Recuperando ou restaurando sucatas de SSD Kingston

[Pincipi]

Comprei um lote de sucata de SSDs por puro divertimento e dentre eles vieram três unidades de Kingston autênticas.

Na maioria das sucatas só se encontram falsificações e como considero uma raridade o fato de encontrar originais na sucata, decidi por publicar o post com o diagnóstico das unidades.

Foram compradas de empresa de informática e todas elas com o selo original do fabricante intacto e com selos de garantia de empresas diferentes.

A primeira sucata é um A400 de 240GB, liguei apenas ela no computador e o sistema subiu normalmente sem qualquer problema ou aviso de erro, todos os arquivos do usuário estavam lá intactos, suas fotos, seus documentos etc. e após algum tempo apareceu um aviso na tela:

Também verifiquei que se tratava de um sistema com chave pirata com um ano de instalação e cheguei à conclusão de que o dono deste SSD recebeu o aviso do Sentinel 5.00 para fazer backup imediato para não perder os dados, (o restante do aviso eu não entendi bem o que significa) então, ele tomou a decisão de comprar outro SSD e descartar este aqui.

Coloquei o SSD em outro computador com escravo e a tela do Crystal Disk info ficou assim:

Saudável e com poucas horas de uso. A firmware que aparece na etiqueta dele é a S3Z40107 diferente da que aparece na tela S3E00101.

Diante do diagnóstico inicial resolvi apagar tudo usando o DiskGenius:

O SSD de cima é o meu de sistema e o SSD de baixo é o testado.

Depois de apagar tudo fiz um exame de superfície:

Nenhum setor danificado, na sequência rodei o KSM do fabricante:

E não havia nenhuma atualização de firmware disponível.

À titulo de curiosidade, o meu Kingston de sistema tem na etiqueta a firmware S3Z40107 igual a que aparece na tela. (Eu comprei ele novo e nunca atualizei)

Em teoria, pode ser que a firmware do Kingston testado já tenha sido atualizada e por isso que na tela está diferente da etiqueta.

A data de fabricação deve aparecer no interior do SSD e como não quero romper o lacre, deixei de verificar.

O SSD ficou assim:

Novo em folha pronto para ser usado.

Agora só falta fazer uns testes para ver se dá algum problema e se não der, instalar um sistema e um Sentinel para ver se o aviso aparece de novo.

Tudo leva à crer que a unidade está em perfeito estado.

Mamão com açúcar. Viva a Kingston!

A segunda unidade é um A400 de 120GB, liguei apenas ela no computador, foi reconhecida no setup ou BIOS mas, não subiu o sistema, deu erro de falta de sistema.

Coloquei ele em outro computador como escravo e a tela do CrystalDiskInfo ficou assim:

Saudável e com 2784 horas de uso, os dados do usuário pareciam estar todos intactos e na tela do DiskGenius deu como partição danificada:

Fiz a verificação e deu como reparada:

Voltei no outro computador e o sistema subiu normalmente e todos os arquivos do usuário estavam lá intactos. A chave do sistema também era uma famosa genérica empresarial, instalada a um ano e meio.

Analisando a possível causa deste SSD ter ido parar na sucata, acredito que o sistema deixou de subir e o usuário descartou o SSD comprando outro.

Levei o SSD para o outro computador como escravo e resolvi apagar tudo com o DiskGenius:

Na sequência fiz o exame de superfície:

E nenhum setor estava danificado.

Nem rodei o KSM do fabricante porque já sei que no caso dos 120GB nunca tem atualização de firmware.

O SSD igual ao anterior ficou novo em folha pronto para ser usado e fazer os testes.

Viva a Kingston!

 

[Pincipi]

A terceira unidade é um A400 de 480GB, ligada apenas ela no computador deu o clássico aviso de falta de sistema:

Beleza, pensei eu que é mais um SSD que deve estar perfeito bastando formatar para ficar novo em folha e gritar: Viva a Kingston!

Mas...

Olhando melhor no setup, o SSD foi reconhecido com a maldita e infame SataFirm S11:

Terror dos proprietários de Kingston e com diversas soluções amplamente divulgadas na internet.

Nem tudo são flores na área de recuperação de SSDs por aventureiros como eu, para os profissionais pode até ser, entretanto para mim, este é um mundo novo a ser desbravado.

Por enquanto então, antes de partir para as tentativas de recuperação achei por bem mostrar como se faz o diagnóstico desta situação; além do já mostrado acima que o computador não inicializa por falta de sistema e o SSD ser reconhecido no Setup como SATAFIRM S11, no caso de usar o SSD como escravo, seja direto no computador ou em um case, a situação fica assim:

O SSD é reconhecido como não inicializado ou não alocado, é como se fosse novo ou tivessem sido escritos zeros em toda a sua superfície.

A grande diferença está no fato que aparece uma seta para baixo numa bolinha vermelha no ícone do disco, veja o destaque apontado em vermelho na imagem acima.

