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Que fim levou o WiMAX?


Que fim levou o WiMAX?

O WiMAX (Worldwide Interoperability for Microwave Access ou Interoperabilidade Mundial para Acesso por Microondas, em português) é uma tecnologia de conexão sem fio, criada em 2001, via rádio, baseada no padrão IEEE 802.16, criado em 1999, capaz de alcançar até 50 quilômetros de distância, pelo menos em teoria.

Essa tecnologia surgiu em uma época em que a conexão à Internet estava migrando das linhas discadas, que tinham um limte de 56 Kbit/s, para conexões banda larga, com velocidades acima desta, e tinha como objetivo acelerar a implementação da Internet banda larga por não necessitar de cabos. Através de uma única estação rádio base, ela poderia fornecer Internet banda larga a assinantes localizadas dentro de seu raio de alcance.

A Intel, que fabricava os chips que seriam utilizados nas estações rádio base e nos modems, liderou os testes da rede WiMAX no Brasil desde 2004, em parceria com universidades, empresas e instituições governamentais, nas cidades de Brasília (DF), Ouro Preto (MG), Parintins (AM), Mangaratiba (RJ) e Belo Horizonte (MG). Em Minas Gerais, os testes, realizados com equipamentos na frequência de 3,5 GHz com 254 portadoras, foram considerados satisfatórios, apesar do relevo montanhoso das cidades. Em um dos experimentos, em Ouro Preto, uma antena WiMAX foi instalada em uma Kombi com três computadores, que permaneceu na praça principal, onde as pessoas podiam entrar no veículo para acessar a Internet. A unidade de emissão do sinal (BSU) ficou localizada a uma distância considerável, na Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Anos depois, os equipamentos em Ouro Preto passaram a operar na frequência de 5,8 GHz com 32 portadoras e, posteriormente, foram desligados por falta de assistência aos executores do projeto.

Na mesma época, a Universidade Federal do Paraná também implantou hotspots WiMAX em seus campi para alunos que não possuíam Internet e para os proprietários de dispositivos móveis e, em 2009, o Centro Tecnológico da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) testou equipamentos com a tecnologia operando a 5,8 GHz (banda não licenciada) em Vitória, com o objetivo de oferecer a rede nos municípios do interior do estado.

A Embratel ofereceu, entre os anos de 2008 e 2010, um serviço WiMAX para pequenas e médias empresas nas principais capitais brasileiras, com conexão banda larga e telefonia VoIP. No entanto, a partir de 2010, as novas ofertas foram suspensas, com manutenção dos serviços já contratados ou sua substituição por outras soluções, ocasionadas pela aquisição da Embratel por parte da NET. Outras operadoras, como Telefônica/Vivo e Brasil Telecom também haviam anunciado planos para introduzir o WiMAX no Brasil para acesso comum à Internet móvel, de maneira análoga às redes 3G, porém em 2012 elas desistiram da ideia e adquiriram a frequência LTE, usada como padrão para a implementação da rede 4G.  

Nos Estados Unidos, em 2005, uma operadora de telefonia celular testou a WiMAX, porém foram diagnosticados problemas para atingir os níveis esperados de transferência dos dados, que alcançaram apenas um pequeno percentual dos níveis laboratoriais. Apesar dos resultados, em 2006, a Intel investiu US$ 600 milhões na instauração da rede WiMAX em diversas regiões do país e aliou-se a companhias como Dell, Cisco e IBM para a criação do projeto Comunidades Digitais, que levaria a rede para aproximadamente 100 cidades ao redor do mundo, mas rapidamente os acordos foram cancelados.

Na Europa, a Motorola adotou o WiMAX em diversos países, assim como a Austrália, Ásia e América Latina também se interessaram pela tecnologia, mas a oferta do serviço também não durou.

Apesar de a conectividade WiMAX parecer melhor em comparação à rede 2G e ao Wi-Fi da época, teoricamente ser mais rápida de ser implementada pela não necessidade da instalação de cabos e mesmo tendo investido milhões de dólares na divulgação da tecnologia com o intuito de vender chips para a infraestrutura, a Intel desistiu do WiMAX em 2011. Ela tornou-se inviável mundialmente por vários motivos:

  • A área de alcance, na prática, não passava muito dos oito quilômetros, frente aos 50 km teóricos;
  • A instalação de antenas, principalmente em cidades cheias de prédios, diminuiria ainda mais o alcance do sinal;
  • Existiam pouquíssimos equipamentos compatíveis com a rede, o que exigiria mais investimento para alterar a infraestrutura;
  • O longo tempo de testes a fez ficar ultrapassada;
  • O surgimento do padrão LTE, com suporte para redes e equipamentos já usados, que originou a rede de telefonia celular 4G;
  • E por conta da Internet sem fio de alta velocidade nos telefones celulares.
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Comentários de usuários

Respostas recomendadas

Em outras palavras, WiMAX, assim como o grafeno, era capaz de tudo e conseguia fazer tudo, menos sair do laboratório.

 

E na época eu me lembro do hype que se fez a respeito do WiMAX, com um marketing pesado dizendo que essa era mais uma tecnologia que viria para transformar e revolucionar o mundo.

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  • Administrador
12 horas atrás, De Los Santos disse:

E na época eu me lembro do hype que se fez a respeito do WiMAX, com um marketing pesado dizendo que essa era mais uma tecnologia que viria para transformar e revolucionar o mundo.

 

Exatamente. A Intel gastou milhões de dólares nesse "hype". Todo ano eles diziam que aquele ano seria "o ano do WiMAX":

 

https://www.bloomberg.com/news/articles/2006-07-05/intels-600-million-wimax-bet

 

https://www.techdirt.com/2007/09/21/ah-so-now-intel-says-2008-is-the-year-for-wimax/

 

Aliás, anunciaram parceria com o governo brasileiro. Nunca saiu do papel:

 

 

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Em 18/01/2023 às 18:48, Gabriel Torres disse:

 

Exatamente. A Intel gastou milhões de dólares nesse "hype". Todo ano eles diziam que aquele ano seria "o ano do WiMAX":

 

 

Tal qual o grafeno, que todo ano, era o ano do grafeno. A comparação não poderia ser melhor.

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  • Administrador
2 horas atrás, Rodrigo J Polette disse:

Vendo que hoje os celulares já alcançam mais de 100M, com planos baratos a cosa complica mesmo para a concorrência...

 

Você não tem como comparar uma conexão de 2023 com um projeto de 20 anos atrás, né? rs... Você teria de comparar a velocidade oferecida do WiMAX, na época, com as tecnologias concorrentes, como DSL e cabo... No início dos anos 2000, os planos mais caros de DSL e cabo eram de 1 Mbit/s. Com certeza, se tivesse emplacado, a velocidade máxima teria evoluído.

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