Motor esteira elétrica falhando troca caseira carvões de martelete

[Pincipi]

Tudo começou com a queixa do usuário de que a esteira elétrica estava desligando antes do término do tempo programado, em pleno feriado de 15 de novembro, meu pai olhou e disse que bastava eu alinhar a esteira para sanar o problema, feito isto, ela ligava no painel mas não se movimentava, tinha que forçar um pouco e ainda apenas na velocidade 5 para cima. Enquanto se movimentava o motor desligava e ligava constantemente, tipo um mal contato. Imaginei que seria algo na tomada elétrica, o que não poderia ser já que o painel elétrico não desligava. Depois de diminuir a tensão da esteira deixando ela mais frouxa, nada mudou. parti para verificar a placa lógica e tudo estava aparentemente perfeito, nenhum sinal de queimado ou capacitor estufado, restou a última opção, olhar o carvão do motor, ou as escovas de carvão ou escovas de carbono ou eletrocarbonos, sei lá, devem existir muitos nomes para esta mesma peça:

Na foto acima tem os carvões originais e um carvão novo de uma furadeira, o qual tem as medidas menores e pode servir ou não como reposição.

O do fio preto estava completamente carbonizado na parte em que encosta nos terminais do eixo, além de bem mais gasto do que e o do fio vermelho que estava com a parte de malha quase que totalmente rompida, só havia praticamente um único fio inteiro, igual se vê nos desenhos animados quando uma corda está se quebrando.

Raspei um pouco a sujeira do carvão e remontei, até que o motor funcionou um pouco melhor mas, estava faiscando muito, dava para ver que a parte da malha estava sendo consumida:

À esquerda o carvão do fio preto e a direita a do fio vermelho, olhando melhor por dentro, na área do eixo onde o carvão entra em contato:

Deu para notar que houve algum desgaste no eixo, espero que isso não represente algo mais grave.

Achei vários anúncios na internet do carvão, inclusive tem uma loja física num bairro aqui perto, o problema é que é feriado.

Olhando melhor em minhas tralhas encontrei um carvão maior, de medidas quase idênticas ao original, vieram de reserva num martelete marca Hongda.

Imaginei diversas maneiras de fazer a troca, utilizando solda por exemplo mas, me decidi pelo encaixe com aperto.

Mãos à obra:

Primeiro soltei a mola que estava grudada ao plástico, parece que o calor derreteu:

Depois passei um arame de fechar pacote de pão dentro da mola:

O objetivo é comprimir a mola que conforme o caso, pode ser desnecessário, como por exemplo usar a opção de solda, ai bastava passar o fio elétrico dentro da mola antes de soldar e após isso posicionar a mola:

Chegou a vez de soltar o terminal do fio elétrico que também tinha ficado preso no plástico derretido:

O outro terminal não estava com o plástico derretido e foi bem mais fácil desmontar. Agora que já treinei a compressão da mola, posso passar para o novo carvão:

Moleza, a solda da malha ao cobre parece ser do tipo eletrônica ou elétrica, não é por fio de solda, resolvi usar o disco de cobre como uma capa sobre o fio, fui entortando com alicates aos poucos:

E cortando com uma tesoura de cortar frango assado:

Moldando e cortando:

Até chegar no ponto de climpar com o alicate:

Eu esperava obter um aspecto profissional mas:

Ficou pavoroso embora que, muito funcional:

Finalmente, depois de trabalhado nos dois terminais ficou assim:

Nem se percebe o acabamento medonho dos terminais porque ficam debaixo da capa plástica. Para controle, a etiqueta do motor:

Eu fiz até um vídeo mostrando tudo funcionando perfeitamente mas, achei desnecessário mostrar, agora a esteira liga perfeitamente e o motor já sai girando na velocidade 1 sem necessidade de empurrar, também altera para todas as velocidades sem desligar ou engasgar como antes.

Acho que vou comprar um par de escovas de carvão de reserva, para deixar guardado pois não sei até quando este aqui vai durar.

Fiquei com dúvidas do porque um carvão gastar mais que o outro e isso se tem relação com o tamanho da malha. Também porque só um lado derreteu a capa e o outro lado não. Sem contar que a malha do carvão de reposição é a metade do original e o que isso pode causar.

 

 

 

 

[Pincipi]

A gambiarra não durou muito como eu esperava, o usuário disse que esfumaçou e começou a sair fogo do motor, ele levantou a esteira e cobriu com um pano o motor para evitar o principio de incêndio. Não deu detalhes de quando ocorreu nem de quanto tempo usou a esteira.

