Ir ao conteúdo
  • Cadastre-se

Acrophobos

Membro Júnior
  • Posts

    9
  • Cadastrado em

  • Última visita

Reputação

8
  1. Que bom. É sempre bom lembrar que para cada entrave no país, ele só resiste quando tem muita gente lucrando com ele. Problemas na lógistica por dependência no transporte rodoviário? Empresas de sobra no setor, muita seguradora para lucrar no transporte de cargas e a bomba cai no colo dos caminhoneiros, que têm que cumprir cronogramas absurdos. Legislação tributária que é uma colcha de retalhos difícil de distinguir? Existe advogado tributarista de sobra para ganhar uma bolada como guia de cegos em labirinto. Brechas na lei de contratos públicos e licitações? Maravilha, só contar com um incompetente ou convencer um cidadão a licitar colocando algumas vírgulas fora do lugar e a beneficiada tem acesso ao maior rio de dinheiro que circula no país. Infelizmente esse país é vítima de centenas de milhares de pessoas que disputam o que é público entre si. Acredito que não tenho entrado em contradição com que você escreveu, apenas não entrei em detalhe. Os valores brutos praticados por uma pessoa minimamente competente são planejados para cobrir os impostos que eles vão gerar.
  2. Quanto aos impostos mencionados, cada um respeita uma regra diferente. Duas coisas que você deve dar atenção ao analisar um imposto é seu fato gerador (o que faz ele ser cobrado) e a base de cálculo da alíquota (qual valor declarado é utilizado). Você portanto não pode colocar IPI e COFINS lado a lado e discutir a falta de desconto do que já foi pago na fase anterior da cadeia produtiva pois o IPI refere-se ao produto industrializado (base de cálculo é o preço de venda) e COFINS (base de cálculo é o faturamento mensal ou total de receitas de uma PJ, que não necessariamente lida com industrialização de produtos). Sugiro uma consulta rápida ao site da Receita Federal, que descreve cada um dos impostos mencionados funciona. Ou na Wikipedia em português, que possui artigos curtos mas bem escritos (raridade) sobre cada um dos impostos. Concordo com o último parágrafo. Temos que entender, no entanto, que a indústria automobilística é cliente de muitas empresas brasileiras e toda uma economia criada exatamente para sustentar as montadoras foi criada no país. Por isso mesmo o Governo Federal ainda vive negociando benesses às grandes montadoras e essas fazem promessas que não são cumpridas (somos reféns dessas empresas e pagamos caro por isso). Não sei se realmente nos faria bem abandonar esse negócio mas definitivamente devemos criar um programa para diversificar a economia, que seria fácil caso não tivesse um sem-número de interesses contrários para contrariar.
  3. Sério, eu não entendi o que você quis dizer com tudo isso. É suficiente e sobra de forma planejada para o governo honrar os compromissos com quem detém títulos da dívida pública. E essa alusão à caixa d'água não funciona pois a dinâmica de um país é bem diferente de uma empresa (está mais para um grande conglomerado, ele pode entrar no vermelho e permanecer por lá desde que convença que está em posição de quitar a dívida caso todos os credores resolvam receber no mesmo instante). Um país pode operar em déficits sucessivos como os EUA nos ensinam, bastando a eles que o congresso aprove o aumento da dívida (lembra aquele "quase default" dos EUA ano passado?). Poderia especificar qual estatal é essa? Era concursado? Celetista ou estatutário? Uma fatia considerável dos servidores e funcionários públicos que conheço votaram na Marina, tirando alguns poucos redutos petistas que, por incrível que pareça, não votaram pensando no próprio bolso pois o aumento da maioria das categorias foi inexpressivo nesses últimos anos. Nem vou pedir muito detalhamento nessa sua história de bolsista pois vejo que vai entrar naquela espiral típica dos