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Roney Belhassof

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Sobre Roney Belhassof

  1. O leigo que caminha entre as mesas do pessoal de casemod se impressiona com os computadores visualmente impressionantes como o Hulk que carrega as entranhas do computador em suas costas, mas há outro tipo de casemod que se concentra no poder das máquinas. Quietinha no canto de uma mesa e com pouca iluminação encontra-se uma máquina iluminada por uma tênue luz azul vinda de um dos ventiladores. Trata-se talvez da mais robusta de toda a Campus Party: HDs sólidos, 4 placas de vídeo de mais de 2 mil reais cada, 16GB de RAM. Mais adiante, sob uma toalha encontramos um tipo de aquário com todo o conteúdo de um computador: hoje mesmo ele esteve funcionando mergulhado em óleo vegetal. Figura 1: "Brinquedo Assassino" (esquerda) e a máquina robusta (direita) Diante disso nos perguntamos que outros segredos se escondem atrás daqueles gabinetes discretos na área de casemod, esquecidos pelos leigos que se encantam com os vizinhos mais artísticos. Sentimos falta justamente dessas criações mais vistosas como o Kratos e o Dragão que participaram da Campus Party do ano passado. Ficou a impressão de que a tribo mudou um pouco de perfil e tem se dedicado mais a criações discretas para os olhos leigos, mas que exigem mais conhecimento técnico de TI. Figura 2: Uma das máquinas mais "discretas" Por outro lado, na percepção de um casemoder, os campuseiros estão mais diversificados e, portanto, mais leigos. Essa também é a nossa impressão, mas isso não é necessariamente ruim, afinal a Campus Party é um encontro de pessoas que usam a TI como ferramenta e não como produto final, com exceção, claro, de "casemoders", programadores, "robóticos" e outras tribos que também estão por lá.
  2. As manias de conduta (afinal campuseiro provavelmente não gostaria muito se falássemos em regras de conduta) naturalmente são um tanto caóticas e vão se construindo ao longo da semana. Um código que começou ano passado já se reproduziu esse ano, o "Oooooo - Ooooo" chamado por alguns de grito de acasalamento se espalha pelo Campus de tempos em tempos. Não se assuste, provavelmente ele só significa que, apesar de haverem aqui diversas tribos, todos compatilham de uma mesma cultura. A discussão do que seria essa cultura conectada é assunto para outro artigo. O importante é que, como se trata de uma tribo de tribos em geral é socialmente aceito puxar assunto com qualquer desconhecido. Como se todas as pessoas fossem blogs e você pudesse anexar seu comentário. Falar dos símbolos nerd colados em mochilas e notebooks é um bom início de conversa. Nas áreas que vão se formando (gammers, blogueiros, programadores, geeks) normalmene você pode se aproximar de qualquer grupo, ouvir um pouco a conversa e, o assunto sendo de interesse geral, entrar no papo dando alguma opinião ou perguntando alguma coisa que você não entendeu. Claro, se o campuseiro estiver com os olhos grudados no seu monitor (seja desktop, notebook, celular ou pad) deixe-o quieto, é um momento intimo As mesas são gigantescas e estranhos se sentarão perto de você, mas o normal é tentar sentar pelo menos a uma cadeira de distância de um grupo que você não conhece. Não existem lugares marcados e no dia seguinte você pode sentar em outra mesa, mas muitos campuseiros que dormem aqui acabam marcando lugar para os amigos. É normal. A propósito, se você tem vários amigos vindo para cá é uma boa tentar ficar todo mundo perto, até para um cuidar dos equipamentos dos outros. Vindo em grupo ou sozinho aproveite para se enturmar com outros nerds, como dissemos as tribos são bem simpáticas às interações sociais. No mais, aproveite a festa pois, para os campuseiros é disso que se trata a Campus Party: conhecer pessoas parecidas e mergulhar fundo nos seus interesses tecnológicos.
