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Minha história profissional - Parte 4


Minha história profissional - Parte 4

Perdeu as partes anteriores? Parte 1, Parte 2, Parte 3

Durante o 2º grau , além de consertar computadores e montar circuitinhos, eu também atacava de D.J. Eu e mais três amigos (Adriano – o mesmo que hoje é meu sócio na loja virtual do Clube do Hardware –, Bruno e Sandro – o mesmo amigo que já apareceu em uma foto na parte 1) tínhamos uma equipe de som. Não ganhávamos dinheiro, pois usávamos o (pouco) dinheiro que ganhávamos para comprar mais equipamentos (que não eram dos melhores, diga-se de passagem, ainda mais naquela época de reserva de mercado). Na realidade a gente estava mais interessado em se divertir nas festas. E eu até hoje me divirto com pouco: basta me dar uma meia dúzia de fios para ligar que eu fico feliz. Já o Adriano ficava contente em poder paquerar as garotas. Pois é, nerd é uma tristeza, em vez de paquerar fica ligando fios e apertando botões – além de achar que o ponto alto da festa é usar a luz estroboscópica que ele mesmo fez.

Eu cheguei a fazer o curso do D.J. Memê (Marcello Mansur, que hoje é produtor musical), abaixo está a relíquia. A propósito, curso este pago pelo meu tio Décio, aquele tio que aparece na foto da parte 1.

Diploma DJ Gabriel Torres

Achei aqui algumas fotos desta época também. Abaixo duas fotos tiradas em 1992 na festa de aniversário da Gabriela, prima do Adriano. A primeira estou em pose clássica (e brega) que todo adolescente metido a D.J. tem na porta do armário, notar parte do possante equipamento, ao fundo uma pickup Sony, no meio um mixer Tarkus AP-2 (que já tinha pré-amplificador e controle de graves, médios e agudos, quanta sofisticação!) e eu segurando um LP em uma pickup Polyvox. Se você reparar bem a agulha é uma Axxis II, um clássico da época de reserva de mercado. Vou deixar os comentários sobre o boné para as línguas maldosas.

Gabriel Torres DJ 1992

Na foto abaixo, Adriano, Sandro e eu.

Gabriel Torres 1992

O maior problema dessas festas era carregar a tralha toda. Eu tinha ainda os LPs comigo até outro dia, quando resolvi vender tudo o que eu tinha (foto abaixo). Carregar dois engradados desses cheios de LPs e mais o resto todo do equipamento era dose, em particular as caixas de som. Abaixo foto de uma das caixas de som da época em que resolvemos desfazer a equipe de som (claro que começamos com outras menores e fomos fazendo “upgrades” até chegar nessas). Saca o naipe e tenta imaginar o peso. A luz estroboscópica que eu fiz na época queimou com o tempo, a máquina de fumaça acabou escangalhando também, mas a luz negra que usávamos na época eu também tinha até resolver vender tudo.

Gabriel Torres DJ 1992

 

Caixa de Som

 

Luz Negra

Eu ainda continuo curtindo equipamentos de som. Cheguei a ter duas pickups melhores em casa, que comprei com o dinheiro do primeiro curso que eu dei, e depois dois CDJ-100S da Pioneer, que comprei também só por curtição, mais como um “prêmio” para mim mesmo. Em momento mais oportuno conto mais sobre isso. A diferença é que agora não sou mais o nerd tímido de 16 anos atrás e pelo menos gosto de sair, dançar e, por incrível que pareça, paquerar. O tipo de música que eu gosto é o trance.

Mas vamos voltar ao passado.

Eu concluí o meu 2º grau técnico em eletrônica em dezembro de 1991, mas eu não passei de primeira no vestibular (acabei passando para o 2º semestre, na reclassificação). Para falar a verdade nem estudei, eu estava tão cansado de estar indo à escola diariamente há 14 anos que eu achei que eu merecia um descanso. E aproveitei para passar 2 meses em Salvador no verão de 1992, quando Axé Music ainda se chamava Samba-Reggae, o sucesso do verão era uma música chamada “Rala o Pinto” e ninguém fora da Bahia conhecia este tipo de música – até pouco tempo depois a Globo fazer um especial da Daniela Mercury, o que difundiu o estilo para o Brasil todo e acabaram cunhando o termo Axé Music. Mas já estou fugindo do assunto.