Essa bolinha indica que nada pode ser gravado no SSD, você pode até tentar, por exemplo clicando no OK para inicializar o disco e o resultado fatal será este:

A situação não muda em nada e apenas a mensagem de erro pode variar para outra coisa como erro de E/S ou outro erro qualquer.

As pessoas costumam usar o jargão "SSD Morto" para definir esta situação.

O termo técnico usado pelos especialistas de informática deve ser SSD não funcionando ou corrompido. Na realidade eu não sei qual seria o termo técnico a ser usado.

Só sei que a peça está inútil para o usuário comum e deve ser por isso que veio parar na sucata.

Continuando nas outras formas em que se pode diagnosticar a mazela:

O CrystalDiskInfo mostra no lugar do que seria o nome/modelo do SSD a aterradora frase SATAFIRM S11.

Se for verdade a quantidade de vezes ligado dele é absurda: 16.056.564 vezes o que é um forte indicio de muitas e muitas tentativas de recuperação.

Outra informação importante para mim é a versão do firmware mostrada na tela SBFKB1W1, diferente da versão que aparece na etiqueta do SSD SBFKB1D1. Outra forte evidência de que a firmware já foi atualizada e não deu certo.

Aqui no CDH tem um tópico quase idêntico sobre essa situação:

Outra curiosidade é que o programa do fabricante não lista o SSD com a firmware corrompida, simplesmente fica em branco:

Com o detalhe de que na aba Events é possível ver que detectou o SSD, o drive 0 é um China genérico e o drive 1 é a vítima em questão.

Não menos importante é salientar que o SSD nesta situação teve todos os dados perdidos porque eles não pode ser acessados.

Basicamente os dados são administrados pela controladora que faz o meio de campo entre as memórias nand do SSD e o computador, só ela sabe onde ou que parte das memórias as informações foram gravadas.

A firmware é um conjunto de instruções necessário para que o dispositivo possa funcionar corretamente, é como se fosse um driver de computador e sem ele o dispositivo não funciona ou não funciona como deveria funcionar.

O fabricante oferece garantia para esta situação nas seguintes condições:

Estar dentro do prazo de garantia.

Possuir nota fiscal de compra.

Se o infeliz proprietário não atender aos dois requisitos, não obterá êxito junto à garantia do fabricante a qual se limita a apenas substituir a peça, já que a questão dos dados ou informações perdidas é problema exclusivo do proprietário feliz se fez backup e infeliz se não o fez.

Ainda existe a possibilidade de procurar uma empresa de recuperação de dados e se prepara porque o valor é bem mais alto do que comprar outro SSD e as possibilidades de recuperação são extremamente pequenas já que com certeza esse SSD foi ligado por muito tempo depois de apresentar a corrupção da firmware e o tal de TRIM dev ter sido acionado diversas vezes apagando todos os setores sem nenhuma chance de recuperação, como se observa neste outro post:

O segredo de como vão recuperar eu não sei, imagino que vão colocar outra controladora no lugar da corrompida ou vão retirar as nands para analisar em separado num extrator de memória e depois traduzir os zeros e uns.

Com certeza não vão atualizar a firmware porque se fizer isso, automaticamente todos os dados serão apagados das memórias, não que eles sejam exatamente apagados, o que imagino que deve acontecer é que a nova partição de memória vai ser incapaz de interpretar ou traduzir as informações que a outra controladora armazenou.

Pelo que sei não existe uma sequência lógica de gravação das informações, cada controladora faz do jeito que lhe aprouver, grava um pouco num setor e um pouco no outro setor e só ela sabe como montar na hora de ler.

O proprietário deve escolher entre perder a unidade com os dados junto quando na troca em garantia ou então tentar recuperar na especializada o que com certeza implica em perda da garantia porque imagino que vão violar o lacre de fábrica.

Muita gente fica sem saber o que fazer nesta situação, conforme se observa em vários dos posts aqui mesmo no CDH:

Uma grande coincidência é que a tela do CrystalDiskInfo deste post acima tem a mesma quantidade de vezes e horas ligado, ou será que faz parte da corrupção da firmware mostrar o mesmo resultado?

De qualquer forma, resolvi deixar de lado a recuperação dele até me sentir mais seguro com relação às muitas possibilidades diferentes oferecidas na internet, dentre elas a abaixo:

Se der certo eu atualizo o post.

[Pincipi]

Continuando no trabalho do terceiro Kingston, resolvi abrir antes para saber o que tem dentro e assim tomar a melhor decisão.

A etiqueta sobre o parafuso é o primeiro obstáculo, sem ela a garantia é invalidada e como não tem garantia mesmo, manter a etiqueta seria apenas apego emocional.

