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Podemos Confiar na Certificação 80 Plus?


         36.437 visualizações    Energia    29 comentários
Podemos Confiar na Certificação 80 Plus?

Introdução

A certificação 80 Plus foi um passo importante para mudar o cenário do mercado de fontes de alimentação: agora o consumidor antenado sabe que deve comprar uma fonte com eficiência de pelo menos 80%. Novos níveis de certificação (Bronze, Silver, Gold e Platinum) foram lançados. Mas talvez seja a hora de mudar a metodologia da certificação 80 Plus. Veja por que.

Para entender um pouco mais sobre eficiência e a certificação 80 Plus, leia nosso tutorial Entendendo a Certificação 80 Plus.

A principal deficiência na metodologia usada no processo de certificação 80 Plus é em relação à temperatura ambiente. A Ecos Consulting, empresa responsável pela certificação 80 Plus, testa fontes em uma temperatura ambiente de apenas 23° C.

Nós sempre nos perguntamos por que eles utilizam esta temperatura, já que em engenharia a temperatura ambiente padrão para a coleta de dados é 25° C. Não que coletar dados a 25° C em vez de 23° C vai fazer uma grande diferença no resultado final, mas nós sempre nos perguntamos por que este valor.

Nossas suspeitas são de que isto é feito para ajudar os fabricantes a obterem a certificação 80 Plus em fontes de alimentação que não conseguiriam obtê-la se elas fossem testadas em uma temperatura mais elevada – pois quanto menor a temperatura, maior é a eficiência. Portanto, quando eles começaram a vender a ideia da certificação 80 Plus e a obter clientes, esta temperatura baixa provavelmente os ajudou a convencer seus primeiros clientes.

O problema é que a menos que você tenha um micro muito básico, a temperatura dentro do gabinete nunca será tão baixa, especialmente se você tiver um computador voltado para jogos.

Em nossos testes nós coletamos dados a uma temperatura ambiente entre 45° C e 50° C, porque nós gostamos de testá-las no pior cenário possível e não no melhor cenário como a Ecos Consulting faz.

O motivo pelo o qual reclamamos tanto da temperatura vem do fato de que todos os semicondutores possuem um efeito chamado “de-rating”. A capacidade de eles entregarem corrente (e, consequentemente, potência) cai com a temperatura. Para ilustrar este fenômeno, considere as especificações do transistor MOSFET SPP20N60C3, um dos modelos mais usado em fontes de alimentação para computadores. O seu limite de corrente a 25° C é de 20,7 A, mas a 100° C a corrente máxima suportada por este transistor cai para 13,1 A, uma substancial queda de 37%. A resistência de transistores FET e MOSFET, um parâmetro chamado RDS(on), aumenta com a temperatura, significando que transistores passam a consumir mais para o seu próprio funcionamento quando a temperatura aumenta, reduzindo a eficiência. Outros parâmetros também variam de acordo com a temperatura.

Há algo de errado em usar uma temperatura mais baixa para testar as fontes? Não. É apenas nossa preferência testar as fontes em temperaturas do mundo real.

O “problema” é que durante nossos testes já vimos várias fontes que receberam uma determinada certificação 80 Plus mas que em uma temperatura maior não obtiveram o mesmo nível de eficiência. Por exemplo, algumas fontes rotuladas como “80 Plus Silver” precisariam ser rotuladas como “80 Plus Bronze” se fossem testadas a uma temperatura maior. Já vimos também algumas fontes que não conseguiriam nem mesmo obter a certificação 80 Plus padrão. Até agora só vimos dois fabricantes de fontes de alimentação rotularem fontes com um nível de certificação 80 Plus inferior ao obtido por causa deste fenômeno: Corsair e Thermaltake.

Portanto os consumidores precisam ser avisados de que a certificação 80 Plus é obtida em uma temperatura ambiente “de laboratório” e não em uma temperatura do mundo real, e fontes podem não obter a eficiência divulgada em altas temperaturas. Em nossa opinião a Ecos Consulting deveria reformular seu programa de certificação e começar a testar as fontes em temperaturas do mundo real. Uma solução de curto prazo seria o fabricante da fonte garantir que seus produtos possam obter a certificação 80 Plus a uma temperatura maior, assim como alguns fabricantes anunciam que suas fontes podem fornecer suas potências rotuladas em temperaturas elevadas como 40° C, 45° C ou 50° C.

Outro potencipal problema com a certificação 80 Plus é que eles não re-testam fontes “clonadas”. Nós exploraremos este assunto na próxima página.


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Comentários de usuários

Respostas recomendadas



bom não vou defender ninguém nessa situação.