  3. Comecemos pelo essencial: Antes de vir verifique por Twitter ou outros meios como está a fila. Ontem, primeiro dia, quem chegou às 11h só conseguiu entrar por volta das 16h A segurança melhorou muito, mas por conta disso demora-se muito mais para entrar e sair do Campus e olha quem nem 10% das pessoas conseguiram entrar até agora Se você não pagou por alimentação traga comida pois as lanchonetes ficam fora do pavilhão e as filas para entrar e sair estão piores pelo motivo acima Aqui dentro está fresco comparado com lá fora, mas ainda vale a pena trazer um ventiladorzinho pois deve ficar quente quando encher É isso. Na média tudo parece melhor que no ano passado. O palco principal é muito menor, ocupando portanto menos espaço e deixando quem se apresentar nele muito mais próximo dos campuseiros. Já deu para notar que haverá algumas ações para quem se interessa pela parte mais técnica, a Microsoft por exemplo trará vários estudantes para mostrar tecnologias da empresa. Eles estão instalados na bancada em frente à arena Segurança e Redes que fica do lado direito do Campus. A propósito as arenas são as seguintes: Do lado esquerdo de quem entra: Simulação Jogos Musica Mídias Sociais (estamos instalados entre essas duas) Vídeo - Design Na parede em frente à entrada, no extremo oposto do Campus e na fronteira com o acampamento fica o palco principal e, à sua esquerda, o Barcamp. Do lado direito de quem entra: Case Moding Astronomia Robótica Segurança e Redes Software Livre Desenvolvimento
  4. Uma das minhas missões na Campus Party Brasil 2010 era tentar descobrir um pouco das preferências de hardware das tribos de ciberpessoas. Qual é a placa de vídeo preferida do pessoal de Games? A tribo de Linux ainda tem que evitar essa ou aquela marca? O que é importante para a galera de casemod? E o povo de robótica, que tipo de hardware os atrai? Quais são as melhores fontes de informação? A Campus Party é uma sobrecarga de tudo: Informação, lazer e interação. Por 5 dias passei cerca de 50 horas ignorando os 10Gbps de banda e me aproximando de pessoas, tentando aprender com elas o máximo possível e descobri algumas coisas boas, outras ruins. Uma coisa boa é a qualidade dos jogos que temos hoje! Como o Crysis 2 que dizem ter travado um servidor da Nasa de tão complexo, e essa é uma má notícia... Você pode não precisar de uma máquina com 5 placas de vídeo Nvidia dentro como a que vi lá rodando esse jogo, nem de um monitor 3D de 1.400 Reais, mas certamente sua diversão será muito maior se o seu bolso for bem fundo e estiver cheio! O pessoal de casemod tem exigências menores de hardware até porque o barato deles é justamente a modificação do gabinete do computador. Tivemos a oportunidade de conhecer "Kratos", mod criado pelo campeão mudial Maciel Barreto. Mas não se deixe enganar, parte da arte do casemod é o overclock e até refrigeração a hidrogênio está valendo na disputa com a máquina de cinco placas de vídeo da área de games. Até o fim desse artigo não ficamos sabendo se eles obtiveram sucesso. Se para os casemodders (Ah! A cibercultura e seu estranho vocabulário!) as placas mãe e de vídeo são apenas coadjuvantes para a galera de robótica elas geralmente sequer fazem parte do projeto já que os robôs são construídos com módulos Lego NXT ou, entre o pessoal mais hardcore, Vex. Aquele hardware com que estamos acostumados, com teclado e monitor só fazem parte do jogo na hora de projetar os robôs com ferramentas como o Solid Works. Vimos um membro da equipe de uma universidade de Guarulhos que tem vários prêmios e, depois de ganhá-los agora ele deve dar origem a um outro robô catador de lixo. Outra tribo que sempre teve suas restrições de hardware é a dos sistemas operacionais alternativos... Lembro como sofri nos meus tempos de OS/2 para obter os drivers ou escolher o hardware certo. Falei lá com alguns usuários de Linux e de quebra ouvi histórias sobre os bastidores da briga Microsoft X OpenOffice e de lendas como a do hacker que chantegeou o Brasil ou do brasileiro fã da Microsoft que pagou 180 mil para ver o código fonte do Windows e depois disso migrou para Linux. A última tribo com quem interagi foi a minha própria, blogueiros... Bem na verdade praticamente todo mundo é meio blogueiro online se lembrarmos que Web Logger eram pessoas que falavam online no único lugar disponível: blogs. Hoje todo mundo tuita, escreve em comunidades no Orkut, Facebook, Ning ou deixa comentários em blogs e deveriam ser considerados blogueiros. Bem, mas tem uma galera que faz da expressão online sua principal atividade e acabam formando mais uma tribo cuja exigência de hardware provavelmente está mais no tamanho (minúsculo) do computador do que no seu poder de processamento. É a tribo dos netbooks, notebooks e smartphones que podem ser levados até no elevador. Depois de todas essas incursões qual foi a minha conclusão? Bem, não pude e nem seria possível, falar com todos os campuseiros então decidi pegar as opiniões de alguns representantes de cada tribo que escolhi um pouco por instinto e um pouco por sentir que eram pessoas movidas pela paixão. Aqui vão os meus resultados. Tribo de Games De acordo com José Fernandes e Alex Fernandes (curiosamente não são irmãos) essa é uma configuração aproximada de uma boa máquina para games: Core 2 Duo 3.0 E8500 com overclock para 4.0 4GB de RAM ou mais Placa de vídeo NVidia 295 Placa mãe ASUS Tribo Linux Foi um prazer conversar com o Jorge Willians (dentista, quem diria!) e o Edgard Costa. Acho que foram os campuseiros mais engajados que encontrei! Para essa tribo as exigências de hardware são bem mais modestas pois, apesar dos Linuxes terem interfaces gráficas bem atraentes eles são mais leves que a maioria dos concorrentes. A única restrição mais séria parece estar nas placas de vídeo pois alguns grandes fabricantes ainda não disponibilizam versões oficiais para suas placas obrigando o usuário a cumprir um roteiro meio complexo para fazer o vídeo funcionar. A solução para eles é dar preferência a computadores de marcas mais conhecidas como a DELL ou Sony que parecem estar atentas também ao mercado Linux. A marca mais elogiada por eles foi a Intel. Quem diria... Essa é a configuração que eles me passaram para um bom computador Linux: 2GB de RAM Processador Atlon64 Placa mãe Asus ou Intel Placa de video Intel (evitar a ATI) Tribo de Robótica Como disse essa tribo não pensa tanto em computadores, mas pelo menos em dois momentos eles os usam: na hora de pesquisar esquemas eletrônicos no Google (e cair de vez em quando no Clube do Hardware) ou no Eletronica.org e modelar os projetos no SolidWorks, mas pelo que vi lá eles também são adeptos dos notebooks, provavelmente para poder levá-los para as competições de robótica. Tribo de Casemod Nessa tribo dei a sorte de encontrar logo de cara com o campeão e o vice-campeão mundiais, Maciel Barreto da Bahia e Miguel Povh (cursando direito, quem diria?). Segue a lista de preferências deles: Core quad 4GB de RAM 1TB de HD Resfriamento especial Placa mãe Biostar, ASUS P5 e também citaram as da Intel Placa de vídeo ATI (preferem ela às Nvidia), Gforce 9800 Vale citar que o site preferido deles é o forum do casemodbr. Tribo de Blogueiros Essa era a tribo com mais notebooks e netbooks, como disse o negócio é poder escrever no blog ou no Twitter a qualquer hora e a portabilidade se torna vital. Alguns levaram o X-Box para jogar (aliás tinham alguns na área de jogos também). Talvez por não ser uma tribo onde gibabytes ou gigahertz impressionam as grifes parecem ter um pouco mais de peso e lá estavam Vaios, Macs e Dells Mini em maior quantidade, mas isso pode ser apenas uma impressão minha. Nota final Em cada papo que eu tinha sempre explicava que além de gostar de estar ali entre pessoas parecidas comigo estava lá para estudar cibercultura e fazer alguns artigos para o Clube do Hardware e os elogios ao CDH foram unânimes! Mesmo quem não vinha aqui em busca de informações frequentemente é trazido pelo Google e gosta do que encontra! É uma honra poder representar um veículo respeitado!
