Quanto e como cobrar?
Recebemos a seguinte mensagem do Vanderlei Muller ([email protected]) e que gostaríamos de discutir com todos:
"Há pouco tempo comecei a prestar serviços para clientes externos, mas ainda não consegui chegar a um valor definitivo sobre o quanto deve ser cobrado. Gostaria de saber qual é o preço que pode ser praticado, uma vez que os técnicos aqui em minha cidade não decidiram qual o padrão a ser adotado."
Não existe isso de os técnicos decidirem o quanto cobrar, até porque cada pode adotar a filosofia de preços que julgar mais adequada. Muitos alunos me perguntam "Gabriel, quanto devo cobrar, pois há técnicos anunciando no jornal que cobram apenas R$ 10,00".
Cá entre nós: alguém que cobre R$ 10,00 ou R$ 20,00 para fazer a manutenção de um micro pode ser chamado de técnico? Acho que não, que está mais para um reles "curioso".
Todos os sócios do Clube do Hardware têm um objetivo em comum: o aperfeiçoamento profissional. E todos nós sabemos que isso não é barato, pois temos de gastar não só dinheiro para isso, mas principalmente tempo e energia. Infelizmente, por causa do problema educacional em nosso país, poucas pessoas valorizam o conhecimento e vemos mesmo no dia-a-dia técnicos sem a devida formação e sem qualquer preocupação em melhorar profissionalmente, em evoluir.
Posso dizer com certeza para todos: os visitantes do Clube do Harwdare estão em uma grande vantagem sobre os demais técnicos que existem no mercado, pois mostra que você está preocupado com a sua própria formação, está preocupado com o futuro, e quer evoluir. E é nesse ponto que você é diferente da maioria dos "profissionais" existentes por aí.
Dessa forma, nosso grande conselho: não se espelhe ou se oriente pelos demais profissionais do mercado; faça o seu próprio caminho!
Eu particularmente acho que o mínimo que um profissional competente pode cobrar é R$ 40,00 para resolver um problema, mas a maneira com que isso pode ser cobrado varia muito de acordo com a situação:
1. Muitos técnicos cobram por hora. Apesar de em qualquer país de primeiro mundo ser essa a metodologia, no Brasil isso não funciona. Em países civilizados, todos assumem que você é honesto em primeiro lugar. Aqui, todos assumem que prestadores de serviço são picaretas. Dessa forma, tome cuidado, pois muitos clientes ficam desconfiados que o técnico enrola só porque está cobrando por hora.
2. Preço fixo. Cobrar um preço fixo para resolver qualquer problema é uma armadilha. Às vezes, pelo telefone, você passa um orçamento do tipo "custará R$ 40,00 para resolver". Aí, chegando ao cliente, o problema era completamente diferente do que você havia imaginado e, em vez de demorar uma hora, demorará o dia inteiro. Onde ficará a sua cara para dizer que não custará mais o preço combinado?
Nossa experiência mostra que a melhor maneira de se cobrar é a seguinte: orçamento sem compromisso. Não dê orçamento pelo telefone. Visite o cliente (sem compromisso) e diga quanto custará para resolver o problema, incluindo em um só preço a mão de obra e as peças que porventura sejam necessárias trocar. Dessa forma, você estará cobrando indiretamente por hora, pois você provavelmente irá cobrar mais se o problema for demorar mais tempo para ser resolvido.
Tome cuidado no caso de peças queimadas: se você disser exatamente o problema tim-tim por tim-tim ao cliente ANTES dele acertar que irá fazer o serviço, muito provavelmente ele irá chamar o "primo que entende tudo de informática" para trocar as peças que VOCÊ identificou defeituosas. Outro problema comum: se você disser algo do tipo: "Olha é a placa de vídeo. Uma placa de vídeo Diamond 2000 nova custa R$ 70,00 e a minha mão-de-obra, R$ 70,00, total R$ 140,00", muitas vezes o cliente responderá "tudo isso SÓ para trocar uma placa de vídeo?". Pois é, como dissemos: é difícil por aqui valorizarem o conhecimento... Dá vontade de responder "Se é tão fácil, porque você não trocou?". Mas calma lá: em casos como esse, lembre ao cliente que ele não está pagando ao técnico para trocar placas ou apertar parafusos, mas pelo conhecimento, por saber qual peça trocar e qual parafuso apertar.
Lembrei agora de algo que o nosso colaborador Mário Castro ([email protected]) costumava comentar comigo: "Gabriel, não entendo uma coisa: o pessoal é capaz de pagar R$ 30,00 ou R$ 40,00 para o biscateiro da esquina, que muitas vezes sequer tem o 1º grau completo, para consertar qualquer bobagem dentro de casa, mas chia quando um técnico, que tem de ter um estudo super aprimorado e tem de investir bastante para se manter atualizado cobra um pouco mais do que isso".
Pois é, dureza...
Pessoal, o assunto é de extrema importância para todos. Se você quiser tecer comentários ou discutir mais, fique à vontade, pois pretendemos explorar mais esse assunto (e outros correlatos, como profissionalismo e ética) daqui para frente.
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