída.

 

Acho que você pode fazer com ele uma fonte estabilizada de potência mais elevada para algum tipo de teste rápido. Isso aproveitando o fato que este trafo já fornece tensão estabilizada com variações máximas de + -2% 

Para ficar ligado sem carga por longas horas acho inviável. 

 

 

 

 

 

 

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14 minutos atrás, albert_emule disse:

Este é de um modelo de no-break chamado Servitron. É tão antigo que nem tem imagens na internet kkk.

 

Achei uma foto na internet É exatamente desse cara que saiu o trafo:

foto_1456952288_63034_02_00_00.jpg

 

14 minutos atrás, albert_emule disse:

Dá um bom inversor senoidal: 

Basta injetar 60Hz em onda quadrada na tensão correta da bobina que na saída deste trafo você obtêm a mais pura senoide.

Mas é aquela coisa: O rendimento fica nos 70%.

 

Com esse rendimento, hoje em dia acho inviável.

 

14 minutos atrás, albert_emule disse:

Acho que você pode fazer com ele uma fonte estabilizada de potência mais elevada para algum tipo de teste rápido. Isso aproveitando o fato que este trafo já fornece tensão estabilizada com variações máximas de + -2% 

Para ficar ligado sem carga por longas horas acho inviável.

 

Eu acho que ele tinha 2 pares de IXTH75N10 na saída dele. São 75A cada com 300A de pulso! Deve dar até partida no motor de arranque de um carro...

 

É, o destino dele vai mesmo ser o céu dos trafos...

 

Valeu pelas dicas!

 

[]'s

Renato

 

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Bom.

1 - Este é realmente um trafo do tipo ferro-ressonante. A função dele é a de regular na saída UM VALOR RMS de tensão.

Seu funcionamento é semelhante (muito em parte) a um divisor de tensão. Da rede parte um indutor e depois um trafo retornando ao outro terminal da rede. A ideia é a que o trafo funciona perto do joelho da curva B x H. Quando a tensão da rede aumenta, o trafo avança mais para a região não linear e consumiria mais corrente. Com o aumento da corrente, o indutor apresenta uma queda maior de tensão, limitando a corrente e ficando com o aumento da tensão da rede. Sobre o trafo a tensão vai se tornando quadrada, ou seja, o valor de pico não aumenta. Com um excelente projeto, pode-se fazer com que o valor rms na saída permaneça com variação de 5% enquanto a tensão de entrada varia desde 70Vrms até 140Vrms.

Era mais utilizado em cargas para geladeiras etc. Não para circuitos eletrônicos. Pois nos projetos antigos a tensão de secundário, apesar de regular o valor rms, o mesmo não ocorria com aparelhos eletrônicos, já que envolviam retificação e filtragem. Naquela época, as tensões não ficavam exatamente quadradas e sim apareciam picos de tensão, com algum tempo de duração, tanto na transição positiva como a negativa. Parecia a parte superior da cabeça de um gato. As orelhas eram os picos de tensão e entre elas havia a tensão quase plana.

Apesar disso, a regulagem rms era excelente, mas quando se retificava a tensão de saída, os picos de tensão estragavam a regulagem.

Como na época estavam tomando conta os computadores e uma regulagem comum, do tipo série, tinha baixa eficiência, decidiram melhorar o projeto desses trafos ferro-ressonante. Começaram a eliminar os tais picos de tensão e conseguiram regulagens também para fontes de alimentação de computadores.

Esses trafos, a partir de 5kva, por possuírem uma grande energia armazenada tanto no trafo como principalmente nos capacitores (0,5 vezes C vezes V ao quadrado. Por isso os capacitores eram para tensões bem altas, pois a energia é proporcional ao quadrado da tensão sobre eles), sua utilização prática começava a se limitar em 5kva. A partir daí, os ferros do núcleo teriam que ser de melhor qualidade e muitos vinham envolvidos em areia, tudo para dissipar o enorme calor gerado.

O projeto e cálculo desses trafos é muito difícil, uma vez que alguns parâmetros não possuíam precisão. Eu mesmo cheguei a projetar um trafo desses há cerca de 35 anos. O ajuste fino do projeto acaba na tentativa e erro de acrescentar mais uma lâmina (daquelas horizontais), ou movê-las um pouco de lugar para cima ou reduzindo a distância entre os ferros horizontais e os verticais.

Se você observar bem, vai notar que os ferros horizontais não encostam em um dos lados verticais.

 

Mas para encurtar a história.

Eu poderia usar este trafo da seguinte maneira, apesar de não recomendá-lo.