De novo num domingo, desta vez o problema foi no fio vermelho:

O carvão soltou na junção com a malha:

Enquanto que do outro lado não escureceu a mola ou derreteu o plástico mas, estava com a malha quase rompendo no ponto da solda eletrônica:

A titulo de comparação a parte do carvão que entra em contato com o eixo:

E a boca do motor com alguma limalhas:

Puxei com força a malha do outro carvão, queria saber como ela é fixada dentro do carvão:

A parte preta é um pó prensado, eu achava que a fixação era por solda e que dava para emendar.

A anos que espero uma oportunidade para testar a solda, usei uma malha de 2,5mm daquelas de fazer dessolda:

Coloquei dentro do buraco e fui preenchendo com a solda, até completar o buraco. Na primeira tentativa não ficou firme e soltou, já na segunda ficou bem duro e firme, parece que deu adesão na solda.

Depois preparei a capa de metal, achei melhor usar ela do que soldar diretamente no fio;

Cortei um terminal que não me lembro o nome e fiz a prensagem:

Com um alicate:

Seguindo a ordem do conjunto na remontagem, não precisa prensar a mola, basta introduzir antes o fio nela e depois posicionar, esteticamente ficou bom:

Só falta ver se vai conseguir segurar ou se o calor vai derreter a solda e dar alguma caca.

Eu pensei em usar a malha dobrada, de modo a ficar dupla ou até tripla, quem sabe sendo mais grossa a energia passa com menos resistência e esquenta menos, comparando o volume com a malha do carvão original, usar em dupla seria o ideal, parece ter o mesmo volume.

Eu já tinha comprado dez pares na China pelo preço de um par aqui no Brasil, o chato é a demora da entrega, prevista para o ano que vem:

Fora o carvão, existe a possibilidade do eixo estar com algum problema, na internet tem muitos vídeos explicando como corrigir faiscamentos ou fagulhamentos, dar passe e limpar a parte onde os carvões entram em contato. No momento eu não me lembro o nome da peça e acho que já seria assunto para outro tópico.

 

[Renato.88]

Quando as escovas e suportes começam a esquentar e derreter significa que o motor já está ruim com as bobinas quase em curto. 

 

Eu tive o mesmo problema, mas numa lixadeira. 

[Pincipi]

A capa do terminal vermelho teve uma certa dificuldade em encaixar devido ao plástico estar bastante derretido embora que, depois de 20 minutos de funcionamento na velocidade máxima 8.1 não teve problemas exceto por algumas fagulhas apenas no terminal preto:

Na velocidade inicial 1 não tem fagulhas, quando chega na 6 tem um pouco de fagulhas e na 8.1 tem as fagulhas mostradas no vídeo, sendo que no terminal vermelho não tem fagulhas em qualquer velocidade.

Colocando o dedo na tampa do fio preto tenho a sensação térmica de estar mais quente que a do fio vermelho.

13 horas atrás, Renato.88 disse:

Quando as escovas e suportes começam a esquentar e derreter significa que o motor já está ruim com as bobinas quase em curto. 

Vamos ver o que acontece agora, se derreter de novo deve ser a bobina mesmo.

[Pincipi]

A aventura continua, o usuário está reclamando de cheiro de queimado, apesar de estar funcionando normalmente, ele utiliza todos os dias por uma hora na velocidade 5 então, parti para ver como estavam os carvões, na hora de soltar a presilha do fio vermelho estava um pouco dura e forcei de forma a quebrar ela:

Acredito que o calor mudou a elasticidade do plástico, deixando ele duro a ponto de não ser mais flexível, dai ter quebrado.

A malha estava boa, entretanto todos os pontos de solda sumiram, ficou apenas um acinzentado no lugar e com pouca força a malha saiu de dentro do carvão. A mola do fio vermelho perdeu a elasticidade.

Parti para desmontar o motor e olhar com mais atenção o coletor, A desmontagem é fácil, basta posicionar a correia para fora do centro enquanto gira a esteira para desencaixar por completo, ai a mola de tensão se desconecta fácil deixando o motor preso apenas pelo eixo que tem uma travinha de pressão que se solta com facilidade, liberando o eixo e soltando o conjunto.

Depois de soltar os dois parafusos perto do rolamento, abri a tampa e vi da onde provavelmente vem o cheiro de queimado:

É a capa do carvão que está derretendo.