que ainda tentam explicar o "revés" na eleição presidencial. Espiral pouco factual, diga-se de passagem, que envolve culpar os pobres vendidos (típica atribuição de culpa à vítima, pois a "meritocracia" é o sistema ideal, perfeito e incorruptível) e os "não-cidadãos-de-bem". E não, isso não é um convite à resposta. Nos poupe. Depois desse trecho fico seriamente em dúvida se você trabalhou mesmo em uma estatal. Só os parlamentares podem dar aumentos salariais a si mesmos (e ao presidente do STF, que é o teto do serviço público, e ao presidente da república), todos os demais ficam à mercê da administração pública para obter aumentos, que podem ficar MUITO defasados com o tempo (todos exceto docentes de institutos de nível superior vinculados ao Ministério da Educação e alguns cargos civis vinculados ao Ministério da Defesa tem vencimentos que vão desde o "suficiente" até o "ridiculamente baixo"). E não sei o porquê da anedota do mecânico pois isso foge à realidade da absoluta maioria dos servidores públicos, o que você supostamente deveria saber se tomasse alguns minutos do seu dia para conversar com seus colegas. Mais uma vez, exceções à regra. Tais farras acontecem com cargos de alto escalão (aposentadorias de oficiais das forças armadas e desembargadores são os mais frequentemente passadas adiante) e contam tanto com furos da legislação como a má fé de muitos beneficiários (e beneficiárias) para se perpetuar. Maitê Proença é o exemplo mais famoso disso e como beneficiária, a mais vocal das opositoras ao governo (o que por si só já coloca em dúvida sua afirmação que a eleição presidencial foi decidida exclusivamente pelo número de rabos presos). Sou engenheiro. O convívio com pessoas das mais diversas áreas e a mente aberta (não para o preconceito pessoal, caso minha intolerância para o achismo não tenha ficado clara o suficiente) para conversar sobre as perspectivas de cada uma me dá alguma noção para debater sobre outras áreas, incluindo aí o Direito.
  4. Não sei exatamente o que você quis dizer com esse trecho então achei pertinente lembrar que impostos que afetam toda cadeia produtiva não são aplicados sucessivas vezes sobre a mesma base de cálculo (no Direitês, bis in idem é ilegal no Brasil). O que acontece é que casos em que há diversos agentes envolvidos, impostos como ICMS incidem sobre o valor-base na origem e nos níveis sucessivos só age sobre o valor agregado (o valor declarado é o total, mas desconta-se o que já foi pago nos "níveis" anteriores). Vejo que você se excedeu aí, escrevendo sobre coisa que não tem absolutamente nada a ver com imposto e muito menos com as propostas de unificação de impostos que correm por aí: -Cabide de emprego só é possível para cargos de não-concursados (os infames cargos comissionados). Como criar e manter uma vaga de concursado custa, e é um custo praticamente permanente, usam-se os cargos comissionados para tapar o buraco do serviço público (sim, FALTAM servidores públicos apesar de toda opinião ignorante do contrário). Pela sensibilidade das informações, a Receita Federal NÃO admite comissionados para lidar com qualquer tarefa que envolva auditoria, fiscalização e controle. -Outra possibilidade era que o cabide é sim sustentado pela carga tributária e que a implantação do imposto único acabaria com essa abundância de dinheiro público. Isso é completamente equivocado pois a maioria das propostas não tem como objetivo reduzir a alíquota de tributo (algumas propostas inclusive falam em aumento, para colocar todos os impostos absorvidos em um mesmo patamar) e sim simplificar a declaração. -Por último, as propostas de imposto único visam apenas simplificar o processo de declaração tributária. Ao contrário do que parece ser sua interpretação, tributos continuarão distribuídos através da cadeia econômica (do contrário, você quebraria o setor de comércio e serviços) e, no caso do próprio ICMS, cobrados diretamente do consumidor final, como já é feito hoje (só olhar na gôndola do supermercado).
