Gente. Eu não tenho ilusões de que tudo possa dar certo. Mas as vezes idéias que não deram certo de um jeito podem ser viáveis de outra forma. Inventores curiosos são assim mesmo! Eu só tento manter o mesmo ânimo do tempo de garoto. Também estou ciente que as leis da física "que por sinal, eu não as sei" todas, são importantes. E o certo seria eu conhece-las. Também sei das farsas ao longo dos anos apresentadas na mídia. Mas também conheço bem as manipulações da mídia para tornar as coisas verdadeiras ou falsas, independente das mesmas o serem ou não!
Eu lembro do primeiro carro a água que foi apresentado em 1977 pelo Sr. Sidnei Godolfin. Ele era além de curioso na mecânica, professor de música na Ilha do Governador no Rio de Janeiro. Eu cheguei a tentar contato pessoalmente com ele no final dos anos 80, quando eu ainda servia na FAB na Base aérea do Galeão que era próximo. Ele não recebia mais ninguém por medo, por conta dos 4 atentados que ele sofreu por causa do invento. Se ele era um farsante ou não, eu não sei, mas se atentaram contra a vida dele 4 vezes após ameaças veladas, talvez tivesse algo de real no experimento dele que fosse atrapalhar muito né! Aliás o que eu iria dizer à ele se tivesse tido oportunidade, era para que ele tornasse o projeto público, dando-lhe a real noção de que ele nunca ganharia dinheiro com aquilo, e nem mesmo livraria o Brasil da dependência total do petróleo por conta dos interesses e da violência contida por trás disso. Esse era o maior desejo dele. Na época não existia internet, e eu iria ajudar-lhe a espalhar cópias do projeto em pelo menos umas cem oficinas por todo o Rio de Janeiro e enviar também para outros estados. Assim seria impossível da ideia ser detida depois que chegasse e se popularizasse nos "laboratórios" de fundo de quintal.
Eu entendo o pensamento cético dos engenheiros formados, mas exatamente os mesmos engenheiros disseram um dia que se um trem chegasse a incríveis 80 km por hora a composição se desintegraria, e mesmo ainda na época das locomotivas à vapor tivemos locomotiva chegando aos 200km por hora. A física quântica está aí para fazer outras afirmações, que como a da locomotiva, não serem sustentadas com tanta veemência.
Quanto aos motores funcionarem ou não com óleo vegetal, existe um documentário que não me recordo se é da Discovery, ou National Geografic, ou outro, que mostra o ocorrido numa ilha em que para os serviços de uma empresa inglesa foram levados máquinas, caminhões, tratores e o reabastecimento de combustível e todos os outros suprimentos eram feitos por navio. aí o tempo passou, o serviço acabou, eles foram embora e deixaram as máquinas para trás. Existia uma população nativa amigável e depois de alguns anos a empresa enviou novamente representantes à ilha, e para a surpresa de todos as máquinas e veículos, incluindo gerador estavam sendo utilizados pela população, sem o abastecimento periódico de diesel que era trazido por navio enquanto o trabalho durou na ilha, e eles investigaram, e descobriram que os nativos conseguiram fazer funcionar as máquinas com o mesmo óleo extraído do côco que eles utilizavam a centenas de anos nas lamparinas! Nenhum deles lá estudou química ou física.
Quem é inventor, ou apenas um entusiasta de montar "coisas", seja formado ou não, tem que ter uma coisa que eu considero mais importante do que o conhecimento teórico e até mesmo que o sucesso prático e efetivo dos tais inventos. É a alegria, e até uma certa inocência desses loucos que se comprazem em meio as ferramentas, sucatas, coisas achadas na rua, coisas vistas em filmes, na internet, enfim, a alegria de tentar sem tanto compromisso com reconhecimento acadêmico. É o não levar-se tão à sério que faz a diferença entre gostar de inventar por prazer e estar prezo à regras que a história mostra que podem ser quebradas a qualquer momento por um cara que caça de lança numa ilha isolada do mundo, que nunca ouviu falar de teoria de relatividade, nem de termodinâmica, nem de "eu não pósso". Não existem regras limitadoras para a imaginação.
Para encerrar, eu gostaria de deixar aqui uma frase que era o lema do Esquadrão de reabastecimento aéreo de Caças e transporte em que servi de 1986 até 1990, frase criada pelo Capitão aviador Collens:
"O impossível é a medida da capacidade de cada um".