  5. Definir a Campus Party e uma tarefa complexa que espero ser capaz de empreender nos próximos artigos, nesse serei muito menos pretencioso e me limitarei a apresentá-la. Ao chegar na Campus Party já encontramos um pavilhão aberto ao público bem maior do que o do ano passado, mas o pavilhão seguinte, onde ocorre a Campus Party, é ainda mais impressionate com aparentemente o dobro do tamanho do anterior. O mesmo vale para o terceiro pavilhão onde se encontram cerca de 3 mil barracas (devendo chegar a 6 mil) para os campuseiros mais valentes que passam os sete dias acampados aqui. Na área de negócios percebe-se algumas faltas como o Yahoo! que na edição anterior fez várias promoções, da Philips que apresentou uma TV 3D que não precisava de óculos e mais alguns atores de peso no mercado de hardware e software. Entretanto a Campus Party é um evento que gira ao redor de pessoas e da cultura digital que engloba, mas não gira em torno de tecnologias. A única tecnologia onipresente na mesa de cada campuseiro é o hardware, porta de entrada para o universo digital onde eles (ou devo dizer nós?) transitam tão à vontade quanto se fosse uma rua ou um parque no mundo real. Todo tipo de hardware pode ser visto nas bancadas Depois de vencer a fila para se credenciar (no segundo dia a demora de quase cinco horas parece ter sido resolvida) encontra-se a área aberta ao público com alguns quiosques de alimentação e vários estandes de empresas que procuram apresentar seus produtos ou estabelecer um relacionamento com seus consumidores oferecendo, por exemplo, um lounge, uma sessão de massagem ou jogos interativos. Lounge O ponto alto dessa área deve ser a sala Batismo Digital onde o público pode usar computadores para conectar na Internet e conversar com os instrutores preparados para guiá-los alguns passos adiante na inclusão digital. Em frente à essa área e logo à direita depois dos balcões de credenciamento está a entrada para o campus da Campus Party. É uma visão impressionante, uma verdadeira floresta de computadores de todos, mas realmente todos, os tamanhos e formatos, afinal na área de modding há gabinetes na forma de dragões e personagens de games que, confesso, não conheço. Algumas das máquinas que encontramos aqui, feitas especialmente para jogar, custaram em torno de 18 mil Reais. Sem contar o monitor. Um passeio pela área de Modding Gabinete em formato de dragão As mesas onde se espalham milhares de campuseiros são cercadas por cerca de 12 arenas onde ocorrem palestras sobre blogs, podcasts, desenvolvimento, software livre, robótica, web design, fotografia, simulação e jogos onde ha também torneios de vários jogos. As outras arenas são para assuntos gerais como liberdade de expressão, segurança (ainda hoje houve uma palestra muito interessante com Kevin Mitnick, o mais famoso hacker do mundo, sobre a disseminação do phishing e como as pessoas acreditam no que recebem por e-mail), inclusão digital etc. As bancadas com seus cabos de rede Kevin Mitnik, o mais famoso hacker do mundo No centro dessa área está o aquário onde trabalham os servidores que garantem a conexão de 10Gbps que nos permite enviar um vídeo de 400MB para um site como o Youtube em menos de 10 segundos. Vale pensar nesse número... A banda larga de 1Mbps é bastante comum e a banda disponível aqui não é 10, 100 ou mesmo mil vezes maior e sim 10 mil vezes maior. Os servidores Estamos no segundo dia da feira e é cedo para apontar pontos positivos e negativos, isso ficará para o último artigo, mas já é possível sugerir algumas melhorias para a organização. As filas para cadastramento no primeiro dia estavam absurdamente demoradas e algumas falhas no sistema de cadastramento levaram alguns campuseiros a ter que enfrentar não uma, mas duas fillas para obter suas credenciais. Algumas pessoas ficaram mais de 5 horas na fila. Houve também filas grandes para entrar na área de acampamento. Outro ponto que poderia ser melhorado é a coordenação dos ônibus: não sabemos os horários e locais de onde eles partem. Na contabilidade geral os campuseiros conseguem fazer da Campus Party um evento impar no mundo, um campo fértil para a cultura do século XXI e, com certeza, a cada edição a organização aprenderá mais sobre como organizar um evento dessas dimensões.