  5. 1- O que afinal você veio fazer nesse tópico então? 2- Não vi uma matéria jornalística citada especificamente por você. Dizer que pertence à Rede Globo não significa alguma coisa, você pode estar falando tanto de uma matéria legítima como o discurso do seu comentarista preferido. 3- Você sumarizou tudo como "eu vi isso pela Rede Globo, é verdade e ponto final". Apenas expus algumas das diversas fontes que posso citar para reafirmar minha opinião. E aí? 4- Como quiser. Está aí o que julgo ser necessário para você tirar esse pré-conceito seu de o Brasil ser um cão vadio na política internacional. Não podemos impor nossa posição pelas armas mas todo instante que algum representante brasileiro discursa sobre um assunto internacional, a maioria dos líderes mundiais param para prestar atenção. 5- Não diminui você, diminui o que você escreveu. Extrapole como quiser. 6- Não estou impondo nada, apenas disse que você está completamente errado e na impaciência de ter que ficar debatendo longamente com alguém que não construiu um argumento decente, citei tudo que pode colocar em cheque o que você escreveu. Se você quiser aprovação incondicional, poste isso no Facebook acompanhado de uma foto de um animal de estimação. E por último, como esse tópico é exclusivo para debate sobre a temática introduzida pela matéria, eu tenho liberdade de dizer que uma pessoa ou outra está completamente equivocada desde que eu me dê o trabalho de provar que não é uma afirmação leviana (o que eu fiz, vide as matérias e artigos citados). Agora se você está acostumado com a conformidade e com câmaras de eco que se travestem de debates, só me resta te dar meus pêsames.
  6. Para desmentir logo de cara essa sua afirmação que eu tentei criar atrito à toa, vou rechear o post de links (que inevitavelmente levarão a outras publicações que confirmarão toda a história). Relevância diplomática do Brasil: -Obama pagando pau para o então presidente Lula em uma reunião do G20 (não é apelo ao eleitor norte-americano muito menos um simples afago de ego pois esse tratamento não foi dado aos aliados usuais): http://noticias.terra.com.br/brasil/quotesse-e-o-caraquot-diz-obama-sobre-lula,53493e232cb4b310VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html -Reação imediata ao escândalo de espionagem dos EUA (com os mesmos confirmando o comum acordo para minimizar o estrago): http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,dilma-cancela-viagem-aos-eua,1075730 -Notícia do discurso da Dilma na abertura da Assembléia Geral das Nações Unidas. O subtítulo já deixa claro a importância do Brasil (o representante dele que faz o discurso de abertura): http://g1.globo.com/mundo/noticia/2014/09/na-onu-dilma-diz-que-o-mundo-nao-pode-aceitar-barbarie-na-siria.html -Israel pedindo desculpas ao Itamaraty após a gafe (e com razão, foi por um acordo diplomático construído pelo diplomata brasileiro Osvaldo Aranha que Israel teve seu reconhecimento pela ONU. Isso resultou em diversas homenagens em Israel): http://g1.globo.com/mundo/noticia/2014/08/presidente-eleito-de-israel-pede-desculpas-dilma-diz-planalto.html -Ucrânia pedindo ao Brasil um posicionamento oficial: http://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2014/03/27/embaixador-da-ucrania-pede-que-brasil-nao-fique-em-cima-do-muro-sobre-anexacao-da-crimeia.htm -Relações Brasil-Irã, ora elogiada pela aproximação e abertura ao dialógo com o ocidente, ora criticada pela conivência com as práticas iranianas: http://oglobo.globo.com/mundo/sobre-as-relacoes-entre-ira-brasil-12919089 -Vazamentos do Wikileaks, com todas as matérias relacionadas: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2010/12/veja-mensagens-vazadas-pelo-wikileaks-que-citam-o-brasil.html