Tem uma grande diferenciação de pais de 1º mundo e de 3º mundo.

A possibilidade de ter ar condicionado e sem umidade são fatores importantes em qualquer sistema elétrico.

Más não é o caso da minha cidade aonde as temperaturas são constantes a 40ºc com umidade relativa a 70%.

tem dia que as parede ficam molhadas mofo para todo lado.

Se você procura Hardware dentro dos limites especifico para seu uso. logicamente vai ter algum tipo de problema. é bom sempre ter em mente 30 a 50% acima do valor que você vai utilizar para deixar uma folga para o sistema eletrônico.

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23ºC é perfeitamente possível de ser conseguido com a fonte dentro de um gabinete sim. Só é necessário que a fonte tenha sua própria entrada de ar frio. Fico desapontado que isso não tenha sido mencionado NEM UMA ÚNICA VEZ no artigo, e apenas uma vez aqui no tópico.

Essa coisa de fonte no topo para ajudar a resfriar o gabinete é resquício da década de 90, quando os computadores usavam muito menos energia e os gabinetes não tinham fans de 120mm atrás. Meu próximo gabinete com certeza vai ter a fonte montada na parte de baixo, já que ela fica muito mais silenciosa, possivelmente terá maior vida útil, e é aparentemente um pouco mais eficiente também.

23°C é um pouco frio sim, mas o importante é que é um padrão que eles seguem para todos os testes. Eu só seria mais contra essa temperatura se existir formas de otimizar a eficiência para 23ºC que a façam cair significativamente quando trabalhando com temperatura ambiente de 40ºC. Até onde eu saiba, isso não acontece, e de qualquer jeito tem a ventoinha da fonte para equalizar a situação, girando mais rápido.

E considere que seria muito feio a certificação se chamar "79 plus". Portanto essa temperatura deve ter sido escolhida devido à uma confluência de motivos tecnicos da época, de marketing e estéticos. Acho isso mais plausível do que a explicação que vocês deram, de acochambrar para atrair mais clientes. O selo 80+ é valioso justamente pela exclusividade e dificuldade de ser conseguido. Tanto que ele vai até o Platinum hoje, que pouquíssimas fontes alcançam.

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  • Administrador
23ºC é perfeitamente possível de ser conseguido com a fonte dentro de um gabinete sim. Só é necessário que a fonte tenha sua própria entrada de ar frio. Fico desapontado que isso não tenha sido mencionado NEM UMA ÚNICA VEZ no artigo, e apenas uma vez aqui no tópico.

Olha, 23º C é muito baixo. Basta ver que, em engenharia, usa-se como padrão 25º C para temperatura ambiente. Essa coisa da Ecos Consulting usar dois graus abaixo do padrão por si só já levanta suspeitas.

Enquanto que em computadores de entrada você conseguirá obter essa temperatura, em computadores topo de linha com uma ou mais placas de vídeo topo de linha, a temperatura dentro do computador será muito maior do que essa, sendo esse o motivo da nossa discórdia.

Quando uma metodologia é estipulada, ela precisa cobrir toda a gama de possibilidades, e nivelar por baixo não é o correto.

Abraços,

Gabriel Torres

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Olha, 23º C é muito baixo. Basta ver que, em engenharia, usa-se como padrão 25º C para temperatura ambiente. Essa coisa da Ecos Consulting usar dois graus abaixo do padrão por si só já levanta suspeitas.

21~23ºC é em geral a temperatura dentro das casas européias no inverno. É também a temperatura dentro de vários escritórios até aqui no Brasil, que gostam de fazer um verão glacial usando ar condicionado e toneladas de energia. Então pode ser considerada uma temperatura ambiente comum.

Enquanto que em computadores de entrada você conseguirá obter essa temperatura, em computadores topo de linha com uma ou mais placas de vídeo topo de linha, a temperatura dentro do computador será muito maior do que essa, sendo esse o motivo da nossa discórdia.

Discordo, como já disse no meu último post.

Não importa quantas placas de vídeo e processadores overclockados você colocar dentro do gabinete, pois o calor gerado por eles praticamente não afetará uma fonte montada com sua própria entrada de ar fresco, a não ser que ela seja do tipo passiva.

Quando uma metodologia é estipulada, ela precisa cobrir toda a gama de possibilidades, e nivelar por baixo não é o correto.

A diferença de desempenho entre 23°C e 40°C pelo que eu vejo é pequena, e me parece ser no geral consistente e previsível. Como uma comparação relativa, entre fontes, eu não vejo problema algum com isso.

Para um cálculo de eficiência absoluta real, em diferentes circunstâncias, somos felizes de ter sites que testam com suas próprias metologias, como o Clube do Hardware.

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