Junto a poeira interna achei a solda usada nos carvões:

Realmente soldar os carvões não é uma boa ideia, não porque a solda poderia derreter mas, porque não aguenta a vibração e se solta, ou então uma combinação das duas hipóteses.

Outra observação, o motor não tem bobina, utiliza 4 imãs colados, testei eles e parece estar tudo certo:

Agora, indo para a parte que interessa, o coletor do induzido:

Feio, quase todo carbonizado e com dois pontos na cera que indicam calor excessivo. Não havia sinal de curto entre uma palheta e outra, os vãos estavam desobstruídos.

Importante lição aprendo ao ver isso, não basta apenas trocar os carvões velhos, com certeza tem que também olhar o estado do coletor e no mínimo dar uma limpada antes de montar os carvões novos.

A foto abaixo mostra o inicio da limpeza, usei uma bucha de lavar louça com água e sabão que era o que tinha na mão naquela hora:

Depois de limpo, deu para perceber o desgaste maior em dois pontos opostos um do outro, de um lado:

E do outro lado:

Olhando lateralmente:

Parece que se der um passe no coletor, dá para corrigir o desgaste e continuar a usar normalmente, se bem que isto já seria tema de outro tópico e apenas mostrei aqui porque isto deve ter uma ligação direta com os carvões.

A minha imaginação fica formulando teorias para o que aconteceu aqui que levou a este desgaste, do tipo do motor ter travado em algum momento nesta posição, como o usuário descreveu sobre o princípio de incêndio, ou então, ao ser desligado ele sempre para na mesma posição e quando liga dá a faísca inicial sempre no mesmo ponto, ou até mesmo já veio assim de fábrica, do tipo no transporte da China até aqui ficou balançando e os carvões em atrito neste ponto foram comendo o metal, ou até mesmo um defeito nos rolamentos, que parecem não estar muito bons porque ao mover o eixo com as mãos, percebe-se uns estalos característicos de esferas gastas.

Sei lá, deveria ter olhado isto antes de fazer a troca dos carvões, desta forma não teria tantas dúvidas.

A situação atual ficou assim, o coletor está limpo porém, com desgastes evidentes, minha intenção é remontar os carvões com alguma coisa que faça a prensagem da malha neles, não vou usar mais solda, ai pretendo montar tudo e ver como funciona agora e mais tarde dar um passe no coletor para ver se tem alguma diferença.

O dono da esteira quer que compre carvões novos ou então um motor novo ou até mesmo outra esteira.

Eu penso em levar tudo na loja onde vende o carvão e pedir uma opinião do tipo trocar apenas os carvões, os rolamentos e dar um passe no coletor.

Ainda tenho dúvida se o carvão que utilizei é adequado ou não, pois dizem que existem carvões puros e carvões grafitados, o puro não estraga o coletor e o grafitado estraga.

[Pincipi]

Fiz assim, encaixei a mesma malha no buraco do carvão e coloquei um palito de dente prensando, quebrei o excesso que ficou para fora e colei com uma gota de super bonder, eu sei que a cola é mal condutor elétrico, eu usei ela apenas para garantir que a madeira não se soltasse durante a vibração, a madeira prensando a malha garantiu a condutividade elétrica e a cola serviu apenas para fixar o conjunto, acredito que se tivesse colado direto a malha no carvão, poderia não ter a condutividade elétrica, a cola serviria de isolante.

As fotos saíram ilegíveis. No caso da capa do terminal quebrada, ela encaixou prensada:

Depois pus a parte solta com superbonder:

Minha aposta é que vai se soltar com a vibração, só não sei quando.

Quando desmontei o motor, acabei mexendo também na polia, o parafuso de furo sextavado estava praticamente solto ou desrosqueado, aproveitei para tentar sacar a polia, não consegui, a única coisa que aconteceu foi mover um milímetro para fora, parece que dentro da polia tem alguma espécie de freio e quando fiz esta movimentação, a resistência ao girar diminuiu consideravelmente.

Depois de tudo montado, funcionou maravilhosamente e só apareceram faiscas a partir da velocidade 10, agora a velocidade máxima de 8.1 mudou para 14.0. Eu não deveria ter mexido também na polia, agora não sei se apenas limpar fez a melhora de funcionamento ou se foi decorrente de aliviar a tensão da polia.

De qualquer forma em poucos minutos de uso o coletor já escureceu de novo, exatamente onde toca os carvões.

Outra observação, ligando e desligando o motor, o eixo não para sempre no mesmo lugar, para em posições alternadas, isso exclui a teoria de que o motor para no mesmo ponto e por isso estraga o coletor.