Paraguai e Itaipu: -PIB do Paraguai: 35 bilhões -PIB da Região Sudeste do Brasil (mais da metade do PIB nacional): 1,7 trilhões -Regiões afetadas pela rede de distribuição de Itaipu e outras informações: http://noticias.terra.com.br/brasil/problema-em-itaipu-causa-apagao-em-18-estados-do-pais,24680970847ea310VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html Bolívia e Petrobras: -Ressarcimento da nacionalização e valores envolvidos: http://g1.globo.com/Noticias/Negocios/0,,MUL34664-5600-1921,00.html Agora sobre a percepção do Brasil -Sobre o setor de informática brasileiro: http://opiniao.estadao.com.br/noticias/geral,investir-mais-em-pesquisa-imp-,671145 "Ainda se investe pouco, falta pessoal qualificado, é baixa a produção de patentes e continua muito pequena a participação do setor privado nos investimentos em ciência e tecnologia" -Sobre a escassez de engenheiros: http://opiniao.estadao.com.br/noticias/geral,a-falta-de-engenheiros-imp-,840931 -Mais sobre escassez de engenheiros: http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=20486 -Sobre o relatório acima, matéria da Globo: http://g1.globo.com/bom-dia-brasil/noticia/2013/11/brasil-tem-engenheiros-suficientes-mas-falta-especializacao-alerta-ipea.html -Uma abordagem mais acadêmica: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-33002014000100004&script=sci_arttext -Sobre P&D no Brasil: http://www.estadao.com.br/noticias/geral,ciencia-no-setor-privado-ainda-frustra-imp-,655571 -Mais sobre P&D e sobre a engenharia no Brasil. Esse texto toca em quase todos os pontos discutidos anteriormente aqui (texto bem longo mas completíssimo): http://educacao.estadao.com.br/noticias/geral,artigo-para-que-devem-ser-formados-os-novos-engenheiros,838027 Espero que com isso tenha estabelecido meu ponto de que a mentalidade empresarial brasileira é um dos maiores gargalos para saírmos da condição de meros consumidores de produtos defasados.
  7. Primeiro de tudo, passei batido pelo que foi escrito anteriormente já que o próprio Gabriel Torres teve de insistir que parassem de sair do assunto do tópico para discutir política (eu sei, tá na moda mas aqui não é o local para isso). Então estou partindo desde então. Concordo com sua colocação sobre a infame Reserva de Mercado mas acredito que o fracasso dela tem mais a ver com a cultura empresarial brasileira do que com a ausência de gênios brasileiros. Temos sim um excelente potencial tecnológico mas isso é jogado fora no momento que a grande maioria dos empresários e os investidores optam pelos projetos de curto prazo. Se você duvida do potencial brasileiro, basta ver como algumas das universidades públicas (que recebem do MEC o MÍNIMO para não desmoronar) conseguem a despeito de todas os fatores contrários desenvolver tecnologias bem impressionantes e em alguns casos ser vanguarda no desenvolvimento científico. O brasileiro médio do Centro-Sul brasileiro adora falar como o Norte e Nordeste atrasam o país enquanto nessas regiões se desenvolve pesquisas médicas bem avançadas relativas ao câncer e a AIDS. Adora lembrar que o país é um vira-lata tecnológico mas não sabe da existência do Laboratório de Luz Síncroton em Campinas, que é o ÚNICO acelerador de partículas no hemisfério sul. Ou aplaude a palhaçada que o futuro senador de São Paulo, José Serra, admitiu com a sabotagem do projeto do trem-bala ligando Rio a SP e que poderia servir de vitrine para as pesquisas desenvolvidas no COPPE-RJ sobre supercondutores. Ou o caso do satélite sino-brasileiro lançado ontem com sucesso (e que quase NINGUÉM fez questão de comemorar). Estamos em um país que o desenvolvimento tecnológico do país se concentra na mão do poder público e que esse tem que conviver com a absoluta ignorância e desprezo do brasileiro médio ao que é feito