1 - Não tente usá-lo como um trafo ferro-ressonante. Dá muito trabalho seu ajuste, os capacitores já devem ter perdido boa parte das capacitâncias. Substitui-los nem pensar, pois são caríssimos, pois tem que ser de boa qualidade.

2 - Pode fazer um trafo para solda elétrica, pois exige muito ferro, mas também fios grossos no secundário.

3 - Vendê-lo como sucata. O ferro nem tanto, mas o cobre vai pagar um bom jantar, hehehe.

Se interessar ainda tenho o projeto do trafo comigo, mas hoje fontes chaveadas e prontas, como de computadores, já possuem todas as tensões usadas em projetos e custam menos. Da última vez que comprei uma estava em torno de uns 60 reais.

 

MOR_AL

 

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17 minutos atrás, MOR disse:

Bom.

1 - Este é realmente um trafo do tipo ferro-ressonante. A função dele é a de regular na saída UM VALOR RMS de tensão.

 

Valeu pela aula MOR, excelente explicação. Confesso que não sabia nada sobre esse tipo de trafo, minha área é eletrônica digital.

 

Nem imaginava esta "alta" tecnologia envolvida nesse tipo de trafo, muito interessante!

 

Tentei observar se as chapas horizontais tem mesmo um lado isolado das chapas verticais mas não consegui. Parece que fizeram vários banhos de verniz nesse monstrinho, é muito sólido!

 

17 minutos atrás, MOR disse:

Mas para encurtar a história.

Eu poderia usar este trafo da seguinte maneira, apesar de não recomendá-lo.

1 - Não tente usá-lo como um trafo ferro-ressonante. Dá muito trabalho seu ajuste, os capacitores já devem ter perdido boa parte das capacitâncias. Substitui-los nem pensar, pois são caríssimos, pois tem que ser de boa qualidade.

 

Sem falar no consumo em vazio. Energia hoje custa caro!!!

 

17 minutos atrás, MOR disse:

2 - Pode fazer um trafo para solda elétrica, pois exige muito ferro, mas também fios grossos no secundário.

 

Pensei nisto, mas teria que rebobinar o secundário para pelo menos uns 50V. As chapas desse trafo têm cordões de solda. Muito trabalho! Em uma solda elétrica retificada, também poderia usá-lo como indutor, com a a função de armazenagem de energia, mas também precisaria rebobinar...

 

17 minutos atrás, MOR disse:

3 - Vendê-lo como sucata. O ferro nem tanto, mas o cobre vai pagar um bom jantar, hehehe.

 

E a gasolina pra levar o monstrinho até o ferro velho? kkkkkkkk


Eu acho que vou deixar ele quietinho no canto onde estava. Vai que um dia preciso acionar uma carga grande, tipo um motor de arranque?

 

Mais uma vez, obrigado pelas informações de todos. Nem imaginava que tivesse alguém por aqui que conhecesse exatamente esse trafo. Valeu!!!

 

PS. É preciso pedir para fechar o tópico, dar como resolvido?

 

[]'s

Renato

 

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Pessoal,

 

Uma última dúvida: onde seria, originalmente, a entrada de tensão da rede elétrica nesse trafo? A e B, marcado na foto abaixo, certo?

4.jpg

 

Levando-se em conta que estas bobinas A e B estão ligadas em PARALELO, então pensei o seguinte:

Não seria possível, refazendo a ligação entre essas duas bobinas A e B, ligando-as em SÉRIE, que eu entrasse com 220V da rede utilizando as entradas 110V (agora em série esta bobina teria o dobro de comprimento)? Assim eu ficaria longe da área de saturação do núcleo, certo? Portanto, esse trafo deixa de trabalhar como ferro-ressonante, confere?

Mesmo que eu tenha metade da corrente na saída com esta modificação, ainda é muita coisa para aproveitar! Será que funciona?

 

[]'s

Renato

 

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Bom.
1 - Este é realmente um trafo do tipo ferro-ressonante. A função dele é a de regular na saída UM VALOR RMS de tensão.
Seu funcionamento é semelhante (muito em parte) a um divisor de tensão. Da rede parte um indutor e depois um trafo retornando ao outro terminal da rede. A ideia é a que o trafo funciona perto do joelho da curva B x H. Quando a tensão da rede aumenta, o trafo avança mais para a região não linear e consumiria mais corrente. Com o aumento da corrente, o indutor apresenta uma queda maior de tensão, limitando a corrente e ficando com o aumento da tensão da rede. Sobre o trafo a tensão vai se tornando quadrada, ou seja, o valor de pico não aumenta. Com um excelente projeto, pode-se fazer com que o valor rms na saída permaneça com variação de 5% enquanto a tensão de entrada varia desde 70Vrms até 140Vrms.

