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Minha história profissional – Parte 7


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Minha história profissional – Parte 7

Acabei me esquecendo de continuar esta série, mas finalmente hoje volto para terminar de contar o que aconteceu no ano de 1996 que, sem sombra de dúvidas, foi o ano-chave da minha carreira profissional. (Clique aqui para ler as demais partes desta série.)

Em 1995 eu comecei a escrever o livro que se tornaria o Hardware Curso Completo. Em 1996, eu terminei de escrevê-lo e ele estava pronto para publicação. Só havia um problema: eu não sabia como publicá-lo. Havia a possibilidade de ir pelo caminho da publicação por conta própria como o Laércio Vasconcelos havia feito. Mas eu não tinha o dinheiro necessário bem como eu achava que o alcance publicando por conta própria seria muito restrito. Lembre-se que a Internet só começou a operar no Brasil nesta mesma época, e não havia ainda lojas virtuais. Ou poderia publicar por uma editora.

Eu procurei as quatro maiores editoras que publicavam livros de informática à época, a saber: Campus, Makron, Axcel e Berkeley. A Campus e a Makron me responderam negativamente, inclusive me enviando uma carta afirmando que livros de hardware não vendiam bem e que eles não viam futuro no meu livro. A Berkeley simplesmente me mandou meu original impresso de volta, sem nem mesmo uma carta. A única que demonstrou interesse foi a Axcel, editora pela qual acabei publicando vários livros. (E que acabou me roubando; mas não vamos adiantar a história. Caso queira saber mais, leia aqui e aqui).

O irônico é que depois que o meu livro se tornou um best-seller, a Editora Campus vivia entrando em contato comigo perguntando se eu não queria mudar de editora.

O livro acabou sendo lançado no dia 15/08/1996, tinha 712 páginas, e, em um mês, tornou-se o livro de informática mais vendido no Brasil, figurando em todas as listas de best-sellers. Eu tinha acabado de fazer 22 anos.

hardware_convite.jpg

Figura 1: convite para o coquetel de lançamento de Hardware Curso Completo

hardware_gt_autografando.jpg

Figura 2: eu autografando o livro

hardware_gt_sergio-gallo.jpg

Figura 3: eu e Sérgio Gallo, autor do livro Guia do BBS

A editora enviou exemplares de divulgação para toda a imprensa, e a jornalista responsável pela página de informática do jornal carioca O DIA, Cristina Portella, recebeu e gostou do livro e da minha escrita, e entrou em contato comigo me convidando para ser colunista do caderno semanal de informática que o jornal estava criando. Eu escreveria duas colunas fixas: Cartas, onde responderia às dúvidas dos leitores (sim, naquela época pré-histórica a maioria das dúvidas era enviada por carta), e “Dicas do Prof. Gabriel”, onde eu daria dicas ou ensinava alguma coisa interessante no estilo tutorial. Haveria ainda uma terceira tarefa, maior, que consistia na capa do caderno e duas páginas inteiras, chamada “Microteste”, onde eu faria alguma análise mais aprofundada de equipamentos. Esta seção “Microteste” era mensal. Eu fiz parte do caderno de informática do jornal O DIA por onze anos, do seu lançamento em 1996 até 2007.

O fato de eu ter passado a ser colunista de um jornal que na época era muito grande me deu grande visibilidade, em particular no Rio de Janeiro, ajudou muito a divulgar os meus cursos (afinal, agora eu era colunista de um grande jornal), me fez melhorar minha escrita e foi o fator fundamental para a criação do Clube do Hardware. Repare como o que era a coluna “Cartas” acabou virando o que é hoje o nosso Fórum, o que era a coluna “Dicas do Prof. Gabriel” acabou virando o que hoje são os nossos artigos e tutoriais e o que era a coluna “Microteste” acabou virando os nossos testes (análise de produtos).

Neste mesmo ano de 1996, eu estava intrigado com a Internet e criei o meu próprio site no Geocities, que era um site para pessoas hospedarem sites pessoais gratuitamente, mas com um endereço quilométrico. Chamei este site de “Hardware: por Gabriel Torres” e o endereço era, se não me falha a memória, www.geocities.com/SiliconValley/Park/1022.

