Minha vida profissional desde que eu lancei o meu primeiro livro, em 1996, está relativamente bem documentada, pois foi este mesmo ano em que lancei o Clube do Hardware (na época uma simples página pessoal no Geocities chamada “Hardware: Por Gabriel Torres”, apenas para divulgar o meu trabalho) e comecei a escrever no jornal carioca O Dia. Ou seja, 1996 foi o ano em que me tornei uma “pessoa pública”.
Muita gente tem curiosidade para saber como era a minha vida profissional antes disso, o que eu fazia, como eu comecei no ramo, como eu aprendi o que eu sei, etc. Para muitas pessoas às vezes fica parecendo que eu “nasci sabendo tudo”, o que definitivamente não é o caso!
Aproveitando que eu achei uma porção de coisas perdidas no armário aqui do meu escritório, fiquei empolgado para contar mais da minha história e postar aqui algumas das “pérolas” que encontrei durante a minha arrumação (sim, acabei de escanear as fotos que eu havia prometido). Ou seja, vou escrever uma espécie de “mini autobiografia” para que todos possam conhecer um pouco mais da minha vida e da minha trajetória profissional.
Para aqueles que ainda não sabem, nasci em 1974, portanto completo 33 anos no mês que vem. Desde muito pequeno me interessei por eletrônica, sem qualquer tipo de influência familiar. Meu núcleo familiar é muito pequeno, só mãe, pai, avó materna e irmão mais novo que, profissionalmente são professora, escritor/publicitário, costureira e músico (obviamente ele só foi ser músico depois de velho), respectivamente. Ou seja, na minha família mais próxima não há absolutamente ninguém ligado às ciências exatas. Por outro lado, esse meu gosto por ensinar e escrever tem tudo a ver com a minha família.
Comprei minha primeira revista de eletrônica em 1983, portanto aos nove anos de idade (ainda me lembro em qual banca – foi na banca perto do restaurante Jangadeiros na Rua Teixeira de Melo, em Ipanema; estávamos almoçando e meu pai me deu dinheiro para comprar uma revistinha, e acabei escolhendo uma revista de eletrônica). Era uma Be-a-Bá da Eletrônica (uma com uma árvore de natal na capa – eu tinha esta revista até pouco tempo atrás, eu a doei juntamente com toda a minha coleção de revistas de eletrônica e informática para a biblioteca do Instituto de Tecnologia ORT, onde estudei; mas não vamos adiantar o assunto). Mesmo com apenas nove anos eu consegui entender o que estava escrito, o que fez com que eu passasse a comprar compulsivamente outras revistas (Saber Eletrônica, Aprenda e Divirta-se com a Eletrônica e, principalmente, um curso de eletrônica em fascículos chamado Eletrônica Passo-a-Passo) e a pedir ferramentas e componentes eletrônicos à minha mãe de aniversário, dia das crianças e natal. Na minha escola (estudei todo o primeiro grau no Colégio Anglo-Americano de Botafogo, que não existe mais) eu era provavelmente o único aluno que ganhava ferro de solda em vez de bola de futebol no dia das crianças.
Lembro também que na primeira Bienal do Livro do Rio de Janeiro, também em 1983 (na época era menor e acho que se chamava apenas “Feira do Livro” e foi realizada no Copacabana Palace; a segunda edição ocorreu no São Conrado Fashion Mall e só a partir da terceira é que ela foi para o Riocentro – pois é, filho de escritor com memória de elefante e nerd dá nisso), tinha algum tipo de promoção no stand da Editora Antenna, sei que eu peguei algumas revistinhas com projetos simples de eletrônica de graça. Para você ver como são as coisas. Quando tínhamos a loja do Clube do Hardware nós éramos clientes deles.
Nesta época vivia fazendo circuitinhos e experiências com componentes eletrônicos – além de desmontar todos os meus brinquedos, para desespero da minha mãe. Minha fixação nesta época era construir um robô, o que fiz prendendo o trenzinho do Ferrorama a uma caixa de sapatos e adicionando umas lâmpadas e LEDs piscando. Outro “projeto” era construir uma máquina de fliperama, mas este eu não consegui fazer (bem, não até 1999, quando eu comprei uma máquina de fliperama quebrada em um ferro-velho e consegui colocá-la para funcionar, depois de muito trabalho).
Nesta mesma época (1983-1984) veio a febre dos videogames e dos primeiros computadores pessoais. Eu e o meu irmão pedimos um Odyssey de Natal aos meus pais porque achávamos que ele visualmente se parecia mais com um computador, por causa do teclado (só 15 anos depois, com a Internet, que eu fui entender que ele era tecnicamente inferior ao Atari 2600). Meu primeiro contato com um computador foi em 1984 através de um amigo chamado Daniel Israel, que por acaso também seguiu o caminho da informática. Ele tinha um TK85 e um TK2000. Sempre me perguntei porque ele tinha dois computadores diferentes. O engraçado era que o TK85 dele era “envenenado”, tinha um botão de reset e uma tecla para inverter o vídeo (por padrão o TK85 mostrava um fundo branco com letras em preto, este botão invertia esta configuração), que eram recursos que não vinham de fábrica.
Em 1985 pedi aos meus pais um TK85 de aniversário de 11 anos e obviamente comecei a consumir maciças doses de revistas de informática (em particular da revista Micro Sistemas, que assinei durante a 2ª Bienal do Livro do Rio de Janeiro), visto que o barato do TK85 era você mesmo criar os seus programas e digitar os programas que vinham nas revistas (dureza...).
A foto abaixo é do meu aniversário de 13 anos, onde estou mostrando toda a minha tarimba com o meu TK85 aos meus amigos. Eu sou obviamente o moleque que está em frente ao dito cujo, de camiseta cinza. Até que eu não tinha cara de nerd! Os demais integrantes desta foto são o Felipe (de camiseta verde do Sting, mais anos 80 impossível), Sandro (de camiseta preta), meu tio Décio e meu irmão no colo dele. O par de pernas sem corpo é do Newton.
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