A ideia de redes de computadores via energia elétrica surgiu em 1991, quando o Dr. Paul Brown, da empresa Norweb, situada em Manchester, Inglaterra, iniciou testes de comunicação digital de alta velocidade usando a rede elétrica. O sistema, conhecido como PLC (Power Line Communications) ou BPL (Broadband Over Powerlines), permite que as tomadas residenciais sejam pontos de rede quando conectadas a um modem. A tecnologia funciona inserindo os dados digitais nos mesmos cabos em que a energia é transmitida, em uma frequência mais alta, fazendo apenas ajustes na rede, com baixo custo.
A Internet chegou ao grande público a partir de meados dos anos 1990. Na época, o método mais comum de acesso do usuário final a um provedor era através de uma linha telefônica tradicional, limitada a uma taxa de transferência de 56 kbit/s. Para velocidades acima desta, denominadas banda larga, outro tipo de conexão precisaria ser utilizada. Várias tecnologias foram testadas, entre elas a PLC.
Na ocasião, diversos países da Europa, Estados Unidos, Japão, entre outros, começaram a testar a tecnologia, com o objetivo de oferecer Internet em locais remotos. No Brasil, a Internet via elétrica foi testada a partir de 2001 em São Paulo, Goiás, Minas Gerais, Maranhão, Rio Grande do Sul e Paraná.
No entanto, apenas em abril de 2009, a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) homologou a Internet via rede elétrica e, em 25 de agosto do mesmo ano, a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), regulamentou as regras para o uso da tecnologia. Com isso, as concessionárias de energia foram autorizadas a criar empresas subsidiárias para oferecer o serviço, porém sem comprometer a qualidade do fornecimento de energia elétrica para os consumidores. Em caso da necessidade de investimento na rede, o custo seria de responsabilidade da empresa de telecomunicações. Além disso, as receitas obtidas com o aluguel dos fios para as empresas de Internet deveriam ser revertidas para a redução das tarifas de eletricidade.
Alguns países, como Alemanha, Suécia, Japão, México, Estados Unidos e até mesmo o Brasil chegaram a vender planos com a tecnologia. No mercado brasileiro, a oferta mais popular foi da empresa Intelig, em 2010. A Intelig foi uma empresa concorrente da Embratel, que oferecia comunicação de longa distância, criada durante o programa de privatização das empresas de telefonia no Brasil. Acabou sendo adquirida pela TIM em 2010.
O acesso à Internet via rede elétrica tinha como grande expectativa permitir que todos os cidadãos com acesso à rede elétrica tivessem acesso à Internet. Entretanto, vários motivos técnicos impediram a popularização da tecnologia, dos quais destacamos:
- Fios de eletricidade usam encapamento plástico, que absorve sinais de alta frequência. Isto impede que os cabos da rede elétrica sejam usados para transmissões de dados de alta velocidade por uma distância muito longa.
- Os fios da rede elétrica funcionam como uma antena, fazendo com que os dados transmitidos gerem ruído no espectro eletromagnético, isto é, a transmissão de dados via rede elétrica gera interferência em rádios, televisões e similares. Da mesma forma, os fios elétricos captam sinais de rádios, televisões e similares, corrompendo os dados transmitidos via rede elétrica.
- Interferências de eletrodomésticos, como aspiradores de pó, liquidificadores e máquinas de lavar atrapalham a transmissão de dados.
- Junções de cabos, transformadores, relógios medidores e o liga/desliga inerente aos eletrodomésticos fazem com que a carga da rede elétrica varie muito, criando inúmeros pontos de reflexão de sinal na rede, fazendo com que exista muito “eco” do sinal transmitido, o que dados transmitidos.
- Os transformadores e relógios medidores tradicionalmente utilizados na rede elétrica bloqueiam sinais de alta frequência, impedindo a transmissão de dados.
Com isso, até por conta na demora da implementação da tecnologia em larga escala, outras tecnologias acabaram emergindo vitoriosas na guerra pelo acesso de banda larga, como a rede de TV a cabo, a xDSL (como a ADSL), a FTTx (como a FTTH) e a rede de telefonia celular.
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