A ideia deste pequeno site pessoal era divulgar meus cursos, mas a partir do momento em que comecei a lançar livros, também serviu para divulgá-los. E, a partir do momento em que me tornei colunista do O DIA, eu passei a publicar lá as minhas colunas. Este site acabou ganhando vida própria e se tornou o que é hoje o Clube do Hardware (eu só passei a usar este nome a partir de 1999). Você pode conferir aqui um pouco da história dos cinco primeiros anos do Clube do Hardware e ver telas capturadas das primeiras versões do nosso site.

E graças a todo esse sucesso, o Instituto de Tecnologia ORT, onde eu trabalhava dando aulas para o ensino médio técnico e me oferecia o espaço para eu dar os meus cursos, me ofereceu uma sala muito maior e mais confortável para os meus cursos. Eu continuei dando aula no ORT até o ano 2001.

curso_1996.jpg

Figura 4: uma das turmas do meu curso de hardware em 1996, já na sala nova

Por fim, ainda em 1996, por volta de outubro, eu resolvi abrir uma loja de informática, chamada Planeta Byte. Tendo trabalhado consertando computadores por tantos anos, eu sempre tive o sonho de ter uma loja de informática. Porém não deu certo e a fechamos em 1998. Basicamente, a minha vida profissional estava indo em outra direção (cursos e site e não mais manutenção de computadores), além de eu ter resolvido abrir a loja em Ipanema, um local caro, e, portanto nosso preço final muitas vezes não era competitivo, especialmente em um mercado tão sensível a preço. A loja ficava no terceiro andar de uma galeria.

planeta_byte01.jpg

Figura 5: vista externa da galeria onde ficava a loja (lado direito do cabeleireiro “Ruddy” – aliás, uma trans gente finíssima)

planeta_byte02.jpg

Figura 6: dentro da loja logo depois de a termos alugado – eu era bem magro e... quanto cabelo!

Realmente, foram muitos acontecimentos importantes em 1996. Em resumo:

  • Lancei o meu primeiro livro, Hardware Curso Completo. Até agora são 25 e contando...
  • Passei a ser colunista do jornal O DIA (RJ) (1996 a 2007)
  • Abri uma loja de informática em Ipanema (Planeta Byte) que não deu certo (1996 a 1998)
  • Meus cursos passaram para uma sala maior. Continuei dando aulas para o ensino médio técnico do Instituto de Tecnologia ORT e com meus cursos até 2001
  • Criei um site pessoal que se transformaria no Clube do Hardware

E mais uma vez lembrando, eu tinha acabado de fazer 22 anos.

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Comentários de usuários

Respostas recomendadas

  • Administrador
2 horas atrás, mattaus disse:

Obs.: a careca foi opção?

 

Sim, opção do meu DNA. :tw_grimace:

 

13 horas atrás, bngomes disse:

10 anos e muito cabelo a menos.. acho que "Ruddy" perdeu um fregues.. rss abs

 

Pisquei o olho e já se passaram mais de 20 anos. Fora que naquela foto que eu estou de lado eu nunca tinha reparado quão magro eu era! O detalhe é que várias artistas globais cortavam na Ruddy, em particular a Susana Vieira, que vivia por lá e às vezes a Ruddy dava uns coquetéis e era o maior auê de gente famosa... No link abaixo tem mais informações, o salão das fotos é a loja exatamente ao lado de onde era a minha loja.

 

https://extra.globo.com/famosos/ex-cabeleireira-de-susana-vieira-escreve-biografia-nao-autorizada-da-atriz-apos-briga-por-megahair-19756388.html

adicionado 1 minuto depois

@GabrielLP14 Vou continuar a série, coloquei aqui na minha agenda, não vai ter erro agora! :)

  • Obrigado 1
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2 horas atrás, Gabriel Torres disse:

Sim, opção do meu DNA. :tw_grimace:

Hahahahahhahahahahahah.

Fico no aguardo da continuação kkk.

Cara se você se acha magro, tinha de ver uma foto que achei minha a alguns meses atras kkk de quando tinha 8 anos, eu era estão magro mais estão magro que de frente eu parecia estar de lado e de lado parecia q tinha ido embora hahaha.

Más resumidamente fico muito feliz que sua carreira tenha virado esse baita sucesso pois para mim tu é um grande exemplo cara, admiro muito você cara kk. E acho q n reconheceria você com cabelo em kkkn sem fica bem melhor kkkk.

