Alguns erros comuns
Muitas grandezas são comumente usadas de forma confusa ou mesmo completamente errada. Vamos citar algumas delas.
Um erro bastante comum é falar em “corrente de 110 volts”. A grandeza que caracteriza se uma determinada rede elétrica é de 110 V ou 220 V é a diferença de potencial elétrico. Também é admitido que se use “tensão elétrica”, mas o uso do termo “tensão” está errado. Corrente elétrica é o deslocamento ordenado de cargas elétricas por um condutor e sua intensidade é medida em ampères (A). Também estão errados os termos "corrente" (o correto é "corrente elétrica") e "wattagem" (o termo correto é "potência").
Outro equívoco comum é a confusão entre as unidades de grandeza de potência e de energia. O que compramos da distribuidora de energia elétrica é, como a própria descrição da companhia deixa claro, energia elétrica. Essa energia é medida, pelo SI, em joules, mas nossa conta de energia, ela vem medida em outra unidade: o quilowatt-hora. Isso porque um joule (que equivale a um watt multiplicado por um segundo) é uma quantidade muito pequena de energia, então o preço cobrado por joule teria de ser expresso por um número com muitas casas decimais. Para você ter uma ideia, um computador típico, consumindo 200 W de potência, ligado 24 h por dia durante 30 dias, consumiria uma energia igual a 518.400.000 J (quinhentos e dezoito milhões e quatrocentos mil joules). O valor da energia consumida por um aparelho elétrico pode ser calculada multiplicando sua potência pelo tempo durante o qual fica ligado. Se usarmos a potência em quilowatts e o tempo em horas (em vez de watts e segundos) obtemos uma energia, para o exemplo acima, igual a 0,2 kW x 720 h = 144 kWh (quilowatt-hora). Um número bem mais fácil de ser compreendido na “conta de luz”. Não raro vemos, nos jornais (impressos, televisivos ou online), confusões acerca dessas unidades, como dizer que “a nova usina hidrelétrica, quando pronta, gerará 500 megawatts por mês”. Isso não faz o menor sentido, pois “megawatts por mês” significaria potência dividida por tempo. O correto nesse exemplo seria dizer “a usina gerará uma potência de 500 megawatts” e pronto, já que estamos falando da potência gerada.
Também costumam causar muita confusão as taxas de transferências de dados, e aqui os provedores de acesso e empresas de telefonia celular, em vez de ajudarem a educar o mercado, só criam desinformação. Quem nunca viu anúncios oferecendo Internet de 512 “megas”? Mega (e não “megas”) é um múltiplo, mas qual é a unidade de grandeza? Este é o grande ponto. Para conexões de rede e Internet, estamos falando de bits por segundo (bit/s), porém, para complicar, redes de telefonia celular e alguns provedores de acesso têm um limite de quantidade de dados que o cliente pode trafegar por mês (franquia), e este limite é dado em bytes. E para complicar ainda mais, o sistema operacional reporta velocidade de download em bytes por segundo (e não bits por segundo), e a maioria dos usuários não entende por que o arquivo está baixando a 50 MB/s se ele contratou uma Internet de 512 “megas” (512 Mbit/s equivale a 64 MB/s).
Nessa mesma linha, um termo é ouvido com frequência: "o meu disco rígido é de 2 teras". Novamente, "tera" é um prefixo e não uma unidade. O correto seria "o meu disco rígido tem capacidade de 2 terabytes".
Os restaurantes são outro exemplo de erros comuns. Tabuletas oferecendo "comida a kilo" são fáceis de encontrar. Ou então placas de preço oferecendo almoço a, por exemplo, "buffet por peso: R$ 15 por kilo". Aqui, um erro duplo: primeiramente porque quilo (ou kilo) não é unidade. Além disso, quilograma é unidade de massa, e não de peso. São conceitos muito diferentes, pois a massa é uma característica básica da matéria e representa a quantidade de inércia que um corpo possui. Peso, por sua vez, é a força com a qual o planeta atrai esse corpo para baixo. Como uma força, deve ser medida em newtons. A questão é que existe uma outra unidade de medida de força (que não faz parte so SI): o kgf (quilograma-força). Essa unidade equivale, aproximadamente, ao peso que um corpo de 1 kg de massa apresenta na superfície da Terra, e essa é a grandeza que normalmente as pessoas querem dizer quando falam "peso de um quilo".
Também os horários não escapam dos erros. Muitas pessoas escrevem "horário da reunião: 15 hrs.". A hora é uma unidade aceita, mas seu símbolo é "h". O minuto tem como símbolo "min". Então é correto escrever "14 h e 20 min". Lembrando que o dia tem 24 h, mas como inicia com a hora zero, não existe o horário "24 h", muito menos "24h e 30 min". A meia noite, portanto, é "0 h".
Aliás, lembramos que 0h e 0 min é o primeiro minuto do dia. Assim, meia-noite de quarta-feira significa a meia-noite da virada de terça-feira para quarta-feira, e não a meia-noite da virada de quarta-feira para quinta-feira. Como este é um equívoco muito comum, normalmente empresas como linhas aéreas e cinemas estipulam o horário como 23h59min de terça-feira ou 00h10min de quarta-feira, em vez de meia-noite de quarta-feira, de forma que os clientes não se confundam, achando que o horário combinado era a meia-noite de quarta-feira para quinta-feira.
Finalmente, um erro bastante comum em nossas ruas e estradas: placas de trânsito. Quem nunca passou por uma placa ou aviso indicando “velocidade máxima permitida: 80KM”? Só nesse inocente valor, três erros. Primeiramente, o “K” que indica o prefixo quilo não é maiúsculo e sim minúsculo. Em segundo lugar, o “M” também é minúsculo por ser o símbolo da unidade metro. E em terceiro (e mais importante), que km é uma unidade de distância, enquanto a unidade usual para velocidade em rodovias é o km/h. Outros erros comuns são “entrada a 500 mts”, “Km 476”, “lombada a 50 M”, etc.
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