Arrumar um armário é sempre uma diversão, pois você nunca sabe quais serão as pérolas que você encontrará. No meu caso, além de algumas fotos de início de carreira quando eu ainda tinha cabelo (prometo que vou escaneá-las e postá-las aqui em breve), encontrei uma pilha de material plagiado que eu acabei não entrando com um processo judicial por inúmeras razões (fotos abaixo).
Plágio, para quem não sabe, é o ato de copiar alguma coisa feita por outra pessoa e dizer que foi você quem fez. Em outras palavras, é sair dando control C e control V em coisas feitas por outras pessoas depois tascar seu nome na capa dizendo que foi você quem escreveu (ou gravou ou compôs).
O plágio é totalmente ilegal (Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998, mais conhecida como “Lei dos Direitos Autorais”) e só traz malefícios para todos. Primeiro, além do autor original ter seu trabalho mutilado, ele não ganha absolutamente nada, tanto no campo financeiro quanto na divulgação do seu trabalho, visto que seu nome não é citado. Quando o nome do autor original é citado isso só queima o filme do autor, visto que o texto está totalmente mutilado e fora de contexto, trazendo prejuízos à imagem do autor. O leitor só perde, visto que ele tem um produto final de péssima qualidade, tanto de acabamento quanto de conteúdo, já que quem efetuou o plágio não sabe nada do assunto tratado – se soubesse não precisaria plagiar. E o próprio plagiador perde, pois em muitos casos ele perde muito tempo organizando o material plagiado, tempo este que ele poderia usar de forma mais produtiva – por exemplo, entrando em contato com a editora do livro original para saber quanto custaria a compra do livro em quantidade ou mesmo consultando os detentores dos direitos autorais para saber a forma legal de se usar trechos do texto que ele pretende usar.
Infelizmente o Brasil há muitos anos passa por um fenômeno cultural sério, que é a “cultura da apostila”. Várias escolas estão parando de adotar livros didáticos para usarem apostilas feitas por seus professores. E eu estou aqui falando de escolas do ensino fundamental, veja bem. Em minha opinião a “cultura da apostila” não é benéfica para ninguém porque não cria no aluno o hábito de ler, comprar e consultar livros, que é um pilar fundamental para a elevação do nível cultural de uma nação. Vale sempre a pena lembrar que vende-se mais livros na Argentina que no Brasil, sendo que o Brasil tem uma população 4,5 vezes maior que a da Argentina.
Além disso o aluno pode acabar tendo acesso a um material plagiado (infelizmente isso ocorre), com erros (editoras possuem revisores, coisa que escolas provavelmente não têm) e o autor da apostila pode acabar sendo explorado, não remunerado como deveria, ter seu material plagiado por escolas concorrentes e, o que é pior, ter seu material registrado em nome da escola.
Esta “cultura da apostila” expande-se para cursos livres, como os de informática. O pior é que em muitos casos o custo de se adotar um livro-texto é menor do que o de se elaborar uma apostila, mas esta “cultura da apostila” está tão impregnada que muitos cursos nem sequer cogitam em pesquisar qual seria o custo de se comprar um livro-texto em quantidade para oferecer aos seus alunos.
Bem, acho que vocês já entenderam o meu ponto de vista, o que eu queria mesmo era mostrar as tais “pérolas” que encontrei perdidas no meu armário.
A primeira foto é de uma apostila de um tal “Grupo de Cursos” que atua no interior de SP. A apostila preparada para o curso de hardware deles é grossa e 95% dela é formada por artigos copiados do Clube do Hardware e de alguns trechos dos meus livros. Infelizmente além deste curso vários outros plagiam nosso material.
A segunda foto é o caso mais sério de plágio que tive até hoje. Trata-se de um livro intitulado “Montagem, Manutenção e Configuração de Micros” e “escrito” por uma dupla de plagiadores. Eles tiveram a cara-de-pau de copiar não só o texto dos meus livros mas também as figuras. Por que não processei? Boa pergunta. Eu passei a bola para a Axcel Books, que na época publicava meus livros, mas eles não levaram o processo adiante (este é um outro motivo pelo qual eu não publico mais livros através desta editora).
O terceiro exemplo de plágio é um pouco mais complicado de ser provado e por isso resolvi não levar o processo adiante. Trata-se de uma revista de Hardware que incluiu um CD-ROM que era parcialmente copiado do nosso CD-ROM Drivers Vol. 1. O problema era justamente esse, era só parcialmente copiado, tornando a prova e a atribuição de um valor para a nossa causa uma coisa complicada (mas a parte copiada era claramente nossa, visto que os arquivos .txt que eu escrevi e adicionei em vários drivers estavam presentes neste CD).
Nesses quase 11 anos de Clube do Hardware já fomos alvo de inúmeros plágios e estou mencionando aqui apenas os que eu achei aqui no armário.
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