Introdução
Nós decidimos pegar uma fonte de alimentação “genérica” de 500 W – mais especificamente uma Advanced Electronics FX-500 (também conhecida como ATX-LPJ22-23) – e a testá-la usando a mesma metodologia usada nas fontes de alimentação de “marca”. A ideia por trás deste teste é de ser o mais educativo possível e responder a algumas questões importantes: quanto uma fonte de alimentação genérica realmente consegue fornecer? Quais são as diferenças entre uma fonte de alimentação genérica e uma de “marca”? Corremos algum risco em usarmos uma fonte de alimentação genérica em nosso PC? Porque fontes genéricas custam tão pouco? Continue lendo e veja nossas descobertas.
Nós chamamos de “genérico” qualquer produto simples e barato que nós não conseguimos descobrir qual é o verdadeiro fabricante – normalmente porque o fabricante não quer ser encontrado! No caso das fontes de alimentação, fontes genéricas custam poucos reais (a fonte que testamos custa R$ 50,00) e normalmente vêm de graça em gabinetes mais simples. Nenhuma atenção é dada ao acabamento do produto e elas seguem o tradicional projeto ATX, com uma ventoinha de 80 mm na parte traseira e algumas ranhuras na parte frontal da fonte. Elas são menores e muito mais leves do que fontes de alimentação de “marca”. Na verdade, antigamente quando era difícil encontrar boas fontes de alimentação um macete usado por vários técnicos era escolher a fonte de alimentação mais pesada. Elas também têm uma tomada CA na parte traseira para você conectar seu monitor de vídeo e este recurso não é mais visto em fontes de “marca”.
Figura 1: Fonte de alimentação Advanced Electronics FX-500 (ATX-LPJ22-23).
Figura 2: Fonte de alimentação Advanced Electronics FX-500 (ATX-LPJ22-23).
Aqui nós podemos ver a primeira diferença importante entre uma boa fonte de alimentação e uma fonte genérica: refrigeração. Mesmo quando uma boa fonte de alimentação usa apenas uma ventoinha de 80 mm na parte traseira ela tem muito mais ranhuras na parte frontal (com várias fontes substituindo o painel frontal por uma grade), o que aumenta o fluxo de ar e evita que o seu computador se superaqueça. A fonte de alimentação é um elemento chave na dissipação de calor dentro do micro já que ela é responsável por puxar o ar quente de dentro para fora do micro (através dessas ranhuras), através da ventoinha da fonte de alimentação. Na Figura 3 nós ilustramos isto.
Figura 3: Fluxo de ar e dissipação de calor em um PC típico.
Claro que para diminuir os custos as fontes de alimentação genéricas não têm circuito PFC (leia mais sobre o PFC em nosso tutorial Fontes de Alimentação) e também assumimos que elas têm uma baixa eficiência, abaixo de 70%, mas claro que mediremos a eficiência durante nossos testes com esta fonte de alimentação. Quanto maior a eficiência, melhor – uma eficiência de 80% significa que 80% da potência extraída da rede elétrica é convertida em potência nas saídas da fonte de alimentação e apenas 20% é desperdiçada, o que significa uma conta de luz mais baixa.
Outra principal diferença externa entre uma boa fonte de alimentação e uma fonte genérica são os cabos usados. Fontes de alimentação genéricas usam fios mais finos do que o recomendado, normalmente com bitola 20 AWG. A bitola mínima exigida para os padrões de hoje é 18 AWG. Além disso, as fontes de alimentação genéricas vêm com poucos cabos se comparadas com fontes de “marca”. A fonte de alimentação que testamos, a Advanced Electronics FX-500 (ATX-LPJ22-23), por exemplo, tinha apenas dois cabos, um com dois conectores de alimentação para periféricos e outro também com dois conectores de alimentação para periféricos mais um conector de alimentação para a unidade de disquete, mais o cabo de alimentação principal da placa-mãe e um cabo ATX12V – nenhum conector de alimentação SATA (apesar de algumas fontes de alimentação genéricas terem esses conectores) e nenhum conector de alimentação auxiliar para a placa de vídeo.
A distribuição de potência é também uma diferença muito importante entre fontes genéricas e fontes de “marca”. Fontes genéricas são normalmente baseadas na primeira especificação ATX, que foi desenvolvida na época que a maior parte do consumo do micro era concentrada na linha de +5V. Atualmente o consumo é concentrado nas saídas de +12V, já que o processador (através dos conectores ATX12V e EPS12V) e as placas de vídeo são conectados na saída de +12V, não na saída de +5V. Portanto normalmente as fontes genéricas têm um maior limite de corrente nas saídas de +5V enquanto que as boas fontes de alimentação de “marca” atuais têm um maior limite de corrente nas saídas de +12V. Existe ainda uma diferença principal de como a saída de +3,3V é obtida, mas falaremos sobre isto adiante.
Mas a principal “característica” das fontes de alimentação genéricas é que elas fornecem muito menos potência do que rotulado. A Advanced Electronics FX-500 (ATX-LPJ22-23) é rotulada como uma fonte de alimentação de 500 W (apesar de no site da Advanced Electronics dizer que ela é uma fonte de 230 W) e um dos objetivos deste teste é verificar qual é a potência real desta fonte.
Existem várias maneiras dos fabricantes de fontes de alimentação rotularem seus produtos:
- Rotular a fonte de alimentação com a potência de pico, que pode ser obtida apenas durante alguns segundos e, em alguns casos, em menos de um segundo.
- Medir a potência máxima da fonte com uma temperatura ambiente não condizente com a realidade, normalmente a 25°C, enquanto que a temperatura dentro o micro será sempre maior do que este valor – pelo menos 35°C. Os semicondutores perdem a capacidade de fornecer corrente (e consequentemente potência) com a temperatura (fenômeno conhecido, em inglês, como “de-rating”). Portanto a potência máxima medida em uma temperatura baixa pode não ser obtida quanto a temperatura é aumentada.
- Simplesmente mentir, que talvez seja o caso das fontes genéricas.
Agora que você sabe quais são as diferenças externas entre uma fonte de alimentação genérica e uma de “marca”, vamos ver as diferenças internas.
Respostas recomendadas