AMD: análise de 2000 a 2003
O ano de 2000 foi o melhor ano de toda a história da AMD. Infelizmente, 2002 foi um ano péssimo para a empresa, anulando completamente os lucros obtidos em 2000. Este período é marcado também pela a aposentadoria do fundador da empresa, Jerry Sanders, e a entrada de um novo presidente, Hector Ruiz. Informações mais detalhadas sobre cada ano são dadas abaixo.
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2000 |
2001 |
2002 |
2003 |
Faturamento |
US$ 4.644 |
US$ 3.892 |
US$ 2.697 |
US$ 3.519 |
Lucro/(Prejuízo) |
US$ 1.006 |
(US$ 61) |
(US$ 1.303) |
(US$ 274) |
Ativos |
US$ 5.768 |
US$ 5.636 |
US$ 5.694 |
US$ 7.050 |
Dívidas |
US$ 1.297 |
US$ 941 |
US$ 1.941 |
US$ 2.053 |
Valor de mercado |
US$ 4.329 |
US$ 5.390 |
US$ 2.250 |
US$ 5.194 |
Empregados |
13.387 |
14.415 |
12.146 |
7.400 |
Presidente |
Jerry Sanders |
Jerry Sanders |
Jerry Sanders/Hector Ruiz |
Hector Ruiz |
2000: faturamento e lucro recordes
O ano de 2000 foi o melhor da história para a AMD, que obteve o seu maior faturamento (até então) e o seu maior lucro até hoje, de US$ 1 bilhão.
Isso se deu por causa do sucesso do Athlon (K7), lançado em 1999, e do Duron, versão de baixo custo desse processador lançada em 2000, e a entrada em atividade da Fab 30 em Dresden, na Alemanha, fabricando em processo de 0,18 µm (180 nm).
AMD mais uma vez redividiu seus grupos internos, passando a ser chamados produtos principais, que inclui processadores (que manteve-se representando 50% do faturamento da empresa, com faturamento aumentando de US$ 1,4 bilhão para US$ 2,3 bilhões), memórias (34% do faturamento) e outros circuitos integrados (10% do faturamento); produtos de voz, que representou 3% do faturamento da empresa e foi separado em uma nova empresa, chamada Legerity, sendo vendida ainda em 2000 por US$ 375 milhões, sendo que a AMD manteve 10% de participação na nova empresa; e fabricação, que representou 3% do faturamento da empresa, basicamente fabricando os semicondutores da Legerity e da Lattice (que havia comprado a Vantis no ano anterior) sob contrato.
2001: voltando a ter prejuízo
Em 2001, a venda de processadores representou 62% do faturamento da AMD, enquanto que memórias flash e EPROM representaram 29% do faturamento. O grupo de outros circuitos integrados representou 6% do faturamento, e os outros 3% restantes ficaram com a divisão de fabricação. Aqui é importante notar como a AMD passou a depender cada vez mais de sua divisão de processadores.
A empresa teve um prejuízo de US$ 61 milhões, que a administração atribui à queda do faturamento devido ao corte no preço de seus processadores e a queda nas receitas grupo de memórias (flash e EPROM), devido à baixa demanda ocasionada por excesso de estoque de seus clientes.
Em 2001 a AMD inaugurou a terceira fábrica de memórias flash no Japão, em sua joint-venture com a Fujistu (FASL).
Preocupada com a queda na demanda por seus produtos, a AMD apresentou um plano de reestruturação, que incluiu fechar suas fábricas mais antigas no Texas (Fab 14 e Fab 15), que usavam processos de fabricação mais antigos e eram usadas para a fabricação de semicondutores para a Legerity e para a Lattice, mantendo apenas a fábrica mais recente (Fab 25); encerrar as atividades de fabricação de semicondutores para a Legerity e para a Lattice; e redução das atividades na planta de montagem e teste de Penang (Malásia). Com isso, era prevista uma demissão de 2.300 funcionários: 1.000 no Texas e 1.300 na Malásia.
