

A rede da TV a cabo pode ser usada para a conexão de um computador ou rede com a Internet, sendo a tecnologia que concorre diretamente com a ADSL. Essa tecnologia é mais popularmente conhecida como “Internet a cabo”, mas convenhamos que esta nomenclatura não está correta, pois o ADSL também usa cabos.
Este tipo de rede é classificado como rede HFC (Hybrid Fiber-Coaxial, Rede Híbrida Coaxial/Fibra Óptica). Nela, a conexão da central da TV a cabo até pontos de distribuição (chamados nós ópticos) é feita através de fibras ópticas, com distâncias de até 40 km. Em cada nó óptico é feita a interface entre a fibra óptica e o cabo coaxial que segue até o cliente. Cada nó óptico tipicamente serve entre 500 e 2.000 clientes e, na rede coaxial, pode haver amplificadores para regenerar o sinal. Por conta dessa configuração, a rede da TV a cabo não oferece os problemas de qualidade do cabo, comprimento do cabo e interferências que afetam o sistema ADSL (já que o sistema ADSL utiliza cabos telefônicos convencionais).
O sistema mais usado por operadoras de TV a cabo para oferecer acesso à Internet usando a sua rede é chamado DOCSIS (Data Over Cable Service Interface Specification, Especificação de Interface de Dados Sobre Serviço de TV a Cabo).
Existem atualmente quatro versões do DOCSIS: 1.0, 1.1, 2.0 e 3.0. As versões 1.0 e 1.1 são idênticas, exceto que a versão 1.1 permite parâmetros de qualidade de serviço (QoS), permitindo o uso da rede de TV a cabo para telefonia (voz sobre IP ou VoIP). Por isso, chamaremos as versões 1.0 e 1.1 simplesmente de 1.x. A versão 3.0 permite o agrupamento de canais, como explicaremos adiante.
O cabo da TV a cabo permite transmissão banda larga, isto é, a transmissão de vários canais em frequências distintas. Tipicamente, cada canal tem uma largura de banda de 6 MHz, e um canal inteiro desse tipo é usado para downstream, isto é, download de dados, com uma taxa de transferência máxima teórica de 42,88 Mbit/s (38 Mbit/s utilizáveis pelo o usuário) para todas as versões do DOCSIS. É claro que a taxa que você obterá na prática dependerá do serviço que foi contratado. Para downstream, é usada modulação por amplitude de quadratura (QAM) de 64 ou 256 níveis.
Já para upstream, isto é, para o upload de dados, a configuração usada depende da versão do DOCSIS da rede da operadora de TV a cabo. No DOCSIS é normalmente usado um canal entre 200 kHz e 3,2 MHz (dependendo da velocidade contratada) na versão 1.x, porém 6,4 MHz a partir do DOCSIS 2.0. A taxa de transferência máxima teórica para upstream é de 10,24 Mbit/s (9 Mbit/s utilizáveis) no padrão DOCSIS 1.0 e 1.1 e de 30,72 Mbit/s (27 Mbit/s utilizáveis) nos padrões DOCSIS 2.0 e 3.0. Porém, a taxa que você obterá na prática dependerá do serviço que foi contratado e não necessariamente o serviço será assimétrico (velocidades de upload e download diferentes). Por exemplo, com os valores apresentados, é possível, em teoria, oferecer um serviço com 5 Mbit/s tanto upstream quanto downstream, mesmo usando-se o padrão 1.x.
Para upstream, é usada modulação por deslocamento de fase (QPSK) ou modulação por amplitude de quadratura (QAM), dependendo da velocidade pretendida.
No DOCSIS 1.0 e 1.1, usa-se acesso múltiplo por divisão do tempo (TDMA), enquanto que no DOCSIS 2.0 e 3.0 a técnica de acesso múltiplo por divisão de código (CDMA) também está disponível.
A versão 3.0 do DOCSIS permite o uso de mais canais em paralelo, aumentando drasticamente as taxas de transferência que podem ser obtidas, bastando multiplicar os números apresentados pelo número de canais usados. Por exemplo, se forem usados quatro canais para downstream, a taxa de transferência máxima teórica de download passa a ser de 171,52 Mbit/s. Mais uma vez, o valor que você pode realmente contratar (e número de canais disponíveis) dependerá da operadora de TV a cabo. O interessante do padrão DOCSIS 3.0 é que não há um limite no número de canais possíveis de serem agrupados (na prática, a operadora de TV a cabo está limitada aos equipamentos disponíveis no mercado).
A taxa de transferência obtida na prática com redes de TV a cabo está relacionada à quantidade de usuários conectados ao mesmo tempo ao mesmo nó óptico da sua conexão, visto que este sistema baseia-se no fato de nem todos os usuários usarem a Internet ao mesmo tempo.
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