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Prezado Gabriel Torres,

 

Só para lhe agradecer por compartilhar sua história. Ainda me lembro de quando aguardava ansiosamente o caderno de informática do jornal o dia(acho que era na quarta-feira né? Ou terça? ) para ler a sua coluna. Muitas delas eu recortava e guardava numa pasta, meu manual de referencias . Ainda lembro até hoje eu com 8 ou 9 anos tentando entender a diferença entre bit e byte , publicado em uma das tanta edições que eu guardava no meu acervo.
Fiquei mais impressionado ainda em reler as outras parte e descobrir que fui aluno de um colega que estudou contigo no colégio técnico, o prof. Lisandro... fui seu aluno na graduação. Que coincidência! ahaha

 

Obrigado por todos esses anos compartilhando seu conhecimento...te garanto que ajudou muitos brasileiros a enveredarem pelo mundo da eletrônica e computação. Você, o rapaz lá do outro site "hardware", Laércio de Vasconcelos e Newton C. Braga tem uma pontinha de responsabilidade por isso tudo =)

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  • Administrador

@Angelo Buoro Sim, o Lisandro foi meu colega de turma no ensino médio técnico em eletrônica e éramos muito amigos naquela época! Ele era o melhor aluno da turma, ganhava o prêmio todos os anos. (Inclusive se não me engano ele terminou o mestrado antes da graduação; ele fez os dois em paralelo, se não me falha a memória.) Aliás é outro que ficou careca. kkk Genética é flórida!

 

O bacana que eu e o Lisandro tivemos como professor de microprocessadores o Aquilino R. Leal, que era um cara que eu acompanhava pelas revistinhas de eletrônica e também através de seus livros. Outros mestres que aprendi muito através das revistinhas de eletrônica da década de 1980 foram Apollon Fanzeres (que tive o prazer de conhecer pessoalmente, pois ele doou a sua biblioteca pessoal ao ORT) e o Marcos Bêda.

 

Para você ver como as pessoas com interesse comum acabam e encontrando!

 

Um grande abraço!

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Em 12/03/2018 às 06:41, Gabriel Torres disse:

@GabrielLP14

@H3yF3n1x

 

Está aí, com "apenas" 10 anos de atraso, a continuação da história... Tentarei continuá-la agora com mais frequência... :)

 

Abraços e obrigado pela cobrança! :)

 

Gabriel.

tenho umas lembranças do Clube do Hardware muito boas foi quando aprendi a instalar meu driver de som no meu  mmx 233 que me rendeu muitas horas de lazer na época eu não sabia nem o que era gerenciador de dispositivo que nem me lembro mais como era chamado no windows 98 kkkkkk hj sou tec em informatica e muito feliz no que eu faço me dediquei a informatica tenho um caminho longo e arduo ate aqui ^^ grande gabriel eu tiro meu chapeu pra você meu amigo espero um dia ser moderador desse maravilhoso site 

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oi gabriel bom dia,

desde que conheci seu trabalho eu sempre tive uma tremenda admiração pela sua habilidade com as palavras,

é uma comunicação clara, objetiva, cortês, torna a experiência no aprendizado a melhor possível

 

aprendi aqui "sozinho" tudo que não aprendi quebrando a cabeça nas aulas das escolas de informática por onde passei,

mas eu achava que não conseguia entender porque era burro mesmo e a informática não era para mim

 

muito obrigado

 

 

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  • Administrador
5 horas atrás, GabrielLP14 disse:

nem telefone era feito

 

Sempre precisa ser por escrito (carta ou email) porque aí a gente selecionava as perguntas mais interessantes. Por telefone, a gente ficaria respondendo pergunta de graça e não ajudaria em nada os demais leitores. Eu não teria tempo para isso... ;)

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  • Membro VIP

Poxa, com 10 anos de idade eu já passeava por aqui (até meu pc pegar um vírus ***** e meu pai me proibir de mexer no pc pelo todo sempre - só fui me livrar disso aos 14, e o medo me perseguiu até os 20); o Clube do Hardware faz parte da minha história, lembro que quando voltei a frequentar aqui deu até frio na barriga.
Admiro muito sua história e sua coragem Gabriel, me deu um fôlego novo pra continuar na minha jornada. Espero ver por aqui logo (LOGO HAHAHA) os próximos capítulos da sua. Grande abraço, muito sucesso e obrigada pelo seu trabalho. <3

Edit: ah, uma das coisas que eu mais admiro na galera da sua época era que as pessoas se interessavam por algo, começavam um "negócio" para aprender ainda mais, e todo mundo sobrevivia. Hoje todo mundo é tão "genial" que todo o conhecimento do mundo nunca me parece o bastante para me jogar no mercado de trabalho ou empreender - não sei se todo mundo se sente assim, ou se era assim na sua época também, mas é a impressão que me dá.