No lado pessoal outro marco do ano de 1992 foi o meu início no Tae Kwon Do logo após o Carnaval, com o mestre Rodney Américo dos Reis. Eu já treinava Capoeira por cinco anos e estava totalmente frustrado com o meu não-progresso na Capoeira, então resolvi experimentar o Tae Kwon Do, que ficava no prédio ao lado da onde eu treinava Capoeira, e gostei. Por incrível que pareça as duas lutas têm muita coisa em comum. Continuei treinando com o mestre Rodney até 1994 (e depois disso por alguns breves momentos; continuo amigo do mestre Rodney até hoje), quando migrei para a academia do mestre Yong-Ming Kim, onde treinei com o próprio, com o hoje mestre Edson Mayrink e com o mestre Renato Ribeiro, com quem treinei da faixa verde ponta azul até o 2º dan, após a ida do Edson para Belém e aposentadoria do mestre Kim.

No lado profissional o que foi importante para mim em 1992 foi a minha migração para o padrão PC e o “timing” não poderia ser melhor. Nesta época a maioria dos PCs no mercado brasileiro comprados legalmente era ainda XTs, devido à reserva de mercado. Por conta disso a manutenção na maioria das vezes ainda dava para ser feita com troca de componentes (circuitos integrados, principalmente) e não apenas com a troca de placas como é hoje. Por conta disso, somente técnicos altamente qualificados sobreviviam no mercado de manutenção (quem não sabia consertar placas acabava encaminhando as placas queimadas para alguém que as consertasse).

Como eu ainda tinha horas a cumprir do meu estágio para receber meu diploma de técnico em eletrônica fui procurar um estágio em manutenção de PCs, justamente para aprender sobre o hardware de PCs. Apesar de eu manjar de eletrônica e manutenção de Apple II (lembre-se que eu ainda continuava consertando Apples como autônomo), manutenção de PCs era outra história. Em abril de 1992 eu fiz um estágio na empresa NTL (Nova Tecnologia Ltda – procurei no Google e a empresa ainda existe, fazendo outras coisas).

A maneira com que esta empresa era organizada era bastante interessante. A parte de manutenção era dividida em departamentos: placas (placas-mãe, controladoras, etc), mídia (unidades de disquete e discos rígidos), impressoras, energia (fontes, no-breaks, etc), etc. Para fazer estágio era necessário fazer uma prova e o departamento onde você ia trabalhar dependia da nota que você tirou. Eu acertei 97% da prova, o que fez com que eu ficasse no departamento mais complexo, que era o de placas. Aí foi uma beleza, pois o pessoal me ensinou tudo o que eu precisava saber (e de forma aprofundada) sobre o hardware dos PCs, além de diversas dicas importantíssimas sobre soldagem e dessoldagem. Fora como o pessoal me respeitava por conta do meu conhecimento e nota que tirei na tal prova, eu ainda dava uma circulada nos outros departamentos para aprender sobre a manutenção de outros equipamentos (ou seja, de quebra ainda aprendi sobre manutenção de impressoras matriciais e como alinhar unidades de disquete, conhecimento completamente inútil hoje, diga-se de passagem).

A empresa tinha um sistema interessante onde para cada peça consertada era preciso preencher um formulário onde informávamos o tempo gasto na manutenção e uma lista de peças substituídas. Isto era usado para calcular o valor do conserto. De acordo com os relatórios eram computados pontos para cada técnico ou engenheiro (havia vários engenheiros trabalhando como técnicos por lá, normalmente como chefes de departamento). Depois de um tempo percebi que embora tivesse aprendido bastante por lá, não havia futuro. Primeiro, estava para começar a faculdade, então não teria tempo de qualquer maneira. Segundo, minha pontuação era maior do que a da maioria do pessoal que trabalhava por lá ganhando mais, o que era bom para a empresa mas não para mim (como estagiário eu ganhava um salário mínimo). Terceiro, as perspectivas financeiras não eram das mais favoráveis, sendo efetivado eu ganharia dois salários-mínimos. E eu sabia que por conta própria eu conseguia ganhar muito mais do que isso sem gastar tanto tempo. Mas, como disse, o meu objetivo não era a grana, mas aprender sobre o hardware de PCs e completar as horas de estágio que eu ainda tinha que cumprir.

Outro marco de 1992 foi a conclusão do meu curso de inglês no IBEU em julho. Como eu já comentei em outro momento, eu listo ter aprendido inglês como número 1 na minha lista de coisas que me levaram ao sucesso profissional.

Meu terceiro e último estágio para a escola foi no verão de 1993 em uma empresa chamada Interface Centro de Pós Produção Ltda, que fazia computação gráfica principalmente para propagandas de TV. Eles tinham uma estação de trabalho da Silicon Graphics (que eu nunca toquei) e alguns PCs topo de linha para a época (386s e 486s).

Em março de 1993 eu fui convidado para trabalhar na mesma escola onde eu tinha estudado (Instituto de Tecnologia ORT). Este foi outro passo importante para o meu caminho profissional, que eu vou falar em detalhes na próxima parte desta série.

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