aqui, e que a iniciativa privada de muita má fé o culpa pela "baixa qualificação" do brasileiro mesmo com centenas de iniciativas nacionais apontando o contrário. Agora quanto ao Japão e China, são dois casos que fogem e muito à nossa realidade. Japão fez um projeto bem organizado entre poder público e iniciativa privada, criou toda uma filosofia de negócios nova (que o ocidente ainda custa em adotar) e com uma série de "sacrifícios", tirou décadas de defasagem e invadiu com tudo o mercado norte-americano (para os automóveis, isso foi traumático. Nos primeiros anos haviam postos de combustíveis que boicotavam o serviço a carros japoneses). Já os chineses, contam com uma mão de obra obscenamente barata e numerosa, teve um governo centralizador forte para coordenar a entrada de empresas estrangeiras, a engenharia-reversa dos produtos que eram montados lá e a transição em andamento da simples cópia para um produto "original" (chineses já fabricavam e vendiam celulares dual-chips quando a ideia ainda era debatida na indústria). O literal exército de engenheiros chineses e os saltos que eles estão dando, é questão de tempo até que a produção científica e os produtos desenvolvidos lá que hoje são tidos como piada inundem o mundo. Fugiu do tópico, na minha opinião, mas vou responder pois considero todas suas afirmações erradas. Muito achismo e pouca factualidade. -Não há canseira alguma em ser recebido nos EUA. Representantes legítimos do país tem a total atenção dos EUA pois sabem a absurda influência que o Brasil tem na América Latina e o poder de barganha que temos no ramo diplomático (só nos falta uma cadeira no conselho permanente de segurança da ONU), que levou até Israel a pedir desculpas publicamente pelo insulto de um representante (o que, pasmem, desapontou muito brasileiro por aí). Se você quiser ver o que realmente eles pensam da gente, olhe o conteúdo que foi vazado pela Wikileaks. Em suma, eles tem receio do que podemos fazer mas também não fazem questão de construir alguma relação que leve em consideração nossos interesses pois vêem isso como submissão. -Depende do que você considera "vantagem". Paraguai é um país minúsculo seja qual critério que você adote em comparação com o Brasil, e não é surpresa que Itaipu responda por quase toda energia consumida lá. Aqui ela abastece boa parte da região Sudeste, que é modéstia à parte o motor da economia brasileira. Compare os PIBs envolvidos e veja quem tem vantagem nessa história -Evo (e não Ivo) Morales se apropriou de instalações de uma subsidiária da Petrobras para exploração de gás natural, que é o principal produto de exportação da Bolívia e foi alvo de nacionalização (compreensivelmente). Depois de muita disputa, a Petrobras foi ressarcida (se o valor foi de fato justo, aí são outros 500). Seria muita hipocrisia sermos contra o imperialismo norte-americano mas reforçarmos o imperialismo brasileiro, sufocando uma das raríssimas tentativas de fazer a Bolívia um país menos pobre.
  8. Procurei no texto e depois aqui uma menção a um dos PRINCIPAIS motivos da ocorrência desse tipo de prática de defasagem de produtos produzidos no país por empresas estrangeiras. Falou-se em cultura do brasileiro na primeira página mas isso é apenas meia-verdade. Deixo aqui algumas observações, parte delas fruto da contribuição de um amigo sobre a prática que ocorre na empresa que ele trabalha (não direi qual é, apenas direi que ela é dona de marcas que você provavelmente encontrará por toda sua casa). Espero que aí voltemos ao assunto do artigo escrito. 1- Brasileiro não paga caro por impostos, burocracia, problemas logísticos, corrupção, desperdício e afins. Brasileiro paga caro por que aceita pagar, pagar caro é sinônimo de status e todas as empresas instaladas aqui tem completa ciência disso. Pagar caro por um carro sem nenhum opcional pode parecer burrice lá fora, aqui já é sinal de exclusividade. 