 

Então os projetos se tornaram ultra excelentes, pois este estabiliza mesmo. Testei em variac e osciloscópio.

A variação máxima é de uns 2% para mais e menos 15%. 

A onda de saída é senoidal pura mesmo.

Instalei e dei manutenção em muito destes por aí nas industrias.

Só uma única vez que que deu problema. Não funcionou com um tipo de carga. 




Esses trafos, a partir de 5kva, por possuírem uma grande energia armazenada tanto no trafo como principalmente nos capacitores (0,5 vezes C vezes V ao quadrado. Por isso os capacitores eram para tensões bem altas, pois a energia é proporcional ao quadrado da tensão sobre eles), sua utilização prática começava a se limitar em 5kva. A partir daí, os ferros do núcleo teriam que ser de melhor qualidade e muitos vinham envolvidos em areia, tudo para dissipar o enorme calor gerado.

 

Neste estilo do trafo do amigo, a empresa Engetron fabricava em potência de até 20Kva.

Funcionavam muito bem nas industrias. 

 

Podem até ser ineficientes, Mas para suprir energia em missões muito críticas eles continuam sendo os melhores e por isso ainda são vendidos. Muito raramente, mas ainda vendem.

O histórico de defeito é incrivelmente baixo. Diferente dos modelos Micro-controlados que usam PWM. de alta freqüência. 

Nestes ferro-ressoantes o único defeito que dá com mais freqüência são os capacitores. Mas os capacitores possuem tempo de vida útil previsível, dando tempo de programar a manutenção. 

 

Os modelos PWM são imprevisíveis. Dão defeito sem aviso prévio. A etapa eletrônica é muito mais complexa e por isso está matematicamente susceptível a muitas vezes mais defeitos.  

Hoje em dia já desenvolveram um tipo de funcionamento redundante, onde você conecta dois no-breaks e eles trabalham juntos dividindo a carga. Ficam os dois sincronizados em 60Hz. Se um pára, o outro assume 100% da carga.

 



1 - Não tente usá-lo como um trafo ferro-ressonante. Dá muito trabalho seu ajuste, os capacitores já devem ter perdido boa parte das capacitâncias. Substitui-los nem pensar, pois são caríssimos, pois tem que ser de boa qualidade.

 Os capacitores de qualidade muito boa duram mais de 6 anos. 

Mas capacitores comuns destes que se usam em corretor de fator de potência duram uns 4 anos.

Eu sei pois tenho feito manutenção. Como eu disse, ainda tem alguns deles funcionando por aí nas empresas. 



 
 

 

adicionado 2 minutos depois
1 hora atrás, TcheRenato disse:

Pessoal,

 

Uma última dúvida: onde seria, originalmente, a entrada de tensão da rede elétrica nesse trafo? A e B, marcado na foto abaixo, certo?

4.jpg

 

Levando-se em conta que estas bobinas A e B estão ligadas em PARALELO, então pensei o seguinte:

Não seria possível, refazendo a ligação entre essas duas bobinas A e B, ligando-as em SÉRIE, que eu entrasse com 220V da rede utilizando as entradas 110V (agora em série esta bobina teria o dobro de comprimento)? Assim eu ficaria longe da área de saturação do núcleo, certo? Portanto, esse trafo deixa de trabalhar como ferro-ressonante, confere?

Mesmo que eu tenha metade da corrente na saída com esta modificação, ainda é muita coisa para aproveitar! Será que funciona?

 

[]'s

Renato

 

 

Todos estes modelos da Engetron tinha uma configuração no trafo que permitia ligar em série para 220V e em paralelo para 110Vac.

 

Já não lembro muito o esquema de ligação. 

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7 minutos atrás, albert_emule disse:

Todos estes modelos da Engetron tinha uma configuração no trafo que permitia ligar em série para 220V e em paralelo para 110Vac.

 

Já não lembro muito o esquema de ligação. 


O esquema de ligação parece ser simples, dá para identificar na foto abaixo, nas etiquetas. Se clicar na foto dá pra ver melhor em tamanho maior, a foto é bem grande.

4.jpg

 

Nas bobinas de cima (A e B ), da esquerda para a direita: E220, E127 e terminal sem etiqueta (Comum). Imagino ser aí a entrada da rede. Fácil identificar os 220V onde tenho que ligar. Minha pergunta é outra:

Como essas duas bobinas (A e B ) estão ligadas em paralelo, estou imaginando se daria certo eu cortar 2 destes 3 cabos pretos da foto, os quais interligam estas duas bobinas, refazendo a ligação para que estas fiquem conectadas por uma ligação SÉRIE. Ligando essas duas bobinas em série, teoricamente, eu teria duas ligações possíveis para estas bobinas:
254V (127*2) - onde era a entrada 127V;
440V (220*2)- onde era a entrada 220V.

