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Expressões “em inglês” que só existem no Brasil


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Expressões “em inglês” que só existem no Brasil

O mercado brasileiro adora criar expressões “em inglês” que simplesmente não existem naquela língua. Você utiliza essas expressões no dia a dia, mas é importante que você saiba o termo correto, em inglês, para caso você viaje ao exterior ou faça buscas na Internet em sites em inglês.

Nesta pequena compilação, incluímos apenas termos relacionados à informática. Existem muitos outros exemplos fora desta área como, por exemplo, “outdoor”, “busdoor” e “smoking”.

Gamer

A expressão “gamer” virou uma verdadeira praga no Brasil, e aqui vale uma explicação mais detalhada.

Em inglês, normalmente acrescenta-se o sufixo “er” ao final de um verbo para indicar uma pessoa que executa aquela ação. Por exemplo: to drive (dirigir) e driver (piloto); to farm (cultivar) e farmer (fazendeiro); to lie (mentir) e lier (mentiroso); to sing (cantar) e singer (cantor ou cantora); e assim sucessivamente.

Seguindo esta mesma lógica, temos “gamer”, que significa, literalmente, “jogador”, pois to game significa jogar.

Sendo assim, expressões como “computador gamer”, “gabinete gamer”, “memórias gamer”, “mouse gamer” e construções similares simplesmente não fazem sentido, pois significam, respectivamente “computador jogador”, “gabinete jogador”, “memórias jogadoras” e “mouse jogador”.

As expressões corretas seriam “computador para jogadores”, “gabinete para jogadores”, “memórias para jogadores”, “mouse para jogadores” e assim sucessivamente. Em inglês, tais expressões utilizam a palavra “gaming”, ou seja, o correto, em inglês, é “gaming computer” (ou “gaming PC”), “gaming case”, “gaming memories”, “gaming mouse” etc.

Sabemos que você continuará utilizando, vendo e ouvindo o termo “gamer”, mas achamos interessante destacar essa peculiaridade do mercado brasileiro.

Pendrive

O pendrive é um dispositivo de armazenamento removível, baseado em memórias do tipo flash, permitindo que o usuário grave e transporte arquivos de dados.

Em inglês, este tipo de dispositivo é conhecido por diversos nomes: “thumb drive”, “USB drive”, “flash drive” ou “USB stick”.

Nobreak

O nobreak é um equipamento que gera tensão alternada através de uma bateria, a fim de alimentar equipamentos em caso de falta de energia elétrica, dando tempo para o usuário salvar o trabalho que estiver sendo efetuado e não o perder.

Em inglês, nobreak é chamado UPS (Uninterruptible Power Supply, ou fonte de alimentação ininterrupta).

Notebook

Nos EUA, o termo mais usual para computadores portáteis é laptop computer, que indica um equipamento que pode ser colocado no colo do usuário. Durante uma época, no final dos anos 1980 e início dos anos 1990, quando os computadores portáteis ainda eram relativamente grandes, foi cunhada a expressão notebook computer (computador do tamanho de um caderno) para indicar computadores portáteis de menor tamanho, que, fechados, tinham o tamanho aproximado de um caderno, daí o nome. Atualmente, os termos laptop e notebook significam a mesma coisa, não estão mais associados a um computador portátil de tamanho específico.

No entanto, dependendo da região, um ou outro termo pode ser mais comum. Pela nossa experiência pessoal, podemos afirmar que o termo notebook computer caiu em desuso nos EUA junto à população em geral, mas no Brasil é o termo mais usual para designar computadores portáteis.

Dizemos isto para você entender que, se você falar, em inglês, “notebook”, dependendo do contexto, falantes nativos que não trabalhem na área de hardware associarão a palavra a um caderno, e não a um computador (a não ser que você fale a expressão completa “notebook computer”).

Para tornar essa discussão ainda mais interessante, como é muito comum de ocorrer em nosso país, as pessoas acabam reduzindo o tamanho das palavras e criando apelidos. Muitas pessoas chamam notebook simplesmente de “note” e, algumas, grafando “not”. São mais exemplos de “inglês inventado por brasileiro” que não fazem qualquer sentido em inglês, pois tais palavras significam, respectivamente, “nota” e “não” (no sentido de negação).

Já em Portugal, o termo mais comum é “portátil”.

Você pode chamar computadores portáteis como bem entender, mas entenda essas peculiaridades quando quiser buscar informações em sites em inglês, participar de fóruns de discussão em inglês ou quando precisar se comunicar em inglês com alguém.

Off-board

Antigamente, antes de os processadores trazerem controlador de vídeo integrado, havia a possibilidade de o chipset da placa-mãe trazer este componente embutido. As placas-mãe contendo tais chipsets eram conhecidas por terem vídeo “on-board”, que significa, “na placa”, em inglês. Com isso, brasileiros inventaram a gíria “off-board” para indicar placas de vídeo avulsas, embora tal expressão não exista em inglês. Ademais, como atualmente o controlador gráfico integrado, quando existente, está dentro do processador, e não mais na placa-mãe, não faz sentido referir-se a ele como “on-board”, visto que o processador não é uma placa (“board” significa “placa”).