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  • Administrador
10 horas atrás, MillyNog disse:

Edit: ah, uma das coisas que eu mais admiro na galera da sua época era que as pessoas se interessavam por algo, começavam um "negócio" para aprender ainda mais, e todo mundo sobrevivia. Hoje todo mundo é tão "genial" que todo o conhecimento do mundo nunca me parece o bastante para me jogar no mercado de trabalho ou empreender - não sei se todo mundo se sente assim, ou se era assim na sua época também, mas é a impressão que me dá.

 

Oi Milly,

 

Sim, essa sua percepção procede. Hoje, as pessoas sofrem do que chamamos de "Analysis Paralysis", que é ficarem paralisadas por excesso de informações ou análises. Hoje temos o conhecimento do mundo na ponta dos dedos, e obviamente conhecimento é infinito, e aí as pessoas ficam paralisadas tentando saber "tudo". Antigamente não tinha internet, então as pessoas simplesmente arregaçavam as mangas e faziam.

 

Há outro fator também. As pessoas mais novas e da sua geração já nasceram ou foram criadas quando o país já estava bem mais estável (i.e., pós Plano Real). Eu nasci na década de 70 e minha adolescência foi na década de 80, com crise atrás de crise, inflação diária de 1%, inflação mensal de 30% e anual de 2.000%. Tudo era muito instável, não sabíamos qual seria a maluquice que o governo ia tentar no dia seguinte. Com isso, o pessoal que passou por isso (eu incluso) tem muito mais jogo de cintura e sabe se virar bem mais, e não podia de dar ao luxo de ficar parado...

 

Devo escrever a próxima parte da série ainda nesta semana, fico feliz em saber que você gostou e que, de alguma forma, te inspirou.

 

É aquela história. Enquanto alguns reclamam, outros simplesmente vão lá e fazem!

 

Beijos

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  • Moderador
1 hora atrás, Gabriel Torres disse:

@GabrielLP14

e demais amigos.

 

Parte 8 no ar: 

 

 

 

Muito legal, não pare de escrever. 

adicionado 2 minutos depois
Em 10/04/2018 às 09:03, Gabriel Torres disse:

 

Oi Milly,

 

Sim, essa sua percepção procede. Hoje, as pessoas sofrem do que chamamos de "Analysis Paralysis", que é ficarem paralisadas por excesso de informações ou análises. Hoje temos o conhecimento do mundo na ponta dos dedos, e obviamente conhecimento é infinito, e aí as pessoas ficam paralisadas tentando saber "tudo". Antigamente não tinha internet, então as pessoas simplesmente arregaçavam as mangas e faziam.

 

Há outro fator também. As pessoas mais novas e da sua geração já nasceram ou foram criadas quando o país já estava bem mais estável (i.e., pós Plano Real). Eu nasci na década de 70 e minha adolescência foi na década de 80, com crise atrás de crise, inflação diária de 1%, inflação mensal de 30% e anual de 2.000%. Tudo era muito instável, não sabíamos qual seria a maluquice que o governo ia tentar no dia seguinte. Com isso, o pessoal que passou por isso (eu incluso) tem muito mais jogo de cintura e sabe se virar bem mais, e não podia de dar ao luxo de ficar parado...

 

Devo escrever a próxima parte da série ainda nesta semana, fico feliz em saber que você gostou e que, de alguma forma, te inspirou.

 

É aquela história. Enquanto alguns reclamam, outros simplesmente vão lá e fazem!

 

Beijos

Foi uma época maluca mesmo, também nasci em 1974. A inflação era uma loucura, os funcionários com as máquinas para reajustar preços estavam todos os dias nos mercados.

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  • Membro VIP

Foi atraves do livro Curso Completo Hardware que conheci você e depois o clubedohardware.
Trabalhava num laboratorio fotografico convencional, de filme, e, de repente, o chefe me avisa que comprou maquinario para revelar foto digital e que era pra eu ir na FUJI aprender a opera-la. KKK a maquina de revelar e imprimir era controlada por um servidor IBM. Como era meio zero a esquerda em hardware, o seu livro foi a salvacao 😃
 

 

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