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Custo Brasil


Custo Brasil

Se você acompanha aqui minhas opiniões sabe que eu sempre bato na tecla do “Custo Brasil”: burocracia em excesso, impostos altos sem o respectivo retorno social, dificuldades e entraves para se fazer negócio em nosso país, etc, etc, etc.

Isso quando não são os próprios empresários que acabam colaborando com o “Custo Brasil”. Infelizmente ainda há muita gente praticando margens de lucro absurdas por aqui, especialmente pela falta de concorrência.

O exemplo que quero trazer hoje é o de uma peça de reposição do meu carro, um sensor do freio ABS (gerador de pulsos) que quebrou e tive de trocar no início do ano. Custou exatamente R$ 848 na oficina autorizada, fora a mão de obra.

Como estou nos EUA no momento, resolvi aproveitar a oportunidade para comprar algumas peças de caráter estético para o meu carango. Aqui, ao contrário do Brasil, há uma vasta rede de lojas que vendem peças para o meu carro mas que não são autorizadas. Isso ajuda consideravelmente a baixar o preço. Aproveitei para pesquisar algumas peças que já tinha trocado no meu carro na rede oficial no Brasil. Tomei um susto ao ver o preço oficial do tal sensor do freio ABS. Na autorizada ele custa US$ 107, enquanto pode ser comprado por US$ 90 nas lojas concorrentes.

Ou seja, uma peça de R$ 230 sendo vendida por R$ 848 no Brasil. Se considerarmos um custo de importação de 100%, vemos que a marca tem uma margem de lucro de quase 100% no Brasil. Impressionante.

E olha que eu dei uma pesquisada na Internet e vi americanos reclamando que o preço dessa peça é muito caro nos EUA. E realmente é, já que esse sensor nada mais é do que um cabo com um sensor eletromagnético na ponta.

Sem contar que o poder de compra dos americanos é completamente diferente dos brasileiros. US$ 100 nos EUA para um americano é mais ou menos equivalente a R$ 100 para um brasileiro no Brasil, em termos de poder de compra.

Sempre em que há uma dificuldade, existe uma enorme oportunidade. Conversando com algumas oficinas no Brasil, descobri que há muitas com mecânicos capacitados a consertarem carros importados, sendo que o principal problema são as peças, disponíveis apenas na rede autorizada.

Ora, podemos importar essas peças legalmente pela Internet. Mesmo pagando-se um imposto de importação absurdo, as peças saem mais baratas (praticamente metade do preço, no exemplo que eu dei) do que se comprada na rede autorizada.

Eu mesmo demorei mais de seis meses para me dar conta que eu poderia ter comprado as peças no exterior. Fiquei com medo de não saber quais peças comprar, mas como o orçamento da oficina trazia o “part number” de todas as peças não teria como errar. Pesquisando mais a fundo descobri inclusive um site listando todas as peças do meu carro, com part number, preço oficial e vistas explodidas. Se eu quisesse investir um pouco mais, poderia ter comprado até mesmo o manual de manutenção completo dele na Amazon.com. É só questão de sentar e procurar.

Sem contar que na Internet há zilhões de fóruns internacionais e mesmo nacionais dedicados aos carros importados, que com certeza me ajudaram na minha busca e que me ensinaram muito a respeito do meu possante.

Na minha busca encontrei até mesmo aqui nos EUA ferros-velhos especializados em peças usadas de uma determinada marca, onde você pode encontrar peças funcionando perfeitamente por um preço muito inferior (esses ferros-velhos normalmente compram carros com perda total para o desmanche de  peças).

Eu fico ainda mais impressionado com essas oficinas não oficiais que mexem com carros importados não se tocaram da enorme oportunidade que existe no Brasil. Infelizmente isto provavelmente é um reflexo do que ocorre com a maioria dos brasileiros: não sabe usar a Internet adequadamente como uma poderosa ferramenta para se fazer negócios e não sabe ler/falar inglês.