  6. Colaboração: Cláudia Catherine Único evento de Internet no Brasil que reúne comunidades de diferentes áreas da sociedade em rede em um mesmo espaço ao longo de sete dias, a Campus Party Brasil 2009 teve hoje um disputado e polêmico debate, provavelmente o mais importante do evento. Dezenas de "campuseiros" se reuniram em frente ao palco Software Livre para ouvir argumentos contra e a favor do Projeto de Lei Sobre Cibercrimes, de autoria do Senador Eduardo Azeredo, que está em tramitação na Câmara dos Deputados. O texto prevê, entre outros pontos, que os provedores de acesso guardem dados de navegação do usuário por três anos e que os quebre caso a Justiça solicite informações. A ausência de um marco regulatório civil brasileiro que trate das questões que se dão no âmbito da Internet foi um dos principais pontos criticados. O debate transcorreu em meio a numerosos cartazes e notebooks com palavras de ordem contra o projeto e algumas interferências do público, mas prevaleceu a civilidade até o o final quando a plateia fez um protesto silencioso levantando-se e voltando as costas para os debatedores quando o representante do Senador Azeredo fez suas considerações finais que se resumiram a uma breve frase de agradecimento. O assessor técnico do Senado Federal, José Henrique Santos Portugal, representante do Senador Eduardo Azeredo, foi o primeiro a falar declarando-se um dinossauro da tecnologia trabalhando com ela desde a década de 60 e defendeu seu ponto de vista afirmando que no Brasil só há crime se ele é regulado antes por lei, ou seja, hoje não é crime clonar um cartão de crédito. Por outro lado é preocupante para qualquer internauta e principalmente blogueiros quando ele afirma que a lei (que determinará diversos controles sobre nós) é uma lei penal, uma lei que trata de crimes. Além disso ele citou que os blogs e fóruns online são tratados pela lei como meio midiático, ou seja, são considerados iguais a uma rede de tevê, rádio ou jornal. A preocupação geral do Internauta que entende a Internet como uma ferramenta de exercício da democracia através da liberdade de expressão é que os dispositivos criados por essa lei acabem sendo usados para limitar nossos direitos civis. Essa sensação foi intensificada quando Fernando Neto Botelho, Desembargador e membro da Comissão de Tecnologia da Informação do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, fez sua apresentação admitindo que a comunidade jurídica não conhece tecnologia assim como a comunidade online normalmente não está acostumada ao linguajar jurídico (eu acrescentaria que a comunidade jurídica também tem dificuldade para entender a cibercultura). A crítica geral é que o governo está criando leis penais e criminais antes de criar um marco civil, ou seja, estabelecer leis que definam nossos direitos e limites civis dentro do ambiente online, ou ainda, que estaremos determinando as punições mais severas antes de estabelecer recursos intermediários de forma que ou nós seremos vistos como inocentes ou criminosos sem nuances entre os dois extremos. Respondendo a isso em sua apresentação ele clama por uma urgência diante do número supostamente enorme de crimes que estão sendo feitos em meio digital e afirma que essa é uma justificativa suficiente para saltar o estágio do marco regulatório civil. Ele chegou até mesmo a responder a intercessão da blogueira Lúcia Freitas perguntando-lhe se devemos admitir que invadam nossos sistemas ou clonem nossos cartões. Devemos nos perguntar se há mesmo uma urgência em definir os instrumentos finais para punir os crimes digitais mesmo correndo o risco de prejudicar nossa liberdade civil. Os debatedores contrários ao projeto foram extremamente convincentes ao mostrar os riscos e falhas da lei. Ronaldo Lemos, mestre em Direito pela Universidade de Harvard, doutor em Direito pela Universidade de São Paulo e Diretor do Projeto Creative Commons no Brasil, destacou: Que não podemos ceder ao argumento da urgência definindo leis penais antes de criar marcos regulatórios civis. Que os países que criaram leis criminais similares (definidas pela convenção de Budapeste) são majoritariamente países de primeiro mundo que já definiram os marcos regulatórios civis e mesmo assim com grandes ressalvas. Que os Estados Unidos por exemplo só assinaram a convenção em 2007 e depois de cortar 11 itens e após a posse de Barak Obama imediatamente houve um movimento de afastamento destas leis consideradas repressoras. Que essas leis corroem nosso poder de inovação pelo medo de sair diretamente da legalidade para condição de criminoso ao fazer algo que, no texto vago e impreciso do projeto de lei, pode ser considerado crime. Que o mesmo juiz que julga sequestros e outros crimes teria que julgar, por exemplo, o crime de reclamar em um fórum do mau atendimento de um prestador de serviços ou empresa Que o Brasil não participou da criação da convenção de Budapeste e é política do nosso país não assinar convenções que não foram criadas com a sua participação Que a pena para o crime de copiar as músicas de um iPod para um computador será de 1 a 3 anos de prisão Por último, mas não menos importante, caberá ao Estado pagar pelas ações de crime online. (a percepção de alguns internautas no Twitter era de que essas leis acabarão sendo usadas por empresas para processar cidadãos às custas do nosso governo para defender a sua propriedade intelectual) Sérgio Amadeu da Silveira (sociólogo e Doutor em Ciência Política pela Universidade de