Water cooler

A palavra “water cooler” significa “bebedouro refrigerado”. O termo correto para refrigeração líquida, em inglês, é “liquid cooling”. Até por que o líquido presente dentro do sistema de refrigeração líquida não é água pura, mas sim uma mistura, normalmente meio a meio, de água e um glicol (propilenoglicol ou etilenoglicol). Se você pesquisar por “water cooler” no Google, verá que os resultados que apontam para sistemas de refrigeração líquida serão apenas em português, com os resultados em inglês mostrando um bebedouro refrigerado.

Home office

Este termo foi popularizado na pandemia de Covid-19, porém é mais um caso de inglês inventado. Em inglês, ninguém fala “trabalho em home office” nem “estou de home office”. O termo utilizado é simplesmente “work from home” ou WFH (trabalho de casa), ou, ainda, telecommuting (teletrabalho), sendo este mais específico para designar que o trabalho está sendo feito online. Aliás, qual seria o problema, em português, de dizer “trabalho de casa” ou “estou trabalhando de casa”? Aparentemente as pessoas utilizam expressões em inglês inventado só para parecerem mais “chiques”, sendo que em inglês a expressão é mais simples.

É importante notar que a expressão “home office” existe em inglês, mas em contextos diferentes. O primeiro, para designar um espaço físico em casa destinado ao trabalho, sendo equivalente à palavra “escritório”, em português. Tanto que em informática é bastante comum o termo “SOHO” (Small Office, Home Office) para designar produtos voltados a pequenos escritórios. O segundo uso de “home office” é no sentido de indicar o escritório principal de uma empresa. E o terceiro uso que destacamos é nome de um ministério do governo do Reino Unido, responsável por imigração, segurança e lei e ordem. Não há um equivalente direto em nosso país, mas seria equivalente a um Ministério do Interior, se existisse.

Veja também:

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Comentários de usuários

Respostas recomendadas



https://en.wikipedia.org/wiki/USB_flash_drive#cite_note-4

 

A própria Wikipedia em inglês cita "pendrive" como uma expressão possível pra um thumb drive, sem contar outros artigos gringos que você acha no Google.

 

Você está tecnicamente certo sobre "gamer" e "water cooler", mas na minha opinião é um preciosismo. A expressão "gamer" para designar um hobbyista de games é completamente difundida nos EUA como aqui, e se eles usam "gaming monitor" ao invés de "monitor gamer" isso tem muito a ver com a gramática usual da língua inglesa. Já "water cooler" não achei algo similar por lá, mas "water cooling" achei simplesmente direto para designar justamente a ação que um "water cooler" de uma peça de PC se propôe aqui. Transformar esse verbo na parte de um substantivo é um salto bastante pequeno.


Outras expressões da lista eu não sabia (home office, nobreak), obrigado pela informação!

 

Mas principalmente o que motiva meu comentário é que não pude superar uma sensação ao ler o texto: como se esses neologismos fossem um "erro" e um sinal de ignorância ou até principalmente de uma tentativa cômica de parecer elegante ou culto. E eu não poderia discordar mais disso (em certos contextos, importante dizer). Como qualquer desenvolvedor que usa linguagens de programação cheias de expressões em inglês, nós nos acostumamos em diversas áreas da vida a importar palavras do exterior e abrasileira-las. E nas indústrias de tecnologia isso não poderia ser diferente, sendo que tudo é essencialmente importado. Estrangeirismos são uma forma particularmente comum e antiga da língua portuguesa-brasileira de se modificar - por que toda língua se modifica, é impossível que uma língua "pare no tempo" e não reaja a movimentações culturais, políticas e tecnológicas. A palavra "apagão" vem do espanhol "apagón", assim como "arroz" veio da língua árabe. Sem contar outras características culturais próprias - o "copo americano" que nenhum estadunidense jamais viu por lá.

 

Essa não é uma característica unicamente nacional, e nem de países com pouca projeção cultural. O exemplo mais conhecido é o do famoso "engrish" do Leste Asiático, especialmente Japão, onde eles não só adaptar mil e uma palavras inglesas para sua língua como os fazem de forma gramaticalmente muito divergente do original, gerando situações muito engraçadas. E para quem viu o filme "Parasita" pode se lembrar da cabana de indígena norte-americano do filho mais novo do casal rico, e a fala da dona: "não se preocupe, a cabana é importada dos EUA, é boa" - mostrando uma deferência ao que vem dos EUA que seria tipicamente nacional se não fosse coreana.

Entendo que tem estrangeirismos forçados que são usados só para dar esse ar tosco de elegância ("job" e "date" me vem a cabeça como exemplos particulares), mas há de se tomar muito cuidado para não cair num complexo de vira-lata e achar que é "errado" só por que está sendo usado numa maneira incompatível com a língua original. Sabe por que? Por que está fora do contexto original. Está em outro país e em outra cultura, e nada surpreendente que se modifique.

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