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Minha história profissional – parte 13


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Minha história profissional – parte 13

O visto de trabalho H1B para moradia nos EUA é válido por três anos, renováveis por mais três. Desta forma, após morar seis anos nos EUA (2007 a 2013), tive de sair deste país. Em meu último ano de EUA, comecei a pesquisar para onde iria me mudar em seguida.

Eu já havia atingido a minha independência financeira, isto é, já poderia viver de renda. Este é um ponto extremamente importante de ser destacado, pois torna o meu caso bastante atípico. A maioria das pessoas quer se mudar para outro país para trabalhar e fazer um pé de meia, porém eu já havia atingido este objetivo. Destaco este ponto, pois muita gente me pergunta “como é morar no exterior” ou “como faço para morar no exterior” e é muitas vezes difícil fazer a pessoa entender que o meu caso é completamente diferente do dela, e por isto a minha história, a minha experiência, os meus requisitos e os meus objetivos provavelmente não se encaixam nas perspectivas que ela tem.  Caso queira se aprofundar no tema, recomendo dois vídeos que gravei: “Como é morar fora do Brasil?” e “Fantasias de se morar fora do Brasil”.

Na verdade, depois de duas décadas trabalhando que nem um louco, julguei que era hora de desacelerar e aproveitar mais a vida, a minha busca por um novo país para morar tinha a ver com este objetivo. Inclusive, esta decisão foi que me fez trabalhar menos e decidir não fazer mais pessoalmente análise de produtos aqui no Clube do Hardware, delegando para outra pessoa, até decidir terminar com a análise de produtos de forma definitiva em 2020.

Pesquisei a fundo a imigração para diversos países. Inicialmente, pensei em ir morar no Caribe ou na América Central, onde grande parte dos países tem visto especial para pessoas que vivem de renda ou que invistam no país. Porém, tais países são muito pequenos e muitos sequer têm cinema. A minha ex-esposa me convenceu a descartar essa região com um excelente argumento: “Gabriel, você se sente entediado em Reno, que fica nos EUA, imagina se mudar para um país onde não há absolutamente nada para fazer, a não ser ir à praia?”

Logo, resolvi focar a minha busca em países desenvolvidos.

Alguns países têm alta demanda por especialistas em informática, e oferecem moradia permanente para aqueles que desejam imigrar. O ponto mais importante é que a moradia permanente não obriga o imigrante a trabalhar no país, e este era um ponto importante para mim, pois estaria me mudando apenas para morar e não para trabalhar localmente, tocando meus negócios de forma remota (Clube do Hardware e meus livros).

Entre esses países, destaco o Canadá, a Nova Zelândia e a Austrália, que têm um sistema de imigração muito similar entre si, baseado em pontos. Funciona da seguinte forma: para cada quesito desejável pelo país, o candidato ganha um determinado número de pontos. Por exemplo, idade, formação, nível de proficiência na língua inglesa, etc. Se atingir um mínimo de pontos, o candidato pode aplicar para a residência permanente e, caso aprovado, recebe o visto, que normalmente é válido por tempo indeterminado.

Estudei bastante sobre esses três países e conversei muito com amigos que moravam ou já moraram neles, e posso resumir o processo de escolha da seguinte forma. O Canadá estava fora de cogitação por causa do frio: após morar seis anos em uma cidade que nevava durante o inverno (Reno, NV), estava querendo um local com clima mais ameno, e também para variar um pouco e sair das Américas. Fiquei entre a Nova Zelândia e a Austrália. Acabei me decidindo pela a Austrália, por avaliar que a Nova Zelândia é um país menor e mais frio do que a Austrália (mal sabia eu que, no inverno, Sydney faz bastante frio).

Apliquei para o visto de moradia permanente, fui aprovado e me mudei para Sydney em abril de 2014... sem nunca ter ido à Austrália!

Morei um ano em Sydney e, infelizmente, após dez anos de casamento, acabei me divorciando. Apesar de ter sido consensual, este foi um dos eventos mais traumáticos da minha vida.

Com esta ruptura, precisava de um tempo para me reencontrar. Vendi todos os móveis, coloquei os itens essenciais que eu iria manter dentro do meu carro, coloquei o carro em uma garagem de longo prazo e bolei uma viagem pela Oceania pulando de ilha em ilha.

Conheci uma parte do mundo pouco conhecida, linda demais, com uma natureza ainda intocada. Fui para a Polinésia Francesa, onde passei dois meses pulando de ilha em ilha no arquipélago principal (Tahiti, Mo’orea, Huahine, Raiatea e Bora Bora) e acabei fazendo uma tatuagem polinésia autêntica; um mês nas Ilhas Cook (Rarotonga e Aitutaki); dez dias em Niue e mais alguns dias na Nova Zelândia. Documentei toda essa aventura detalhadamente em vídeo, confira a playlist no YouTube.

A ideia era ficar mais tempo, mas depois de alguns meses vivendo como nômade digital, a solidão acabou pegando. Retornei à Austrália, peguei o meu carro e comecei a dirigir rumo ao norte em busca de um lugar para morar em definitivo. Fui parando e passando algum tempo em vários lugares, até descobrir o lugar que me mais me identifiquei, cerca de uma hora ao norte de Brisbane, chamado Mooloolaba, que fica em uma região chamada Sunshine Coast. É uma cidade de veraneio, com clima bem melhor do que o de Sydney, e morava na praia. Foi a cidade onde morei por mais tempo na Austrália.

gabriel-noosa.jpg

Figura 1: eu na praia de Noosa Heads

Foi nesta época que escrevi o meu livro “Os mitos do dinheiro” e comecei a gravar os meus cursos de redes.

Para quem estava de fora, especialmente no Brasil, eu estava no paraíso: morando em país desenvolvido, na praia, vivendo de renda, com uma Ferrari na garagem. Mas eu não estava me sentindo bem.

Havia a questão da diferença cultural (assista aos meus vídeos sobre este assunto), mas havia algo mais profundo. Pensei que a minha insatisfação poderia ser oriunda do fato de Sunshine Coast ser uma região menos populosa e mais provinciana e cheguei a me mudar para Brisbane, capital do estado de Queensland e uma cidade mais movimentada. Mas o problema era mais sério.

Em 2018, a vida acabou me trazendo de volta à minha Copacabana, onde nasci e cresci. Vim passar um mês no Brasil para ver se eu me sentia melhor. Adiei o retorno em um mês e não queria mais voltar à Austrália. Retornei apenas para encerrar o contrato de aluguel do meu apartamento, vender os meus carros, fazer as malas e me despedir dos amigos. Dez dias depois estava de volta ao Brasil de forma permanente. No vídeo “Por que voltei a morar no Brasil”, explico de forma detalhada o que aconteceu.

Você pode ver várias fotos da época em que eu morava na Austrália e das minhas viagens pela Oceania em meu Instagram: @gabrieltorres1974.

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