São Paulo) fez um apaixonado e contaminante discurso pela liberdade de expressão que arrancava aplausos a cada frase. Entre os tópicos que ele levantou estão: Internet não é mídia como jornal, TV ou rádio, ela é um espaço de exercício democrático O texto da lei é tão vago que até mesmo papel e caneta podem ser considerados um meio de transmissão ilegal de dados Que o DRM viola os nossos direitos conquistados no código de defesa do consumidor e que temos que ter, por exemplo, o direito de transferir as músicas que compramos para o nosso computador ou iPod Nos EUA 18 mil adolescentes foram processados por trocar músicas Mostrou uma menina com pouco mais de 10 anos que foi processada nos EUA por escrever uma fanfic inspirada nos personagens de Harry Potter Com a nova lei será crime criar fanfics também no Brasil e nossas mentes criativas terão medo de criar Mostrou um roteador mesh, uma tecnologia que pode criar um ambiente mais democrático de acesso à Internet e que se tornaria crime Apresentou o TOR, que permite anonimidade na Internet, que tem sido usado por organizações democráticas para combater ditaduras que restringem a liberdade de expressão. Mostrou que os criminosos terão sempre recursos como o TOR que lhes garantirá invisibilidade e que a única vítima caso essas leis sejam aprovadas será o cidadão comum A essa altura sou obrigado a admitir que ele citou vários outros argumentos fortes, mas fui tomado pela emoção e não pude anotar mais. Antes de ter vindo a este evento para ajudar na cobertura para o Clube do Hardware, antes de ser um blogueiro, antes de ser um consultor em gestão do conhecimento eu sou, como todos que estão lendo este artigo, um cidadão do século XXI em um país em pleno processo de amadurecimento das instituições democráticas. Temos na Internet a mais valiosa ferramenta para exercer nossos direitos civis. Ela é uma ferramenta ainda não compreendida por quem define as leis. É a ferramenta de uma nova cultura cibernética ainda mais obscura para juristas e governantes. Olhando ao redor aqui no Campus Party o que vemos são seis mil pessoas amigas inovando, se conhecendo, brincando e, mais do que qualquer outra coisa, criando conteúdo, levantando suas vozes para exercer e clamar pela democracia e a lei dos cibercrimes pode acabar sendo usada como uma mordaça para a nossa voz. ------------------- "O direito penal deve ser usado apenas quando se esgotam as vias civis. Este projeto se propõe a dar um passo importante, antes de todo um trabalho necessário." (Lemos) "Às vezes, faz-se necessário usar o direito penal. Não foram feitos marcos regulatórios para, por exemplo, a lei de proteção ao consumo, de crimes financeiros, de direito autoral". (Botelho) "Criminoso é quem viola o meu direito à privacidade, criminoso é quem me vigia na rede", disse. Para o sociólogo, a lei também é "inócua contra os criminosos [que continuarão driblando os sistemas de segurança], arbitrária contra o cidadão comum e precisa, no mínimo, de uma reforma no texto". (Amadeu) Obs: Segundo Amadeu, o artigo 285 do projeto, que, da forma como está escrito, daria margem para criminalizar, com pena de 1 a 3 anos e multa, ações como transferir músicas do computador para um pen drive (eis o texto: "Acessar, mediante violação de segurança, rede de computadores, dispositivo de comunicação, ou sistema informatizado, protegidos por expressa restrição de acesso"). ------------------- Comentários e Sugestões Sobre o Projeto de Lei de Crimes Eletrônicos (PL n. 84/99): http://www.culturalivre.org.br/artigos/estudo_CTS_FGV_PL_crimes_eletronicos.pdf
  7. Tim lembra um switch de informações com capacidade ilimitada. Olhando a platéia de jornalistas seus olhos atentos, rápidos e simpáticos saltam entre os entrevistadores dando a nítida impressão que ele é capaz de ver todos ao mesmo tempo. Muito além de ser um técnico Tim demonstra facilidade em sonhar com o futuro da web e seus impactos na cultura e sociedade. Foto: Tim Berners-Lee Respondendo brilhantemente às perguntas (que foram elogiadas por ele ao final da coletiva) ele falou em um futuro não muito distante em que nossos quartos estarão cobertos de pixels e poderemos interagir com as coisas de formas que ainda não imaginamos confirmando uma tendência de reduzir as fronteiras entre online e offline como faz o Twitter. Respondendo sobre o surgimento de uma nova cultura do conhecimento em contraste com a atual cultura do consumo ele sugere lucidamente que muitos outros experimentos na criação de novas culturas resultaram e desastres e que devemos ser muito cuidadosos garantindo sempre que as minorias também sejam ouvidas. Ao falar sobre a Web 3.0 ele apontou a necessidade de criar a possibilidade de mantermos nossos dados online com segurança e privacidade de forma que não tenhamos que informar novamente nossos dados a cada vez que nos comunicarmos com um serviço como uma nova rede social ou mesmo o site de uma empresa onde desejamos nos cadastrar. Seria uma evolução do OpenID. Apartentemente, na visão de Tim o futuro da Internet, seja ele qual for, se trata de conectar pessoas, de integrar culturas e dar voz a minorias, esse parece ser um ponto central em seus esforços presentes e futuros. Que muitos outros o ouçam e sigam os mesmos passos... ------------------ A seguir, o resumo das perguntas e respostas da coletiva, por Claudia Mello Belhassof. P: Qual o conselho que você daria a Barack Obama no dia de sua posse? Tim: Algo que ele já pretende fazer: colocar os dados do