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Artigo sobre MegaPixel


Bob Crazy

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Mais e mais megapixels

Existe uma corrida acontecendo no mundo da fotografia digital: a corrida dos megapixels. Perigosa, cheia de surpresas para aqueles que se aventuram por suas curvas e longas retas, esta é uma corrida de enganação, uma corrida onde a mentira vale muito, vale mais do que a humildade. Uma corrida que chegou a um ponto em que, para ganhar, o melhor é não participar dela.

O aumento dos megapixels nas máquinas digitais é um processo patrocinado pelo marketing das grandes empresas como Sony, Canon, Fuji e Nikon. 2004 já está sendo chamado do ano dos 8 megapixels, o ano em que as belas máquinas de 4 megapixels, até então consideradas excelentes, serão tachadas de obsoletas.

Esta é uma corrida ruim, uma corrida que coloca no mercado máquinas que fazem fotos piores do que as lançadas há dois anos. Parte da culpa por este fenômeno deve ser imputada à nós, consumidores, que corremos atrás dos pixels como pintos atrás do milho. Não sabemos o que estamos fazendo mas, soterrados por propagandas, acabamos por nos convencer de que 8 megapixels são sempre melhores do que 5 e muito melhores do que 4. Certo? Não. Errado. Erradíssimo.

Antes de afirmar que 8 megapixels são melhores do que 5 temos que analisar outras questões.

Um sensor digital é, na verdade, um conjunto de milhões de fotocélulas que captam luz. Um sensor de 5 megapixels tem 5 milhões de fotocélulas.

Para simplificar nossa vida neste artigo vou me dar a liberdade de exagerar muito e usar algumas dimensões hipotéticas, ok? O intuito é meramente didático.

Vamos supor que nosso sensor digital tenha 5 milhões de centímetros quadrados de área. E que deve abrigar 5 milhões de fotocélulas. É fácil calcular que cada fotocélula deve ter 1 cm2. Correto? Muito bem.

Agora vamos pegar um outro sensor, com as mesmas dimensões do anterior, e colocar nele 8 milhões de fotocélulas. O que acontece? A densidade de células por cm2 aumenta e elas têm que ser menores, caso contrário não caberão dentro do sensor. No nosso caso as fotocélulas deverão ter 5/8=0,625 cm2 para poderem ser arrumadas dentro do nosso sensor de 5 mega cm2.

"E daí?", você pergunta, "Qual o problema disso? A máquina ficou melhor. Ficou com mais pixels. Eu quero mais megapixels!"

Daí que existe um efeito negativo nisso tudo. Fotocélulas menores captam menos luz e possuem uma relação sinal/ruído pior do que células maiores. Fotocélulas são como baldes na chuva. Quanto maior o balde, mais água capta. Analogamente, quanto maior a fotocélula, mais luz ela armazena e menos ruído gera. Essa regra só vai mudar quando algum laboratório descobrir uma nova forma de fabricar sensores CMOS e CCD. Isso envolve pesquisa de novos materiais, cerâmicas, métodos de fabricação e muitas outras coisas que estão distantes de nós. Alguém, um dia, vai conseguir. Mas, por enquanto, esta é uma regra básica: fotocélulas menores captam menos luz e geram mais ruído.

Há alguns anos, quando as máquinas digitais tinham 1 ou 2 megapixels, elas usavam sensores pequenos. Com 1 megapixel não é necessário usar um sensor muito grande. Conforme as máquinas foram ganhando mais megapixels, sensores maiores passaram a ser empregados, de forma a se conseguir acomodar as fotocélulas sem precisar diminuir demasiadamente seu tamanho.

A tabela a seguir, extraída da revista Outback Photo, mostra com detalhes a evolução. Na coluna da direita encontramos o modelo da máquina e quantos megapixels possui. Na esquerda, o tamanho do sensor.

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Repare que os fabricantes faziam a evolução casada do tamanho do sensor com a quantidade de megapixels oferecida pela máquina. Desta forma evitavam que a relação sinal/ruído ficasse muito desfavorável.

