Bits e bytes
Há, ainda, duas unidades que não são oficiais do SI, mas que fazem parte de nosso cotidiano. São o bit e o byte. O bit é a menor unidade de informação existente, podendo assumir apenas dois valores, zero ou um, enquanto o byte é o nome dado a um grupo de bits. Na prática, pelo uso, acabou-se convencionando que este grupo é formado pela a aglutinação de oito bits, mas em sua concepção, um byte poderia ser um grupo de qualquer quantidade de bits. O termo técnico mais preciso para um conjunto de oito bits é octeto.
De acordo com a norma IEEE 1541-2002, o símbolo para bit é “b” (minúsculo) enquanto o símbolo do byte é “B” maiúsculo. Muita gente, incluindo publicações e fabricantes, acabam se confundindo e utilizando “b” para byte e “B” para bit. Para dirimir esta confusão, a norma IEC 80000-13:2008, que é a mais recente, define que bit deve ser grafado sempre por extenso, evitando-se, assim, qualquer mal-entendido. Já voltaremos a falar sobre esta norma.
Derivadas dessas duas unidades há outras duas, que servem para expressar a grandeza “taxa de transferência de dados”: o bit por segundo (bit/s, de acordo com a norma IEC 80000-13:2008) e o byte por segundo (B/s). Outras formas como “bps”, “b/s” e “Bps” são encontradas no dia a dia, especialmente em textos mais antigos, mas devem ser evitadas para não causar equívocos.
A grande confusão que temos em relação a bits e bytes refere-se aos múltiplos. Tradicionalmente, tais múltiplos são expressos na base dois. Por exemplo, 1 kB tradicionalmente representa 1 x 210 bytes (1.024 bytes) e 1 MB representa 1 x 220 bytes (1.048.576 bytes). Este sempre foi o entendimento de fabricantes de dispositivos eletrônicos, e esse é o padrão utilizado em eletrônica digital.
Porém, os fabricantes de discos magnéticos utilizam os múltiplos na base dez, tal como na tabela apresentada na página anterior. Assim, para fabricantes de discos rígidos, 1 kB representa 1 x 103 bytes (1.000 bytes), 1 MB representa 1 x 106 bytes (1.000.000 bytes) e assim sucessivamente.
Esse problema fica muito claro quando comparamos grandezas maiores: um disco rígido vendido como sendo de 1 TB é capaz de armazenar 1.000.000.000.000 bytes (1 x 1012), porém um SSD de “1 TB” é capaz de armazenar 1.099.511.627.776 bytes (1 x 240), gerando uma discrepância de 10% e criando uma comparação incorreta entre a capacidade de discos rígidos e SSDs. (É importante notar que alguns fabricantes de SSD estão começando a rotular suas unidades na base dez, tal como ocorre com discos rígidos.)
Para tentar resolver este problema, a IEC (International Electrotechnical Comission, Comissão Eletrotécnica Internacional) lançou a sua norma 80000-13:2008, definindo que, quando um múltiplo estiver em base dois, a letra “i” deve ser adicionada. Assim, 1 kB representando 1.024 bytes deve ser grafado 1 kiB e chamado quibibyte, 1 MB representando 1.048.576 bytes deve ser grafado 1 MiB e chamado mebibyte e assim por diante. Tais múltiplos na base dois são denominados quibinário e os resumimos na tabela abaixo.
Fator | Prefixo | Símbolo |
280 | yobi | Yi |
270 | zebi | Zi |
260 | ebi | Ei |
250 | pebi | Pi |
240 | tebi | Ti |
230 | gibi | Gi |
220 | mebi | Mi |
210 | quibi | ki |
Apesar de esta ser uma excelente ideia para evitar confusões, apenas a comunidade acadêmica e o universo Linux adotou essa padronização (passamos a adotá-la nos artigos do Clube do Hardware a partir de 2013). Infelizmente, fabricantes e publicações, em sua maioria, não utiliza a norma IEC 80000-13:2008. Dessa forma, a nossa dica prática é a seguinte. Capacidades de discos rígidos, resolução em pixels e taxas de transferência, por padrão, utilizam os múltiplos na base dez, tal como no S.I. Já processadores, memórias e capacidades reportadas pelo sistema operacional utilizam os múltiplos na base dois, como na tabela acima. SSDs, por serem formados por chips de memória flash, também utilizam os múltiplos na base dois, porém, como mencionado, alguns fabricantes têm utilizado os múltiplos na base dez, teoricamente para compatibilizar a comparação entre a capacidade de armazenamento de discos rígidos e SSDs.
Apenas para enfatizarmos este ponto, um disco rígido de 1 TB tem uma capacidade de armazenamento de 1.000 GB, o que equivale a 931,32 GiB. É por este motivo que discos rígidos são reportados pelo sistema operacional com uma capacidade inferior à divulgada: os discos são rotulados em base dez, porém o sistema operacional reporta capacidades em base dois. Muita gente acredita, incorretamente, que há “perda” de capacidade quando formatamos um HD. No entanto, não há perda alguma: a capacidade continua exatamente a mesma, a diferença é que o disco rígido é vendido com capacidade na base dez e o sistema operacional reporta a capacidade de armazenamento em base dois, como explicado.
Demos exemplos para os múltiplos usando bytes, mas tudo o que falamos aplica-se igualmente para bits.
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