governo em open source. P: Qual o futuro da tecnologia? Tim: A Web é como uma tela em branco, com possibilidades infinitas. Estamos criando a Web Foundation para servir à humanidade, trabalhar melhor pelas pessoas de todos os níveis socioeconômicos. Ainda existe um percentual muito alto de excluídos digitais. P: Como será a acessibilidade via celular? Tim: Acredito numa diversidade de dispositivos de acesso à Web, dependendo da situação e da necessidade do momento. Posso acessar com um celular na rua, mas, se precisar de um mapa, ligo meu monitor de 52" em casa para ver exatamente de onde meu avião vai partir e onde vai chegar. P: Quais as expectativas para a Web 3.0? Tim: A Web 2.0 é frustrante para o usuário, pois as informações ficam isoladas em cada site. A Web 3.0 centraliza todas as informações num único site, por exemplo, um site chamado "Friend of a Friend". P: Se você pudesse tirar alguma coisa da Web, o que seria? Tim: As duas barras depois do http, porque isso economizaria muito tempo, mas seria necessário reprojetar toda a Web, então... P: Você acha que há necessidade de legislação para controle da Web? Tim: Não conheço as leis brasileiras, mas a Web precisa de neutralidade, sem bloqueio de acesso e sem monitoramento. P: Algumas pessoas dizem que estamos saindo da era do consumo para a era do conhecimento. Você concorda com isso? Realmente estamos criando uma nova sociedade? Tim: As tentativas de criação de uma nova sociedade foram trágicas, então é necessário tomar cuidado com novas tentativas. Hoje em dia, as pessoas de alguns sites já estão brincando com novas formas de sociedade, baseadas na meritocracia. Nossas decisões como grupo precisam respeitar a maioria sem deixar de ouvir a minoria. P: O que você acha dos crimes cometidos na Web? Tim: Essa é uma pergunta sobre a humanidade. Quando olho para a humanidade, vejo coisas horríveis, mas também vejo coisas maravilhosas. Sou completamente otimista em relação à humanidade: quando as pessoas se unem, vemos coisas muito boas. P: Temos um certo nível de interatividade hoje na Web. Você acha que chegamos ao limite ou ainda há mais por vir? Tim: Teremos muito muito mais interatividade, com visualizações de dados muito mais poderosas. Imagine as paredes de seu quarto cobertas de pixel. Isso mudaria completamente sua forma de interação, não acha? P: O Twitter é uma nova forma de comunicação? Tim: É uma ferramenta interessante, mas não tenho preferências por nenhum site. Devemos ter em mente que cada vez que vemos uma novidade bombástica, há uma outra novidade bombástica virando a esquina. P: Como você vê a questão da privacidade on-line? Tim: Os padrões estão mudando e devem continuar mudando nos próximos anos. Os usuários devem poder decidir o que pode ser usado, por quem e com que propósito.
  8. Tópico para a discussão do seguinte conteúdo publicado no Clube do Hardware: Campus Party Brasil 2009: Construindo a Sociedade do Conhecimento "Campus Party é considerado o maior evento de inovação tecnológica e entretenimento eletrônico em rede do mundo. Acompanhe nossa cobertura!" Comentários são bem-vindos. Atenciosamente, Equipe Clube do Hardware https://www.clubedohardware.com.br
  9. Publicado originalmente em 15/01/09 e atualizado para incluir as referências aos artigos publicados em nosso blog. Na semana que vem ocorre o Campus Party em São Paulo. As inscrições para participar estão esgotadas (mais de 4.800 pessoas), mas ainda é possível visitar a área Batismo Digital. É preciso explicar o que é Campus Party. Em breve sua televisão falará no: “Evento de tecnologia onde mais de 4 mil internautas e maníacos por tecnologia acampam por uma semana para falar das novidades e tendências” No entanto isso não explica o que é um evento moderno que reúne pessoas que usam, moldam e planejam a tecnologia e a Internet do futuro próximo. O Campus Party é um evento sobre sociedade do conhecimento suas ferramentas e elementos culturais (jogos, lugares etc) A Internet e a cibercultura são a base e a linha de frente das mudanças sociais e culturais que estão transformando a sociedade de consumo em sociedade do conhecimento. As implicações disso não são pequenas… Por isso me atrevo a dizer que este (o Campus Party) é um dos mais importantes eventos da atualidade. Para quem olha de fora pode parecer um bando de nerds, mas ali estão sendo experimentados modelos sociais e culturais que nortearão os próximos passos da nossa civilização (essa é uma opinião minha). Para quem olha de dentro é uma reunião de gente interessante falando sobre coisas interessantes. IMPORTANTE Haverá uma área somente para Batizado Digital onde pretende-se apresentar essas ideias de redes sociais a quem ainda não entrou nessa onda, e acredite, todos entraremos! E isso não nos tornará virtuais e sim mais reais do que antes. Voltarei a falar nisso em outras ocasiões. Se você estiver em São Paulo na semana que vem não deixe de dar um pulo lá. Se você é uma pessoa mais curiosa ou se interessa em mergulhar na cibercultura vai gostar de saber que se encontrarão lá gente como: Tim Berners-Lee, o sujeito que “criou” a Web Soninha Francine, uma das políticas mais sérias que eu conheço Ricardo Noblat, do jornal O Globo Samara Felippo. A atriz da Globo e blogueira estará na palestra sobre blogs e celebridades Esses são alguns nomes conhecidos, mas os nomes menos conhecidos não deixam nada a desejar em relação a eles. Essa é uma das maiores belezas de uma sociedade em rede: todos nós podemos nos