Gabriel Torres

Retomando a cronologia da minha história profissional, na parte 9 eu contei em detalhes sobre como conheci Larry Barber e a criação do Hardware Secrets, o site americano que era como se fosse a versão em inglês do Clube do Hardware e que patrocinou o meu visto de trabalho (H1B) para eu ir morar nos EUA. Chegou, portanto, a hora de contar sobre a minha mudança para os EUA. Em 1999, eu criei um site chamado Hardware Secrets, onde republicava os mesmos artigos do Clube do Hardware (que criei em 1996), mas em inglês. Pensei: se faço sucesso em português, por que não faria em inglês? Em 2002 conheci um empreendedor norte-americano mais experiente, que estava por trás de vários sites de sucesso na área de hardware, e que viu potencial em meu site. Assim, formamos uma parceria e ele abriu a empresa Hardware Secrets nos EUA, com o intuito do patrocínio do meu visto de trabalho (H1B) e mudança para os EUA. Eu cuidava da parte editorial e ele e a equipe dele cuidavam da parte comercial. O visto acabou saindo em 2007, e para lá eu fui. Esse visto é válido por três anos e renovável por mais três. Ao fim dos seis anos, em 2013, com o fim do meu visto, tive de me mudar novamente, e acabei indo parar na Austrália. Esta história eu deixarei para contar na próxima parte desta série. Em 2015, vendemos a empresa. O dinheiro que ganhei desta venda eu usei para comprar uma Ferrari (você pode ver algumas fotos aqui, aqui, aqui, aqui e aqui). As fotos abaixo hoje são de 2011 (estava com 36 anos) e mostram o escritório/laboratório/estúdio do Hardware Secrets/Clube do Hardware. A época em que morei nos EUA foi, sem sombra de dúvidas, a mais produtiva do Clube do Hardware, pois tínhamos praticamente uma linha de montagem para a publicação de análises de produtos diariamente em dois sites. Em particular, investi na aquisição de equipamentos para a análise de fontes de alimentação, em uma época em raríssimos sites tinham pessoas com o conhecimento em eletrônica necessário para efetuar tais análises. A proximidade com os fabricantes por eu estar fisicamente nos EUA foi o grande diferencial, pois recebíamos produtos para a análise rapidamente, sem burocracia e sem custos (no Brasil, ao recebermos produtos do exterior, temos de pagar impostos), além de podermos ficar com o produto após a análise (no Brasil, os fabricantes normalmente pedem o produto de volta, dificultando enormemente a análise de produtos lançados posteriormente). Os anos de 2010 e 2011 foram os “anos de ouro” do Clube do Hardware; imprimíamos 20 a 22 milhões de pageviews por mês e recebíamos a visita de mais de 5 milhões de usuários únicos. Nesta época, tínhamos uma conjunção de fatores ímpar: o interesse dos usuários por análise de produtos e de participarem em fóruns de discussões atingiu seu pico máximo, bem como o Brasil era a “bola da vez” no mercado internacional e estava apresentando um fluxo de capital estrangeiro sem precedentes, fazendo com que o mercado publicitário estivesse muito aquecido. Em bom português: foram os anos de nosso melhor faturamento até hoje. O interesse do público foi gradualmente arrefecendo, sendo o grande “vilão” da nossa perda de tráfego, na nossa opinião, a ascensão das redes sociais, como já expliquei aqui, aqui e aqui. Com isto, depois que saí dos EUA, parei de realizar pessoalmente a análise de produtos, e em 2020 decidimos não analisar mais produtos, pelos motivos explicados de forma detalhada no vídeo “Mudanças no Clube do Hardware – junho/2020”. Em conclusão, a lição que fica: é indispensável conhecer pessoas-chave que farão toda a diferença em sua vida. Não existe isso de fazer sucesso sozinho, sem a ajuda de ninguém. E não há como ter sucesso sem perseverança, paciência e planejamento. Veja que foram cinco anos entre eu ter conhecido o Larry e ter finalmente me mudado para os EUA (e trabalhando que nem um louco, é sempre bom lembrar). Ler a parte 13 Ler as demais partes desta série