

Facebook: modelo de negócios inspirado pela máfia
A lógica de criar uma página no Facebook com a esperança de atrair mais visitantes para o seu site faz sentido, mas há dois problemas.
Primeiro, a maioria dos usuários só lê a chamada para o seu conteúdo e não clica no link para ir ao seu site para ler o conteúdo. Antes do Facebook, o usuário teria de ir ao seu site para ver as novidades. Mesmo que ele não clicasse na chamada do conteúdo, pelo menos ele gerava uma visita. Com o Facebook, essa visita é perdida, fazendo com que o número de visualizações de página caia e, consequentemente, o faturamento do site também caia.
Em outras palavras, se você quiser que os seus sites favoritos continuem no ar, clique nos links e não fique, como tantas pessoas, se informando apenas através de manchetes.
Mas o grande problema é que o Facebook não libera o conteúdo que você gerou para todos os seus usuários: na maioria das vezes, menos de 1% dos seguidores são informados sobre as atualizações do Facebook.
Veja um exemplo real na Figura 1. Essa nossa postagem do dia 21/11/2014 foi vista por apenas 1.525 usuários, sendo que tínhamos 338.913 seguidores nesta data. Ou seja, apenas 0,45% das pessoas que nos seguem receberam essa postagem. Veja mais exemplos reais na parte 2 deste editorial.
Figura 1: apenas 1.525 usuários dentre nossos 338.913 seguidores viram essa notícia (0,45%)
O problema aqui é claro: você segue nossa página no Facebook achando que vai ser informado sempre em que postarmos algo e deixa de acessar nosso site confiando nisso. Todos perdem: deixamos de receber sua visita (o que ocasiona queda em nosso faturamento e, no longo prazo, ameaça a viabilidade do nosso site) e você não é informado sobre novos artigos que são postados.
(Há uma dica que aumenta a probabilidade de você ver nossas postagens, confira aqui; pedimos gentilmente que todos aqueles que gostam do nosso site que façam essa configuração.)
Isso ocorre porque o Facebook limita o alcance do conteúdo que você posta (isto é, a quantidade de pessoas que verão o post). Se você quiser que mais usuários vejam o que você postou, você tem que pagar ao Facebook.
O algoritmo usado pelo Facebook prioriza o que ele chama de “ações” (número de cliques, curtidas, comentários e compartilhamentos), e funciona de forma dinâmica, em tempo real. Quanto maior o número de “ações” de uma postagem no Facebook, mais o Facebook abre a “torneira” e mais gente vê aquela postagem. Porém, se a postagem for algo importante mas que não esteja gerando um número alto de “ações”, ela não será vista por muitas pessoas. É o que, infelizmente, ocorre com a maioria das nossas postagens avisando sobre novos artigos do site, como no exemplo da Figura 1.
Por isso, uma forma de ajudar os sites que você gosta é efetuando “ações” nas postagens, tais como curtir, compartilhar, comentar e clicar no link existente.
O Facebook modifica seu algoritmo frequentemente, normalmente diminuindo o alcance “padrão” para tentar convencer donos de sites a gastar dinheiro com propaganda. No começo de 2014, o alcance que obtínhamos em nossas postagens “normais” era muito maior que o nosso alcance atual. O que é paradoxal: quando tínhamos menos seguidores, mais gente via nossas postagens. Não deveria ser o contrário?
Então vamos entender: você gera conteúdo para o Facebook (que fica para ele de graça) e ainda tem de pagar ao Facebook se quiser que seus usuários (que você enviou ao Facebook e não são usuários que ainda não conhecem a sua página) vejam o conteúdo que você criou. Isso é simplesmente um absurdo. Basta comparar o Facebook ao YouTube, que além de divulgar gratuitamente os seus vídeos, ainda divide a receita publicitária obtida com o vídeo, se ele for popular. O Google (dono do YouTube) estimula que você poste mais vídeos e ajuda na divulgação, pois a empresa quer que você ganhe dinheiro com eles. O Google, através do AdSense, quer que o seu site tenha mais tráfego, de modo que exista mais receita publicitária que será compartilhada com o dono do site. Já o Facebook quer que todo tráfego da Internet passe por eles e que você pague a eles para ter o seu conteúdo divulgado entre os usuários oriundos do seu site. Ou seja, você dá tudo de graça ao Facebook e ainda tem de pagar se quiser que o seu conteúdo seja divulgado corretamente entre os usuários que já são “seus”.
Isso poderia até fazer sentido se essa fosse a única fonte de renda do Facebook. Só que não é. O mesmo tem propagandas nas laterais das páginas (muitas delas sendo golpes, mostrando que o Facebook não tem o menor critério ou controle de quem anuncia) e no meio do seu “feed” de notícias.
Há um excelente vídeo explicando o modelo de negócios do Facebook de forma extremamente didática e que recomendamos caso você queira se aprofundar ainda mais nesse assunto (o vídeo é em inglês mas há legendas em português).
Há ainda fortes suspeitas de fraude na maneira com que o Facebook opera, assunto que abordaremos na última página deste editorial.
É interessante ainda notar como muitos falam que o Mark Zuckerberg é um “gênio”, sem se tocarem que, enquanto o pessoal fica maravilhado com esse susposto gênio, a empresa dele está simplesmente destruindo a viabilidade econômica de sites de conteúdo. E, obviamente, ele quer mais que os demais sites se explodam para que ele possa controlar sozinho a Internet (com 30 bilhões de dólares no bolso, diga-se de passagem).
Deve estar claro para você agora a razão de algumas decisões que tomamos em relação ao Facebook, mas vamos resumi-las na próxima página.
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