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Comentários de usuários

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Eu fico ainda mais impressionado com essas oficinas não oficiais que mexem com carros importados não se tocaram da enorme oportunidade que existe no Brasil. Infelizmente isto provavelmente é um reflexo do que ocorre com a maioria dos brasileiros: não sabe usar a Internet adequadamente como uma poderosa ferramenta para se fazer negócios e não sabe ler/falar inglês.

Se duvidar as não-autorizadas fazem exatamente o que você descreveu e aproveitam para ter uns 500% de lucro, provavelmente trazem tudo do paraguai mesmo

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Gabriel,

Na post relacionado a "olhada" que vocês deram em uma fonte TT 750w, você cita quanto custa essa fonte aqui num distribuidor e quanto sairia comprando lá fora legamente, pagando impostos e tudo mais. Você bem que poderia fazer um "guia" para quem quiser comprar lá fora né! Primeiro porque há hardwares ( como essa fonte ) que sai mais barato, e segundo pelo fato da maioria dos hardwares testados no Clube do Hardware não serem encontrados no Brasil, ou com grande dificuldade, além de conter preços abusivos!

Seria um artigo simples, citando os impostos que seriam pagos, geralmente os custos de entrega, uma pesquisa de preços ( um site como o Buscapé por ex. ) , os principais sites, etc.

Acho que seria muito útil...

Enfim, é uma sugestão.

Cheers, :)

Gustavo.

Mensagem editada por gugazz em 06 de setembro de 2006, 04:13.

Reforço o meu pedido!

;)

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Concordo com a opinião do caparros, afinal de contas imaginar que ninguém jamais tenha feito este tipo de raciocínio é meio ingenuidade...

Ainda mais se levarmos em conta uma outra característica dos brasileiros, além destas citadas pelo artigo (não saber pesquisar na internet e o não domínio da língua inglesa), o famoso jeitinho brasileiro, é muito provável que esse achado descrito no artigo já seja do conhecimento de muita gente que com certeza se aproveita disso.

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No fundo, acho que tudo isso ainda é reflexo do "custo Brasil" mesmo - da parte do governo.

Já vi quem trabalha com importação, o pessoal trabalha com uma insegurança danada, pois nunca sabe o que vai passar ou não; principalmente os pequenos importadores.

E o que influencia mais não é o custo da importação - que são altíssimos, diga-se de passagem - mas o fato de que não se consegue dar um prazo pro clienrte. Afinal, nunca se sabe quanto tempo o produto vai ficar na alfândega.

Já ouvi também, muitos casos de taxas cobradas indevidamente, e muita gente que inclusive deixou o produto na alfândega, pois sairia mais caro tirar o produto da alfândega do que comprar um novo (!).

Toda essa burocracia, esse ritual em que o empresário tem que implorar à receita para que esta libere o seu pedido, espanta o empresário desse setor. Já vi muita gente dizendo que importadoras são "barco furado" e só dão prejuízo.

Assim, os poucos que se arriscam colocam o preço que querem, pois o governo nos faz o favor de desestimular a concorrência.

Não vamos ser ingênuos e pensar que as pessoas fazem preços baixos porquê são boazinhas e não querem explorar. As pessoas em geral querem ter o maior lucro possível - e isso não é necessariamente ruim.

Mas preços não diminuem por decreto, como os inúmeros planos já nos confirmaram. Preços só diminuem por concorrência.

Enquanto o governo não desburocratizar esse setor, não vai ter concorrência e os preços vão continuar como estão. A internet ainda não retirou a barreira física da alfândega. <_<

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sobre o post do phbsapo,

a verdade é que o governo sabe das dificuldades de importação e não está nem ai... o Brazil tem que manter a balança comercial (a diferença do que é importado sobre o que é exportado) de um jeito saudável... Não é a melhor maneira de se controlar isso, mas o governo parece não ter escolha....

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Caparros,

Concordo que a balança comercial é um ponto importante. Mas acho que nesse caso, o molho sai mais caro que o peixe.

O Brasil deixa de concorrer em muitas áreas pois é custoso importar, especialmente componentes eletrônicos (que é, disparado, o nosso maior item de importação).

Já não basta o goverto não investir em tecnologia por aqui. Tem ainda que barrar a tecnologia que vem de fora. Veja que eu não defendo a "farra dos importados". Mas não acho que criar barreiras burocráticas seja o caminho. Já temos um imposto sobre a importação alto (aliás, qual imposto não é alto no Brasil?).