Ela é do tipo autocolante e auto destrutível ou casca de ovo, se tentar descolar ou remover ela se despedaça toda impedindo de ser reaproveitada, basta raspar com a unha ou uma espátula de plástico para ela se auto destruir e para remover os resíduos de cola eu usei um pano levemente umedecido com querosene de limpeza. Você também pode deixar como está. No meu caso, acho que tenho alguma espécie de TOC e não consigo ver aquela etiqueta toda estropiada com o parafuso cheio de cola e restos da etiqueta.

O segundo obstáculo é o próprio parafuso, desenvolvido para dificultar o acesso através de um pino central obrigando a pessoa ou técnico a utilizar uma chave torx 6 com furo, se bem que na internet existem ideias como usar uma caneta queimada para o plástico se amoldar e quando esfriar girar e soltar o parafuso, no meu caso eu usava uma chave de fenda comum no tamanho das pontas da estrela com um serrado no meio para encaixar o pino:

Ela serviu honrosamente ao propósito por muitos anos mas, o que era para ser um quebra galho de vez em quanto se tornou uma rotina e acabou não resistindo, pelo menos me fez ganhar tempo até tomar a decisão de comprar a minha própria chave torx com furo, ao invés de escolher a recomendada apenas para a situação deste SSD:

Resolvi adquirir um jogo de bits:

Com ele eu posso usar em diversas outras aplicações também. O cabo de encaixe adquiri separado e o bit também pode ser usado em parafusadeira.

Acima como ficou o meu kit em ação, abrindo o SSD deste post.

Superado os 4 parafusos, a carcaça metálica se abre em duas e eis a placa que eu quero acessar:

Removendo o adesivo, a placa fica pronta para a foto oficial:

E do outro lado:

O que eu queria saber é a sua controladora:

Identificada por CP33238B e segundo reza a lenda dos Kingstons; geralmente o que está escrito por fora não bate com a identificação via software.

As nands são:

FB12808UCM1-62.

Na placa vem escrito: 2027015-001.A00G e ela tem vários pontos de testes e dois são bem diferenciados, podendo serem os acionadores do modo ROM.

Agora só falta fazer a pesquisa na internet com os dados coletados e ver o que o software de ID vai identificar.

[Pincipi]

A quantidade de informações que se dá na pesquisa é imensa e achei melhor filtrar:

Com base no artigo acima a controladora dele é a Phison e escolhi primeiramente ir no endereço abaixo:

Baixar o primeiro programa que deve ser para identificar via software a controladora, na internet tem toda a explicação de como baixar e executar.

Como teste, executei num outro Kingston sem problemas e deu nisso:

Parece que não conseguiu identificar a controladora mas, a firmware S3Z40107 é a que consta na etiqueta e também aparece na tela do Crystal Disk Info.

Agora o resultado da detecção deste Kingston em que estou trabalhando deu nisto:

Com mais três telas que não vou por aqui para não ocupar muito espaço porque o arquivo foi salvo em texto:

phison_flash_id.txt

Deixei em destaque a firmware que aparece na etiqueta e o 64L que deve ser a referência de memória para encontrar a firmware própria para ele.

Eu ainda não sei bem o que estou fazendo e vou para o segundo endereço a pesquisar:

É aqui que a coisa fica russa e usei o tradutor para tentar entender alguma coisa antes de fazer às perguntas estúpidas.

Clicando na terceira aba vão aparecer várias opções e escolhendo a Phison:

Vai para outra parte cheia de informações:

Tentar entender isto vai levar um belo tempo.

Se clicar na quinta aba, base de dados e rolando até:

Vai em outra página que talvez tenha a opção de TLC que aparece na detecção das nands:

Seguindo a listagem, quando acaba a Samsung, começa a Micron que vai até começar a Intel, só que são muitas opções e eu nem sei o que realmente procurar, Micron TLC 64L ou alguma outra coisa.

Fiquei mais perdido que um cachorro na tela azul. Quem sabe meu Chapolim Colorado venha me ajudar.

 

[Pincipi]

Após muitas tentativas e diversas telas de erros diferentes, desde falhas de downloads, a descompactação de arquivos corrompidos, passando por erros de não dar duplo clique e executar como administrador e vice versa, até executar no modo IDE e não no AHCI, consegui atualizar a firmware dele, a qual ficou assim no Crystal:

Ou seja, a firmware mudou para SBFKB1H5, que foi a mais próxima que encontrei, o número de série se manteve mas, as demais informações de gravações, horas e vezes ligado foram zeradas.

Se eu tiver um tempo, vou tentar descobrir como regravar a quantidade de vezes ligado, horas de uso e gravações feitas, para ficar mais perto do que deve ser o original desta unidade.

No KSM do fabricante não apareceu opção de atualização:

A verificação de superfície ficou assim:

Sem nenhum setor danificado. Como a quantidade de excelentes é menor do que a quantidade de bons, eu arrisco supor que não dá para passar por novo porque o novo teria em tese uma maior quantidade de excelentes.

O nome de sobetterEXT é do adaptador USB.

Viva a Kingston! 100% de recuperação das três sucatas.