Nas SLR o fenômeno é parecido. Repare, na tabela abaixo, que a Canon D30, com um sensor de bom tamanho e poucas fotocélulas (tinha "apenas" 3 megapixels) pode se dar ao luxo de ter fotocélulas enormes (10.1 µm). Não é surpresa, portanto, que a D30 faça imagens maravilhosas, mesmo tendo "apenas" 3 megapixels. Outra que usa células grandes é a EOS 1D. Com 4 megapixels tem um sensor maior do que a EOS D30 e células de 10,8 µm.

As Canon EOS 10D e D60, por outro lado, usam sensores menores do que a EOS 1D e armazenam mais megapixels. Conseqüentemente trabalham com células menores (7,4 µm). Quem tem a melhor relação sinal/ruído? A EOS 1D ou a EOS 10D? A resposta, clara, aponta para a EOS 1D. A diferença é tão grande que, em alguns casos, as imagens da EOS 1D podem ser ampliadas com mais qualidade do que as imagens da EOS 10D, embora esta última gere arquivos maiores.

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Falemos agora de dois casos famosos (e recentes) da corrida dos megapixels.

A Canon, com sua Powershot G3, tinha uma máquina de referência. Com 4 megapixels e uma boa objetiva era capaz de enfrentar de igual para igual qualquer concorrente maior de 5 megapixels. Pressionada pelo marketing dos números, a Canon aposentou a G3 e lançou a G5, com 5 megapixels num sensor do mesmo tamanho. Resultado? A Canon G5, mais moderna, gera imagens piores do que a G3. A G5 tem mais resolução, claro, mas o nível de ruído aumentou. A resultante, pelo menos na minha opinião, é negativa.

O caso mais recente é o da Sony 828, de 8 megapixels. Todos se entusiasmaram quando a Sony anunciou o lançamento da 828. Afinal, os modelos anteriores da linha, o F707 e o F717, eram excepcionais. Mas a Sony cometeu um erro grave: aumentou a quantidade de pixels sem mudar as dimensões do sensor. A 717 usa células de 3.4 µm. Na 828 elas são menores, com 2.7 µm. Resultado: o nível de ruído ficou insuportável e compromete demais a qualidade das imagens.

Existem diversos sites na internet que mostram fotos e gráficos com o efeito negativo desta decisão controversa da Sony e comparam as imagens da 828 com a irmã mais velha. O melhor deles está aqui (http://www.dpreview.com/reviews/sonydscf828/page14.asp). É fácil perceber que, se antes as imagens da 717 em ISO 800 eram bastante boas em termos de ruído, as criadas pela 828 ficam abaixo da crítica. É simplesmente impossível usar a 828 em ISO 800 sem ter um ataque de nervos.

Alguns sonsos fazem cara de desdém e sugerem uma solução: basta usar um software de redução de ruído que fica tudo certo. Sei, sei. Um software. Hummm. Agora vou ter que comprar um software para consertar o que a 828 deveria ter feito desde o início? Vou gastar mais uns 70 dólares porque a máquina não faz o que se supunha? É isso? Thanks, but no, thanks!

O próximo movimento parece ser levar as SLR de 6 megapixels para 8 megapixels. Já me perguntaram o que eu acho disso. A resposta é: depende. Se aumentarem o tamanho do sensor, pode ser uma boa. Mas se mantiverem-no como está, é bom que descubram uma forma muito boa de lidar com o ruído, caso contrário lançarão um produto novo pior do que o antecessor.

Materia original

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legal o artigo... pena que tão aumentando os MPs e deixando de lado a qualidade... tb. os consumidores não se preocupam com a qualidade e sim com os MPs... tão certo os fabricantes

quando. uns amigos meus me vem a primeira vez com a camera a primeira coisa que perguntam nem é a marca e sim "Quantos Megapixels tem"....

o marketing é ###### mesmo... supera tudo até a qualidade

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ola pessoal

eu infelizmente fui um dos que comprou uma camera simplesmente por causa do tal de megapixel..(uma fuji a210)...ate que não me arrependo pois a camera ate que é razoável, mas se conhecesse um pouco mais talvez adquirisse uma que me atendesse melhor.

bom esses tipos de tópicos, ajuda a conhecer um pouco mais desse universso digital.

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