destacar. Dê uma olhada na lista de palestras do Campus Party 2009 e você encontrará um monte de gente que vale a pena ouvir. ----------- Acompanhe nossa cobertura: Campus Party Brasil 2009 Coletiva de Imprensa com Tim Berners-Lee Menina Tenta Destruir Notebook Hugh McLeod Debate Sobre o Projeto de Combate aos Cibercrimes SEO - Otimização de Sites Projeto Remanufatura de Computadores O Direito Conhece a Internet? ----------- Números da Campus Party Brasil 2009 Investimento: R$7,6 milhões Campuseiros: 6.655 Presença: 118.662 visitantes na área Expo 468 atividades entre áreas de conteúdo e atividades especiais Inclusão digital, Campus Futuro e Astronomia: 6819 pessoas com acesso a 200 computadores Taxa de upload: 62,7% Taxa de download: 37,3% Conexão: 10Gb, a maior do mundo, com 28km de cabos de rede e 11 km de cabos de fibra ótica 3.819 pessoas trabalharam diretamente Entre patrocínios, apoios e convênios, 78 empresas colaboraram para o sucesso do evento com mais de 800 jornalistas credenciados de diversos países Dos 6.655 campuseiros, 4.471 eram homens (67,18%) e 2184 (32,82%) eram mulheres, 372 menores de 18 anos (5,58%) e 127 maiores de 50 anos (1,9%) A média de idade foi entre 18 e 29 anos de idade Das pessoas inscritas no evento, 4.123 tinham computador e os restantes 2.532 não possuíam Mais da metade dos inscritos (51% ou 3.398 pessoas) credenciaram-se para receber alimentação, enquanto o restante (49% ou 3275 pessoas) não recebeu Foram servidos 40.472 lanches nos sete dias de Campus Inscritos por estados: São Paulo – 3.959 (58,44%), Rio de Janeiro – 532, Rio Grande do Sul – 377, Minas Gerais – 329 e Goiás – 181 Houve a presença de inscritos de 22 países
  10. Tópico para a discussão do seguinte conteúdo publicado no Clube do Hardware: Network Computing e Java "Saiba o que o Java pode fazer na Computação de Rede." Comentários são bem-vindos. Atenciosamente, Equipe Clube do Hardware https://www.clubedohardware.com.br
  11. Muito se tem falado ultimamente em Java e computadores de baixo custo desenvolvidos para trabalhar em rede. Contudo, o assunto é freqüentemente tratado superficialmente prejudicando o entendimento real do que esta tecnologia pode possibilitar. A maior vantagem geralmente apontada é o fato do ambiente Java ser multi-plataforma. Entretanto, em um mercado onde 90% usa Windows, esta parece uma vantagem absolutamente inútil. Apesar disso a maioria das empresas chave da indústria de informática - como a IBM, Oracle, Intel, Sun, Xerox e AT&T - investem pesadamente no desenvolvimento de dispositivos para "computação de rede" ou Network Computing. Obviamente há muito mais por trás do NC do que uma linguagem orientada a objetos e computadores de menor custo. Para compreendermos exatamente as mudanças que essas tecnologias podem provocar no mercado de hardware e software, devemos observar exatamente o que são separadamente e quais são os planos das empresas que investem mais pesadamente nelas. O conceito de NC é uma velha idéia decorrente de uma série de desvantagens apresentadas pelo modelo de computação cliente-servidor em comparação ao velho modelo de mainframes onde havia apenas uma máquina processadora e numerosos clientes totalmente burros. Mais oportunamente nos aprofundaremos nestas diferenças, por hora o fato relevante é: embora o modelo antigo oferecesse pouca ou nenhuma flexibilidade ao usuário dos terminais, ele era muito mais administrável que o modelo atual, onde centenas de micros devem ser mantidos com seus sistemas operacionais e software instalados. Conforme as redes de micros cresceram para milhares e até dezenas de milhares de micros, gastos igualmente grandes passaram a ser necessários com o suporte, distribuição e manutenção dos softwares instalados. Diante disso viu-se a necessidade de sistemas que pudessem ser administrados de um ponto central. Tal sistema deveria somar o melhor dos dois modelos: a administrabilidade dos mainframes e a flexibilidade das redes cliente-servidor. A melhor solução idealizada sugeria um grande servidor de arquivos e aplicações, onde ficariam instalados o sistema operacional e aplicativos (uma estrutura semelhante ao boot remoto). Contudo seria necessário um ambiente operacional desenvolvido desde o princípio para operar neste ambiente, a fim de garantir segurança e evitar problemas de performance. A flexibilidade nos clientes pode ser garantida utilizando máquinas processadas e com memória local para processamento além de - quando necessário - memória de armazenamento para arquivos de swap. Na prática a idéia é que computadores de rede busquem durante o boot pelo restante do ambiente operacional (parte deste ambiente deve ser armazenada no próprio processador) no servidor assim como os aplicativos que, uma vez carregados são executados localmente evitando o tráfego de dados desnecessários na rede. Neste ambiente a atualização de um aplicativo se resume a sua atualização no servidor; ajustes nos ambientes operacionais de cada cliente podem ser feitos de uma forma muito mais completa que antes também no servidor. Ambientes como este tem sido implementados e demonstram necessitar de uma fração do pessoal de suporte necessária para o modelo cliente-servidor. O primeiro ambiente em que se pensa normalmente para utilizar o conceito NC são grandes redes, como bancos eletrônicos ou sistemas de reservas de companhias aéreas. Contudo, o conceito pode ir mais longe, conferindo maior administrabilidade a quiosques multimídia, relógios de rua (como