Comprar uma peça com defeito e depois mandar pro conserto. Vale a pena?

[GabrielLV]

Muitas pessoas que estão em busca de economizar acabam considerando a compra de peças de hardware usadas e com defeito, pois acham que "é só mandar consertar depois". Essa decisão costuma ser uma armadilha que resulta em muita dor de cabeça e prejuízo. A recomendação mais sensata que podemos dar sobre isso é simples e direta: não compre peças com defeito.

 

Quando você adquire uma peça cujo vendedor já informou que está com defeito, seja ela uma placa de vídeo ou qualquer outra peça, você tem que ter em mente que você está fazendo uma aposta cuja chance de perder é alta. Você não tem como saber a origem do defeito, não tem como saber o quanto pagará no conserto, não tem como saber se há como consertar, e se houver, não tem como saber quanto tempo levará para que a peça volte a dar problema.

 

Um profissional especializado em reparo de placas de vídeo, por exemplo, precisará analisá-la pessoalmente (tendo a placa de vídeo em mãos) para diagnosticar o problema e emitir um orçamento. Ainda assim, não há garantia de sucesso, pois um novo defeito pode surgir após a tentativa inicial de reparo, sendo que pode ser um um problema que talvez não fosse perceptível antes da primeira intervenção.

 

Por exemplo: Imagine que uma placa de vídeo não liga, e o técnico identifica capacitores danificados, e então ele os substitui. Após o reparo, a placa volta a ligar normalmente, mas logo começa a apresentar artefatos. Após uma nova análise, constata-se que os chips de memória VRAM também estavam com defeito. Novamente, um problema que não poderia ter sido diagnosticado antes, pois a placa sequer ligava devido ao defeito inicial nos capacitores. Com isso, torna-se necessário um novo orçamento, aumentando ainda mais o custo do conserto.

 

Outro exemplo: você compra um notebook que não liga, pensando mais uma vez que “é só mandar consertar”. Leva o equipamento a uma assistência técnica e o profissional constata que o DC-IN (conector de energia) está danificado. Ele então cobra um valor X pela substituição da peça. Você aceita, paga, e o conserto é realizado.

Após isso, ao ligar o notebook, o técnico percebe que a tela está com listras horizontais e verticais devido a um defeito físico, mesmo sem haver qualquer trinca visível. Esse problema era impossível de ser detectado antes, já que o notebook não ligava. Agora, é necessário um novo orçamento para a substituição da tela. Com isso, o valor dos dois orçamentos + o valor do notebook usado, somados, ficarão quase o preço de um notebook novo.

 

Esse tipo de situação mostra o quanto é arriscado apostar na ideia "comprar barato e consertar depois”. É o famoso ditado: o barato sai caro. E pior: você pode acabar com um equipamento que, mesmo após sucessivos reparos, nunca volta a funcionar plenamente ou apresenta falhas recorrentes.

 

Além disso, é importante lembrar que peças que peças usadas, mesmo que não tenham dado defeito, muitas vezes estão desgastadas, com vida útil reduzida pelo simples fato de já terem sido usadas e você não ter como saber por mais quanto tempo elas irão durar.

 

Quem trabalha com manutenção sabe que diagnóstico técnico confiável só é possível com o equipamento em mãos, funcionando ou parcialmente funcional. Comprar um componente que sequer liga, ou que apresenta falhas graves, significa comprar no escuro, confiando apenas na sorte.

 

Portanto, se você está pensando em economizar, o melhor caminho não é arriscar comprar um hardware defeituoso esperando que um conserto resolva. A melhor economia é aquela feita com inteligência: pesquise, compre peças com garantia, dê preferência a produtos testados e, principalmente, evite negócios que dependam muito da sorte.

 

No fim das contas, existem muitas pessoas que podem acabar fazendo um bom negócio. Mas, isso infelizmente é a exceção. A regra é simples: se você não é técnico, não compre peça com defeito. E mesmo que seja, pense duas vezes.