Em compensação, acrescentei mais uma teoria, quando a esteira foi comprada, com alguns minutos de uso rompeu e passou por assistência técnica, onde foram trocadas a esteira e os dois eixos rolamentados dela, pelo que o técnico falou, além de rasgar estouraram os rolamentos e agora, associando este fato faz sentido que tenha sido a causa do desgaste no coletor, ou pelo menos é um dos suspeitos.

Vou esperar e ver o que o usuário diz.

[.if]

O que faz faiscar é o carvão com pouca pressão e eventualmente um enrolamento (bobina) em curto.

 

19 horas atrás, Pincipi disse:

Depois de limpo, deu para perceber o desgaste maior em dois pontos opostos um do outro, de um lado:

E do outro lado:

Olhando lateralmente:

Observe que o outro lado na mesma linha está com aparência semelhante. É o ponto onde a faísca se intensifica e são os pontos de uma (01) bobina intuitivamente em curto. Assim sendo, só trocando o rotor.

 

 

 

[Pincipi]

O usuário reclamou que a esteira ficou pesada e está cheirando a queimado, consegui apenas dar uma olhada rápida e pude notar que o coletor ficou preto de novo e mesmo na velocidade baixa está faiscando bastante. Já compraram uma nova e vão dar a usada para algum carroceiro vender no ferro velho. Se der uma sorte, consigo abrir o motor antes só para ver como ficaram as molas dos carvões.

[Renato.88]

3 horas atrás, Pincipi disse:

Se der uma sorte, consigo abrir o motor antes só para ver como ficaram as molas dos carvões

Provavelmente já derreteu tudo. 

[Pincipi]

Em 11/12/2019 às 21:42, Renato.88 disse:

Provavelmente já derreteu tudo. 

Confere! Tentei abrir os terminais e só consegui foi quebrar o que ainda não havia quebrado:

[Pincipi]

Já chegou a esteira nova, funciona maravilhosamente bem, silenciosa e sem nenhuma faisca no motor, tanto na velocidade 1.0 como na 18.0:

Esta é a imagem do motor novo (motor 2), não consegui autorização para ver seus carvões. A esteira velha está anunciada e se não conseguirem vender eu pego o motor para mais testes.

[Pincipi]

A esteira velha foi vendida por uns cem reais no estado em que se encontrava e dois anos e cinco meses depois o motor da esteira nova começou a cheirar queimado e a faiscar, exatamente como ocorreu antes, a diferença agora é que existem três marcas evidentes de desgastes nos contatos do induzido e uma das caixas de carvão já está derretida.

A história se repetiu e desta vez eu nem fui autorizado a mexer no motor, apenas pude fazer uma rápida análise e pude ouvir que alguns rolamentos dos eixos já estão estalando, tipo funcionando à seco sem lubrificação, a base de madeira já está afundada e parte da esteira ou a fita que fica girando está desgastada, fora estes detalhes todo o resto está perfeito, diante do quadro, a solução de trocar o motor por um novo custando R$ 900,00 com o valor do frete incluído não foi bem vista já que por R$ 2.000,0 dá para comprar uma nova, veja bem, apenas trocar o motor iria adiar uma nova despesa com alguma outra parte da EP14K.

Pela lógica a vida útil do equipamento deve durar entre um a três anos no máximo. O usuário ainda está se decidindo sobre o que fazer. Eu já me decidi, se a esteira cair na minha mão vou desmontar para fazer fotos comparativas com as que já estão neste post.

[Sérgio Lembo]

Interessante a saga. Sobre escovas: para comprar basta saber as medidas. As 2 primeiras se referem ao tamanho da superfície de contato e a terceira é a altura da escova. Se está faiscando é porque gastou tanto que a mola não faz mais a pressão necessária. É hora de trocar. Caso não tenha a indicação da medida original considere no mínimo 50% a mais a altura da nova em relação à altura da gasta. Se for muito maior que isso pode comprar sem medo. No momento de instalar caso esteja excessivamente alta basta limar o excesso. Feita a instalação,  antes de ligar vai ter que fazer a calagem das escovas novas. Significa ajustar a superfície de contato ao diâmetro do coletor. Coloque uma lixa entre o coletor e a escova com o abrasivo ao externo e vá girando.

Sobre ser carvão puro ou grafitado, me desculpe. Todas são de grafite. Da mesma forma que se produz grafite de escrita mais duro ou mais mole o mesmo vale para os grafites utilizados nas escovas.