os usados no Rio de Janeiro) e uma infinidade de dispositivos. As possibilidades do conceito são tão excitantes que muitos se deixam levar pelo entusiasmo, montando quadros tão fantasiosos que chegam a desacreditar o conceito (embora alguns dos quadros na verdade não sejam absurdos). O fato em relação ao modelo NC é que pode ser um primeiro passo em direção a uma nova onda de avanços nos dispositivos eletrônicos. E o que pode impedir? Padronização sempre foi o grande vilão na indústria de computação: se é padronizado é proprietário e caro, se não é proprietário e caro não é padronizado! O ambiente NC jamais será possível enquanto as grandes empresas de hardware brigarem para padronizar suas soluções produzindo um mundo não conectável. A menos que haja uma padronização ao menos em uma das camadas: a do ambiente operacional. Aqui entra o Java, mais que a linguagem Java, o Ambiente Operacional Java. No início desta década, a Sun (uma das principais empresas de alta tecnologia) iniciou o desenvolvimento de um novo ambiente de execução de programas. Entretanto há apenas 3 anos o ambiente Java foi finalmente lançado no mercado. Essencialmente o ambiente consiste em três elementos: uma máquina virtual que executa aplicativos Java, uma linguagem chamada Java e um verificador de byte code. Embora separadamente cada elemento já apresente vantagens, é o conjunto que faz do Java um ambiente especial. Totalmente orientado a objetos (exceto por herança múltipla, mas discutiremos isso em outra oportunidade), seguro e adequado para execução em rede e portável. Isto era exatamente o ambiente necessário para a concretização da Computação de Rede. Atualmente Java e NC complementam-se perfeitamente e praticamente não há outras soluções que mereçam a classificação de NC. Gostaríamos de apresentar logo todas as diferenças entre as soluções NC com Java e com outros sistemas, contudo este assunto seria muito longo e mais técnico do que pretendemos nesta apresentação. Por hora nos concentraremos apenas em cada uma das três principais "partes" do ambiente Java. A linguagem Java é certamente o item mais popular, a ponto de se falar normalmente NA Java. Realmente é uma boa linguagem orientada a objetos (OO), claramente desenvolvida à partir do C++. Contudo, ao contrário da linguagem C++, a Java não permite a violação de princípios OO, como encapsulamento. Seria justo dizer que a Java é diferenciada do C++ muito mais pelo que não pode fazer do que pelo que faz a mais. Calma! Isto não é, necessariamente, uma desvantagem, afinal códigos OO utilizando este tipo de violação (possível no C++) acabam fadados a serem um tipo de tecnologia híbrida, nem estruturada, nem OO, dificultando não só a manutenção como também a reutilização e aproveitamento em tecnologias OO mais recentes e avançadas, como CORBA e OpenDoc. Vale lembrar que o aplicativo escrito em Java deve ser compilado para o código objeto do ambiente de execução - a Java Virtual Machine - e programas em outras linguagens OO atualmente podem ser compilados para o mesmo código objeto. É na JVM que o ambiente começa a mostrar vantagens. A JVM foi projetada para ser uma camada entre os aplicativos Java e os diversos sistemas operacionais (atualmente existe JVM para vários: Unix, OS/2, Windows 9x/NT, Macintosh, Windows 3.X etc.) e mesmo dispositivos de hardware dotados de processadores Java (ainda não lançados). O ambiente JVM já conta com todas as classes necessárias aos acessos mais críticos para a segurança de dados, como acesso a disco ou tráfego pela rede, e não permite que estas classes sejam substituídas por outras provenientes da rede à revelia do usuário. Esta é uma das principais razões do casamento entre Java e NC. A porção do ambiente dedicada a esta verificação é o Byte Code Verifier. É evidente que há diversos outros recursos como Garbage Colector (dedicado a remover um objeto da memória quando desnecessário), Class Loader (que busca e carrega as classes necessárias mesmo que espalhadas pela rede) e Just In Time compiler (o JIT) que produz transparentemente um tipo de código ativo para o sistema atual, a fim de garantir maior performance. Este é o primeiro de uma série de artigos que escreverei procurando apresentar o Java e a Computação de Rede. No momento a bola da vez está claramente com o Java, principalmente por dois motivos: está se aproximando do seu estado da arte e do seu sucesso depende a realização do modelo NC. Assim estarei concentrando minha atenção no Java (a menos que haja manifestação em contrário) procurando abordar a NC em momento apropriado. Ora! A concretização da NC tem vastas conseqüências. Seja qual for a tecnologia utilizada para torná-la real, serão usados conceitos de computação distribuída e tecnologias OO (como CORBA e OpenDOC), e surgirão dispositivos de hardware dotados do ambiente NC padrão ou compatível com ele. Em decorrência disto, o profissional de computação qualificado será mais valorizado, além de poder se dedicar a projetos mais ambiciosos. Além disso, a tendência é de que mais e mais dispositivos necessitem de técnicos em computação. Avanços tecnológicos são como a Paz: todos desejamos, mas somente com algum engajamento e boa informação pode-se alcançar o objetivo final. Roney Belhassof é analista de sistemas e especialista em banco de dados. Gerente de Desenvolvimento da Information for Business (http://www.i4b.com), empresa especializada em Engenharia de Informação.

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