Apesar de ter tido prejuízo, a situação da AMD ainda era relativamente saudável, pois podemos verificar que a dívida contraída para construir a sua fábrica na Alemanha (Fab 30) foi caindo paulatinamente.
A propósito, em 2001 a AMD lançou o Athlon XP.
2002: passagem do bastão
A AMD foi fundada em 1969 por Jerry Sanders, que permaneceu como presidente da empresa até 2002, ano em que resolveu se aposentar. O sucesso escolhido foi Hector Ruiz.
Processadores passaram a representar 65% do faturamento da AMD, enquanto que memórias (flash e EPROM) representaram 28% do faturamento, outros circuitos integrados representaram 6,5% e, finalmente, os serviços de fabricação representaram o 0,5% restante.
O faturamento da AMD despencou em 2002 devido à queda de vendas e ao corte de preço dos processadores. Isso causou um prejuízo violento na empresa, de mais de US$ 1 bilhão, anulando o lucro recorde que ela havia obtido em 2000.
Como você pode ver, a dívida da AMD, que estava diminuindo paulatinamente, deu um salto de US$ 1 bilhão em 2002, por causa da compra de novos equipamentos para a fabricação de processadores.
Em 2001, a AMD comprou a empresa Alchemy (fabricante de processadores de baixo consumo para PDAs e tablets) e chegou a anunciar uma parceria com a UMC para a abertura de uma fábrica de wafers de 300 mm em Singapura e para fabricação de processadores com processo de 0,13 µm (130 nm), fatos ocorridos ainda na gestão de Jerry Sanders. No entanto, esta parceria com a UMC não foi para a frente. Em contrapartida, a parceria com a Motorola iniciada em 1998 foi terminada.
A AMD estava com dificuldade em reduzir a litografia (processo de fabricação) de seus processadores, e com isso foram anunciadas parcerias com a IBM, com a Infineon e com a Dupont Photomasks (atualmente chamada Toppan Photomasks), para também diminuir os custos de pesquisa e desenvolvimento associados à redução do processo de fabricação, em particular para as tecnologias de 65 nm e 45 nm.
As fábricas Fab 25 (Texas) e Fab 30 (Dresden) passaram a ser capazes de fabricar semicondutores usando o processo de 0,13 µm (130 nm).
2003: Hammer time
O ano de 2003 marcou o lançamento do arquitetura AMD64, com os processadores Opteron e Athlon 64, e a compra da família Geode de microprocessadores da National Semiconductor, que foi originalmente projetada pela Cyrix com o nome MediaGX.
O faturamento da empresa aumentou bem, mas ela continuou tendo prejuízo.
No balanço de 2003, a empresa foi dividida em dois segmentos: produtos computacionais (processadores e chipsets), responsável por 56% do faturamento, e memórias, responsável for 40% do faturamento. Os 4% restantes foram provenientes de pagamentos para serviços de fabricação de semicondutores e de produtos de conectividade.
Outros fatos relevantes de 2003:
- A AMD parou de fabricar semicondutores para terceiros.
- Anunciou a criação de uma nova fábrica em Desden (Alemanha), chamada Fab 36, usando wafers de 300 mm, já que sua ideia de construir esta fábrica com a UMC em Singapura não foi adiante.
- Uma nova empresa foi criada para acomodar a FASL, joint-venture da AMD com a Fujitsu para a fabricação de memórias flash, e a AMD ficou com 60% desta empresa, enquanto que a Fujistsu ficou com os outros 40%.
- As unidades de montagem e teste foram divididas entre a AMD e a nova empresa. A AMD ficou apenas com as unidades em Penang (Malásia) e Singapura. As demais passaram a ser da nova empresa.
- O número de funcionários caiu enormemente, mas isso se deve ao fato de os funcionários envolvidos com a fabricação de memórias flash terem sido alocados para essa nova empresa.
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