2- Brasil é um país extremamente lucrativo de se fazer negócio, tanto pelo item acima quanto pelo potencial de ascensão social. Pessoas muito ricas consomem produtos exóticos, cuja produção e consumo é medida em centenas e é estável. A dita nova classe média consome produtos que são originadas da produção em alta escala, tem alta rotatividade e sempre estão atrás de novidades (inclusive aquela TV 49 polegadas em promoção para o fim de ano). Os ricos estabilizam a economia mas os pobres em ascensão que são o verdadeiro motor dela (e o motivo que impediu o Brasil a mergulhar fundo na recessão que começou em 2008). Não acredita nessa história de Brasil ser extremamente lucrativo? Olhe o último balanço das montadoras automobilísticas no Brasil e você verá que o envio de lucros ao exterior provavelmente vai bater mais outro recorde nesse ano. Recorde de 2013, diga-se de passagem, que bateu o de 2012 e assim sucessivamente. E os pátios lotados? E as demissões em massa no Grande ABC Paulista? Pois é... 3- Culturalmente, o empreendedorismo brasileiro é notoriamente avesso à mudança. A maioria dos empresários quer ganhar dinheiro fácil, por isso preferem muito mais ser um franqueado do que um empreendedor no sentido literal da palavra. No Brasil a maioria dos empregos se concentra nas micro e pequenas empresas e curiosamente as maiores ousadias tecnológicas partem dessas mesmas pequenas empresas (procurem saber sobre as encubadoras de empresas de alta tecnologia no país, como a maioria aqui não deve conhecer, como a ParqTec, localizada em São Carlos-SP). Nas demais, algumas tradicionais, o corpo de engenheiros dedica-se a auferição da qualidade de produto, a venda do mesmo e a tarefas administrativas, ignorando o pressuposto que os engenheiros são encarregados pela inovação e desenvolvimento da empresa. Não é incomum encontrar, no entanto, empresas que não tem UM engenheiro em suas dependências (cito aí um caso particular de uma empresa em Porto Ferreira-SP que leva o mesmo nome da cidade). Como disse logo no início, isso é uma questão cultural e muito pouco o Governo Federal tem para fazer à respeito, mesmo quando essa questão se reflete no mercado de trabalho (lembra aquela historinha de "trabalhador brasileiro é pouco qualificado"? Junte com o que disse anteriormente nesse item e... É... É bem assim mesmo...) 4- Finalmente, cito o principal ponto esquecido (ou desconhecido) pelo autor do artigo. Como empresas não gostam de inovar no Brasil, apenas vender (inúmeras razões, algumas muito boas e outras extremamente idiotas) a razão de elas trazerem para cá linhas de produção de produtos defasados é prática e bem pouco generosa: elas estão desativando as linhas de produção dos produtos mais antigos lá fora pela queda natural de demanda, mas quase sempre todo o maquinário envolvido está em condição de operação. O que fazer com esses equipamentos caros, vender como sucata se não há como reaproveitá-los para as novas linhas de produção? Não, eles as EXPORTAM para cá. E assim brota o PS3 produzido em solo nacional. Lindo né? Sony criou solidariedade pelo preço absurdo que o brasileiro paga... só que não. Isso é bem comum entre as empresas estrangeiras e não está restrito ao Brasil. Pronto, acho que fiz minha participação. Volto ao status de mero leitor e deixo esse esclarecimento de presente de fim de ano

Sobre o Clube do Hardware

No ar desde 1996, o Clube do Hardware é uma das maiores, mais antigas e mais respeitadas comunidades sobre tecnologia do Brasil. Leia mais

Direitos autorais

Não permitimos a cópia ou reprodução do conteúdo do nosso site, fórum, newsletters e redes sociais, mesmo citando-se a fonte. Leia mais

×
×
  • Criar novo...

 

GRÁTIS: ebook Redes Wi-Fi – 2ª Edição

EBOOK GRÁTIS!

CLIQUE AQUI E BAIXE AGORA MESMO!