Acesso rotineiramente este site, que dispõe de informações realmente preciosas, de modo que quase sempre encontro o que procuro.
Mas hoje infelizmente me deparei com algo que me deixou indignado, me fez sentir obrigado a corrigir algumas informações equivocadas.
Infelizmente, hoje em dia, existem pessoas se aproveitam da ignorância alheia para falar de temas que não entendem, como se fossem autoridade no assunto, levando pessoas de boa fé a acreditar em falarcias.
O artigo publicado no site "A falarcia do Fator de Correção de Potência (PFC)" já demonstra que seu autor sequer sabe o significado do termo.
Mas como não estou aqui apenas para criticar, vou procurar ser útil e esclarecer algumas das afirmações escabrosas que encontrei no artigo.
1- PFC (Power Factor Corrector) = (Circuitoou ou conversor) Corretor de Fator de Potência.
2- Fator de potência é a relação entre a potência ativa e a potência aparente (definida pelo produto entre tensão e corrente eficaz).
3- A energia reativa consumida por cargas não-lineares (como por exemplo os retificadores) não tem nada a ver com a energia reativa consumida por cargas indutivas (como por exemplo em motores)
4- A energia reativa drenada por cargas indutivas, se caracteriza pelo defazamento entre tensão e corrente na rede. Pode-se decompor esta corrente (senoidal tal qual a tensão) em duas parcelas, uma em fase, que representa a potência ativa, e uma em quadratura, que representa a potência reativa.
A compensação desta energia reativa realmente pode ser feita utilizando bancos de capacitores, filtros ativos, passivos, etc..
Neste caso, onde não há distorção na corrente (ela é senoidal) o fator de potência se confunde com o fator de deslocamente( dado pelo cosseno do ângulo de defasamento).
5- Já as cargas não-lineares drenam correntes distorcidas, e não correntes senoidais defasadas em relação à tensão. Uma corrente distorcida, mas periódica, pode ser decomposta na soma de senos e cossenos, com frequências multiplas da da componente fundamental, denominados componentes harmônicas. O produto destas componentes harmônicas de corrente, pela tensão senoidal da rede, dá origem a um outro tipo de enrgia reativa.
6- Estas cargas não-lineares, são compostas basicamente por equipamentos eletro-eletrônicos, como computadores, TVs, DVDs, etc.. Na verdade são os retificadores (que convertem tensão alternada em contínua) as cargas não-lineares.
7- Estas componentes harmônicas de corrente, circulando na rede elétrica, geram inúmeros problemas, desde aumento de perdas, aquecimento de equipamentos como transformadores, até interferência em outros equipamentos eletrônicos sensíveis, como equipamentos médico-hospitalares, ou distorção da tensão, devido à circulação destas harmônicas pelas impedâncias da rede, etc..
8- No Brasil estas cargas não-lineares não representam ainda um grande problema para a rede elétrica, mas para países mais desenvolvidos, com maior quantidade de cargas não-lineares, a questão é bastante séria.
Por isso, as normas estabelecem não somente limites para o fator de potência (determinado pelo fator de deslocamento e pelas componentes harmônicas), mas também define limites bastantes restritos para a distorçao harmônica e para componentes harmônicas específicas.
9- É verdade que o Brasil está atrasado e ainda não dispõe de normas para regular as componentes harmônicas injetadas na rede. Por isso, para o consumidor brasileiro (industrial ou doméstico), não faz diferença a fonte apresentar ou não PFC, não implica em economia na conta de luz. Também não reduz o rendimento. Pode no máximo causar interferência em outros equipamentos. Mas acredito (e espero) que seja apenas questão de tempo para o Brasil adotar normas semelhantes às adotadas na Europa, Japão e América do Norte.
Não vou entrar em maiores detalhes sobre o assunto, para não tornar este texto muito extenso, mas se alguém tiver interesse em maiores esclarecimentos, ou indicação de boas referências sobre o assunto, estou à disposição.