Poderíamos aproveitar este momento, em que estamos com uma balança comercial extremamente favorável para desburocratizar esse setor. E deixar "apenas" as altas taxas. Acho que isso estimularia a concorrência externa, geraria muitos empregos indiretos, combateria o contrabando e teria um efeito significativo, mas não absurdo, na balança comercial (bom, esse último é especulação minha, teria que ver o impacto correto :rolleyes: )

Mas isso seria pedir neurônios demais dos nossos governantes :priv:

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Bem gostaria de lembrar que o custo Brasil não termina no lojista, pois este paga impostos pesados, por exemplo, em alguns estados o ICMS chega a 17%!! Some a isto confins, contribuição social, imposto de renda retido na fonte, enfim são mais quase 7% de tarifas federais, ou seja os impostos pagos pelos lojistas podem chegar em até 24% em alguns estados (como no estado em que moro, o Pará)!!!!! Agora vamos fazer outra conta, o lojista não pode pensar em uma margem de 30% e achar que vai ficar com 6%, isso porque ele ira pagar este porcentual sobre o preço de venda e não sobre o preço de custo, a conta para lucro zero é a seguinte.

Preço de custo = preço de venda - 24% do preço de venda, de forma matemática temos a = x - 0,24x ( onde a = preço de custo e x= preço de venda) logo:

a = 0,76x

x = a/0,76

x = 1,315a

considerando a = 100% temos x = 131,5% ou seja a margem para lucro zero é de 31,5%!!!!!!

o lojista se ve obrigado a trabalhar com margens que seriam absurdas se não fossem no Brasil, entorno de 40 a 50% :ahh:

o mercado informal só consegue preço porque sonega, ou vocês acham o que? que os vendedores do mercado livre pagam todos os impostos para conseguirem preços que não condizem com a carga tributária?

não quero dizer que não devemos comprar no mercado livre, só acho as colocações as vezes um pouco românticas achando que o empresário brasileiro não tem visão e que a Europa e o Estados Unidos tem um comercio "bonzinho" e vendem barato para lucrar na quantidade (parece piada). Os preços são menores nesses mercados porque a carga tributária permite e porque se uma loja aumenta o preço tem oferta em outra, é simplesmente mercado.

Obrigado :)

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Concordo com tudo que foi escrito no artigo. Os impostos para importação são altíssimos e alguns setores exageram no lucro em cima. Em informática isto não acontece tanto já que a concorrência é grande.

Só que eu gostaria de dizer apenas um alerta pra quem deseja comprar no exterior:

1º Suporte Técnico: Se você vai comprar um produto importado provavelmente as chances do atendente falar seu idioma são muito pequenas.

2º Se der problema no produto e você precisar trocar (como você vai testar uma peça de um carro se seu carro está no Brasil? E se precisar trocar todo um conjunto?) será necessário enviar o produto para o país de origem e lá fora eles não são muito gentis em pagar seu frete. Eles aplicam a legislação deles e pronto. Ou seja, você demora a ter a peça de volta e ainda paga mais por ela.

3º Se der o azar pode ser que a Receita queira barrar o produto. Vai saber, eles implicam com tudo. Até com tinta para gabinete.

Deve-se levar em consideração o fator Comodidade. Eu particularmente, embora o produto sendo muito mais barato lá fora, não compraria tal peça. Isso é luxo para os que podem viajar sempre para fora do país.

Hoje em dia até pra enviar produto usado de lá pra cá é complicado. Se você tem um irmão nos EUA e ele quiser te mandar presentes de lá (monitor LCD, notebook) podem barrar e você receber um contato dos correios para ir lá pagar a taxa.

Em muitos casos é muita furada comprar lá fora.

Acredito que incentivos fiscais na área iriam resolver o problema. Mais empresas viriam para o Brasil para representações consequentemente gerar mais empregos e mais renda e melhor o PIB.

Escadinha do sucesso onde partidos insistem em brincar de tiro ao alvo com o cofre público.

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