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Que fim levou a memória Optane?


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Que fim levou a memória Optane?

Desenvolvida pela Micron em parceria com a Intel com o nome 3D Xpoint (pronuncia-se “trí-dí-cross-point”) e comercializada pela Intel com o nome Optane, esta tecnologia de memória não volátil prometia uma revolução no mercado, por ser bem mais rápida do que a memória flash NAND e mais barata do que a memória RAM dinâmica. A Intel, porém, enterrou esta tecnologia em 2022. O que deu errado?

As memórias 3D Xpoint/Optane utilizam uma tecnologia denominada mudança de fase (PCM, Phase-Change Memory), cujo princípio de funcionamento e possibilidade de uso em memórias foram demonstradas em 1970 por Gordon Moore, um dos fundadores da Intel. A tecnologia continuou sendo pesquisada e foi posteriormente transferida para uma empresa criada pela Intel e pela STMicroelectronics em 2008, chamada Numonyx, que dois anos depois foi comprada pela Micron. Esta pequena história explica a relação da Intel e da Micron em relação à memória 3D Xpoint/Optane.

Seguindo esta cronologia, em meados de 2012, a Micron e a Intel iniciaram uma parceria para o desenvolvimento de uma nova memória não volátil baseada na tecnologia de mudança de fase. Memória não volátil é um tipo de memória cujo conteúdo não é apagado quando sua alimentação é cortada, a exemplo do que ocorre com as memórias do tipo flash, usadas em SSDs e pen drives, diferentemente do que ocorre com a RAM.

O resultado desse desenvolvimento batizado 3D Xpoint e anunciado em 2015, chegando ao mercado em 2017, com a Intel decidindo utilizar o nome comercial Optane em produtos utilizando esse tipo de memória.

De fato, as memórias Optane eram bem mais rápidas do que as memórias flash, conforme pudemos comprovar em nossas análises de desempenho. De acordo com a Intel, a latência das memórias Optane era 1.000 vezes inferior e com uma vida útil 1.000 vezes superior ao de memórias flash NAND, e apresentando uma densidade (isto é, a quantidade de bits que podem ser armazenados em um determinado espaço físico) 10 vezes superior ao de memórias dinâmicas. Outra vantagem oferecida pelas memórias Optane era o acesso a endereços individuais, tal como ocorre com memórias do tipo RAM e ROM, mas diferentemente do que ocorre com memórias flash NAND, que só podem ser acessadas em blocos. A contrapartida: eram bem mais caras.

Com isto, para o usuário final, a solução mais viável para aqueles que desejavam ter um desempenho superior sem ter que vender um rim era utilizar um SSD de baixa capacidade de memória Optane funcionando como um cache para acesso ao SSD principal ou ao disco rígido.

As memórias Optane foram comercializadas em diferentes soluções, e isto confundiu um pouco o usuário final:

  • Como um SSD de baixa capacidade (32 GiB, por exemplo) a ser usado como cache para acelerar o acesso à unidade de armazenamento principal, que pode ser um disco rígido ou um SSD. Veja a nossa análise “Teste da memória Intel Optane de 32 GiB” para mais informações.
  • Como um SSD híbrido, contendo uma pequena porção de memória Optane como cache e a área de armazenamento principal utilizando memórias flash NAND de baixo custo do tipo QLC.
  • Como um SSD inteiro, de alto desempenho. Por conta do custo, era voltado a usuários endinheirados, estações de trabalho e servidores de alto desempenho. Veja a nossa análise “Teste do SSD Intel 905p de 960 GiB” para mais informações.
  • Como módulos de memória DIMM voltados a servidores, denominados Optane PMEM (Persistent Memory, memória pesistente).

O início do fim das memórias Optane começou em 2021. Primeiro, a Micron anunciou que desistiu desse tipo de memória. Em seguida, a Intel anunciou que não iria produzir mais SSDs com memórias Optane para usuários finais (possivelmente por conta das baixas vendas). E na virada de 2021 para 2022, a Intel iniciou o processo de saída do mercado de memórias flash NAND, vendendo seus ativos para a SK Hynix.

Portanto, era questão de tempo até que a Intel anunciasse que também abandonaria as memórias Optane, o que ocorreu em julho de 2022, juntamente com o anúncio do balanço financeiro do segundo trimestre de 2022, que apresentou uma queda brutal no faturamento da empresa, fazendo com que a fabricante passasse a apresentar prejuízo e decidisse sair de negócios que operassem no vermelho e/ou não fossem essenciais.

Em nossa opinião, foram dois os fatores que levaram à derrocada da memória Optane: preço e monopólio. Apesar de a Intel ter investido bastante na divulgação da memória Optane, é difícil a adoção de uma tecnologia de periféricos que só é vendida por uma única empresa. Veja o caso do SSDs. Esta tecnologia foi surgindo aos poucos, ao longo de anos, mas só vimos a sua adoção em larga escala a partir do momento em que vários fabricantes estavam oferecendo SSDs para o usuário final. E com múltiplos fornecedores, o preço cai, não só pela concorrência, mas pela economia de escala oferecida pela maior quantidade de chips produzidos e também por haver tanta gente vendendo uma determinada peça que o usuário se pergunta se ele também não precisa daquilo em seu computador.

Vale destacar que muitos fabricantes investem pesado na divulgação de uma nova tecnologia dizendo que ela “é o futuro”, mas quando a empresa acaba desistindo da tecnologia, a notícia não é divulgada, como foi o caso da desistência da tecnologia Optane, que apareceu apenas como uma pequena nota no relatório do segundo trimestre de 2022 da Intel, sem qualquer destaque.

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Comentários de usuários

Respostas recomendadas

Isto me lembra uma história nas revistas do Tio Patinhas na qual ele passou um bom tempo trabalhando para tornar uma moeda antiga tão única e rara na confiança que assim a poderia vender por um gigantesco valor, mas no final somente ele mesmo teria condições de comprar algo assim.

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com o proposito q foi lancado, o nexo era zero..

 

porque o preco era bizarro.. ainda q você pudesse melhorar o desempenho de discos rígidos, com essa tecnologia servindo como um tipo de "cache", os valores eram proibitivos.. não havia essa melhoria toda, a compatibilidade era restrita e é por isso q já nasceu morto, ou em autentico juridiquês, natimorto..

 

nunca vi sentido!.. me lembro q na epoca tinha caido na burrice de montar uma plataforma do zero com a famigerada 7a geração da intel e nessas placas tinha o anuncio da compatibilidade com essa "8a maravilha do mundo".. nunca dei bola, ate porque nem passei 1 ano com a mesma, já pouco tempo depois vendi tudo e ja me planejava para estrear nos Ryzen da amd..

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