 

Ora, se o comprimento da bobina dobrou com a ligação série, a resistência também dobrou, então posso jogar 220V na entrada de 127V.

Penso se com isso eu não diminuiria também pela metade o campo magnético, deixando assim o trafo trabalhando mais distante da zona de saturação. Como é característica dos trafos ferro-ressonantes trabalhar muito próximo da zona de saturação do núcleo, imagino que eu estaria modificando a forma de trabalho desso trafo, fazendo-o trabalhar de modo mais "normal", sem esse consumo exagerado em vazio...

 

Será que estou pensando bobagem?

 

Se eu arrumar um ferro tipo machadinha amanhã vou refazer essa ligação destas duas bobinas e ver no que dá.

 

[]'s

Renato

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Os dois trechos horizontais internos produzem um shunt magnético entre as bobinas do primário e as dos dois secundários, cada um com duas bobinas. Como parte do fluxo não vai para os secundários, então cria uma bobina no circuito equivalente. A que mencionei acima.

Isso é importante para o trafo ferro-ressonante, mas para um trafo comum, é como se os ferros fossem menores. Se você pretende usar entrando com a energia pelos primários e saindo pelos secundários, é melhor deixar que todo fluxo magnético, que é gerado pelos primários, também passe pelos secundários. Logo, para um trafo normal, os shunts magnéticos funcionam como se parte do fluxo magnético fosse perdido. Ou o equivalente a um trafo menor.

 

Observei (agora) o terceiro grupo composto por dois enrolamentos. A finalidade deles é para compensar a pequena subida (inclinação) da tensão de saída. Mas são poucas espiras. Se ainda me lembro, o fluxo deles fica oposto ao fluxo do primeiro secundário.

Mas também parte deles podem formar os enrolamentos do secundário. Como disse, é bem chato mexer com isso.

MOR_AL

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1 hora atrás, MOR disse:

Observei (agora) o terceiro grupo composto por dois enrolamentos. A finalidade deles é para compensar a pequena subida (inclinação) da tensão de saída. Se ainda me lembro, o fluxo deles fica oposto ao fluxo do primeiro secundário.

Mas também parte deles podem formar os enrolamentos do secundário. Como disse, é bem chato mexer com isso.

MOR_AL

 

Eu achava que estes enrolamentos bem debaixo seriam para ter outras tensões diferentes, mas faz sentido. Esse trafo cada vez fica mais complicado pro meu entendimento!!! kkkkkkkkkkkkkkkkkk

 

Resolvi tirar a dúvida de uma vez:

5.jpg

 

Separei os enrolamentos que estavam em paralelo, coloquei o de 127V em série e taquei 220V nele.

Como eu esperava, nada explodiu. Medi 17,71 na saída (banco de baterias) em cada bobina.

Essa configuração já seria utilizável, não fosse o malévolo do consumo desse trafo: 3,9A em 208V.

Realmente agora estou jogando a toalha! Desisto.

 

Obrigado a todos pela lição aprendida: transformador ferro-ressonante é coisa pra quem entende do assunto. Eu fora!

 

[]'s

Renato

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Vejam vocês uma curiosidade:

 

Estes no-breaks aqui, pelo menos os modelos monofásicos são todos Ferro-ressonantes:

http://www.logmaster.com.br/?produtos=Série+VIPMASTER-3

 

Eu reparei muito destes no-breaks

Vejam uma foto mostrando o velho transformador ferro-ressonante kkkk:

nobreak%20logmaster%20vpmaster%20m-tm-02 

adicionado 4 minutos depois

As únicas novidades que eu não acompanhei são estes modelos com entrada TRI e saída monofásica e o estágio corretor de fator de potência. 

 

Eles podem ter baixo rendimento, mas o histórico de defeito é bem pequeno. São bem resistentes também. 

Não dão problemas com curto-circuito na saída e coisas do tipo. 

 

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Quando o trafo estiver em curto o indutor equivalente ao divisor de tensão limita a corrente, por isso é que podem entrar em curto.

Outro fato, que considero importante, é que este modelo pode ser projetado como fonte de tensão constante (este caso), ou como fonte de corrente constante (para alimentar lâmpadas fluorescentes, ou a gás ionizado) ou como fonte de potência constante (?).

MOR_AL

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