O Brasil é um dos poucos grandes países do mundo que ainda não decidiu qual padrão de transmissão de TV digital adotará. Uma das causas dessa demora é fato do ex-Ministro das Comunicações Miro Teixeira insistir pelo desenvolvimento de um padrão próprio brasileiro. A conseqüência direta na demora dessa decisão é que deixa o Brasil para trás em comparação aos demais mercados do mundo, incluindo outros importantes países em desenvolvimento tais como México, Rússia, Índia e China, que já decidiram qual padrão seguir. Outro detalhe é que o FCC (a Anatel norte-americana) estipulou que até maio de 2006 todas as transmissões de TV aberta nos EUA terão de ser digitais.
No mundo existem três padrões:
- ATSC (Advanced Television Systems Committee), adotado pelos EUA, Canadá, México e Coréia do Sul;
- ISDB-T (Integrated Services Digital Broadcasting Terrestrial), adotado pelo Japão;
- DVB-T (Digital Video Broadcast Terrestrial), adotado pelos demais países que já decidiram qual padrão seguir, em especial os países da Europa, Ásia, África e Oceania.
O sistema de transmissão digital usa a codificação MPEG-2 digitalizar as imagens, o mesmo padrão de codificação usado pelo DVD. A diferença entre os sistemas de transmissão está na maneira com que as imagens são codificadas para a transmissão, o formato de vídeo antes da codificação, o formato de vídeo após a codificação e a maneira com que o áudio é codificado. O sistema ATSC usa um esquema chamado 8-VSB, enquanto os outros dois sistemas usam um esquema chamado COFDM, que é menos sensível a interferências.
Interessante notar que o Brasil é o único país no mundo pensando em adotar o sistema japonês. Testes realizados pela ABERT (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão) e pela SET (Sociedade Brasileira de Engenharia de Televisão e Telecomunicações) sob supervisão do CPqD (Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações) demonstrou que dos três padrões, o ISDB-T era o melhor, seguido do DVB-T e finalmente pelo ATSC.
Aparentemente o fato de o ATSC ser o mais sensível a interferências não preocupa o mercado norte-americano, onde poucas pessoas ainda assistem TV aberta (isto é, através de antenas). O que nos faz pensar se a escolha do ATSC terá sido a melhor opção para o México. Por outro lado, devemos nos lembrar que o México faz parte do NAFTA (North American Free Trade Association, Zona de Livre Comércio da América do Norte), que faz do país um dos principais fabricantes e exportadores de produtos para o mercado norte-americano e, portanto, a adoção do mesmo sistema dos EUA aparentemente é melhor mais por motivos comerciais do que técnicos.
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